Como anti-pólo em relação ao isolamento radical, à intocabilidade do amor recusado, essa existência é portadora da possibilidade do contato com todos os outros homens, do contato com o próprio amor divino, de modo que o "ser-homem" como que encontra o seu lugar geométrico no seio da auto-existência de Deus. Naturalmente essas duas possibilidades do homem, expressas nas palavras "céu" e "inferno", são de espécie completamente diferente do que o seriam as humanas 150 possibilidades, e mesmo completamente diversas entre si. O abismo a que chamamos Inferno, só o homem pode dá-lo a si mesmo. Aliás, cumpre exprimi-lo mais fortemente: o inferno consiste formalmente no facto de o homem não querer aceitar nada, de querer ser totalmente autárquico. É a expressão do trancar-se no puramente próprio. Por conseguinte, a essência desse abismo consiste em não querer o homem aceitar, em não querer tomar, preferindo apoiar-se completamente em si mesmo, bastar-se a si mesmo. Atingindo a sua última radicalidade, o homem torna-se o intocável, o solitário, o recusado.
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