sábado, setembro 29, 2007

बंदो डी Hipócritas

Ao escutar as dificuldades de uma mulher que tenta educar sózinha a sua filha de três anos , lembrei-me deste post.

Ela tem esta filha por um gesto de generosidade quase heróica.

Mas há uma hipocrisia social que enjoa.

Algo de extraordinário se está a passar na Birmânia.
Não é apenas a repressão violenta de um regime totalitário sobre as aspirações de liberdade.
Não é apenas esse esforço de resistência ser protagonizado por monges budistas pacifistas.È o impacto que certas imagens têm na consciência global e o aparecimento de novas formas de resistência através das novas tecnologias da informação.

Entretanto, enquanto escrevo, uma das prioridades do governo birmanês é desactivar tudo o que permita ligações à Internet

Dia Europeu contra a Pena de Morte, a 10 de Outubro.

Boas notícias - apesar dos seus esforços, os catolicíssimos gémeos polacos não puderam impedir que a Europa tenha Dia Europeu contra a Pena de Morte, a 10 de Outubro.

A reaccção dos polacos Não é de estranhar, já que, como recordou o líder bancada socialista, o presidente polaco é um saudosista da pena de morte. Lech Kacznski tinha afirmado recentemente ser ter sido, ser e continuar a ser "favorável à pena de morte. Regressar à pena de morte na Europa não é possível, hoje em dia, mas espero" - disse - "que, no futuro, haja um clima mais favorável."

Nas bancadas, um eurodeputado polaco replicou imediatamente a Martin Schulz, acusando-o de "censura". Konrad Szymánski defende - tal como o governo polaco já fizera - que, para discutir o humanismo na Europa, não basta falar da pena de morte. É preciso avançar para uma discussão sobre o aborto e a eutanásia também.”

Ou seja, os defensores da proibição total do aborto são a favor da pena de morte.
O que tem todo o sentido. Afinal, para eles a vida humana nada conta. Só a vida dos embriões tem valor.

sexta-feira, setembro 28, 2007


Mães à beira de um ataque de nervos


Primeiro dia de escola do nono ano. - Directora de turma solícita tenta a integração e o conhecimento dos novos miúdos, com o preenchimento das fichas previsíveis.
Pergunta:
- Qual a tua relação com a escola?
Resposta em caligrafia cuidadosa.
- Uma relação de divórcio com problemas por resolver.
Primeiro dia de escola do nono ano.
Directora de turma solícita tenta a integração e o conhecimento dos novos miúdos, com o preenchimento das fichas previsíveis.
Pergunta:
- Qual a tua relação com a escola?
Resposta em caligrafia cuidadosa.
- Uma relação de divórcio com problemas por resolver.

Mães à beira de um ataque de nervos

Ao beber um chá ao fim da tarde, deixei a chávena poisada na mesa enquanto acorri a uma solicitação do filho mais novo. Quando voltei para beber apercebi-me que a chávena estava praticamente vazia.
- Meninos, quem bebeu o meu chá?
- Fui eu mãe, mas não to roubei, foi por pena. Vi a o chá aí sozinho na mesa e pensei – haverá alguma coisa mais triste que uma chávena de chá sozinha, sem ninguém para o beber?

sábado, setembro 22, 2007

मिस Uma

Um homem terá morto hoje a mulher e depois tentou suicidar-se logo de seguida através de enforcamento perto da localidade de Matas do Louriçal, disse fonte policial.

O caso sucedeu cerca das 09:00 de hoje e a mulher terá morrido vítima de estrangulamento após uma discussão com o cônjuge
Não se trata de gostar ou não gostar do formato de um blogue.
Quando se descrevem num Blogue chamado confessionário situações explícitas e concretas reveladas em confissão - ainda que sejam alegadamente fictícias - fica sempre no ar a suspeição de que um padre está a violar publicamente o segredo da confissão.
Por mais " capacidade ficcional" que o referido padre tenha, a forma como essas situações são descritas e apresentadas têm subjacente a ideia de que o segredo da confissão não existe e que a intimidade das "paroquianas",
assim descrita despudoradamente tende a ser objecto de devassa mais ou menos voyeurista.
Não é por acaso que os reincidentes comentadores e utilizadores nas caixas de comentários assumem estes relatos de confissões como "verdadeiros".
Sei, da minha experiência de escrita, que o que quer que se construa em termos ficcionais se baseia sempre em realidades, filtradas aqui e acolá, captadas sobre factos verídicos e pessoas concretas.
Não há relatos completamente ficcionados.
A imagem que este blogue dá, enquento reflexo da realidade, é que o "confessionário" não virtual é um lugar privilegiado das coscuvilhices mais ou menos obscenas, que os padres devem comentar entre si e que são aqui divulgadas por um padre, para delícia dos leitores.
Por isso mesmo, acho que este blogue tem um importante papel terapêutico -
afasta ainda mais as pessoas dos confessionários e das confissões "reais".
E quanto ás caixas de comentários, sao igualmente reveladoras de um certo tipo de"Moral paroquiana", com revelações que mereceriam análise aprofundada por parte da hierarquia - desde maridos catolicamente infieis, passando por beatas que falam dos seus "affaires com padres" até denúncias de abusos sexuais de padres sobre mulheres fragilizadas, tudo em tom de revelação banal.
Enfim, a moral católica no seu esplendor de hipocrisia só possível num confessionário virtual.
Já agora, não deixa de ter a sua piada ( outras interpretaçõe são possíveis) que os relatos de natureza sexual "em confissão" são sempre no feminino.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Perguntas

Em dois casos recentes de brutais homicídios em Portugal os autores tinham sido previamente diagnosticados com depressão e estavam sob medicação psiquiátrica.
E ninguém investiga que protocolo farmacológico estavam a fazer?

Não necessitariam estas pessoas de internamento e de monitorização clínica mais eficaz?

São casos absolutamente imprevisíveis?

Tudo bons rapazes

Em Portugal a violência contra as mulheres atinge proporções catastróficas. Num só dia duas mulheres foram assassinadas pelos companheiros perante a complacência geral. Num caso a origem da morte, à frente dos filhos, foi a propósito de divergências sobre a educação dos mesmos.
O homem ter-se-á entregado à polícia com uma expressão do mais puro narcisismo:
estraguei a minha vida” ( e a vida dela??)

O outro caso, igualmente macabro, ontem de manhã, mesmo aqui ao lado, envolve dois estudantes universitários em Coimbra. A jovem, de vinte anos. Foi atacada á facada por terminar uma relação amorosa e deixada a agonizar numa valeta.
O assassino voltou ao local do crime, acompanhado pelos militares da GNR, mostrando-se “calmo, descontraído e por vezes sorridente".
Estamos a falar de pessoas jovens, aparentemente normais, com vidas estáveis, socialmente integrados. Mas a violência das relações passionais dirigida contra as mulheres tem algo de permanente na nossa sociedade e aprece agudizar-se quando as mulheres dão como garantidos os seus direitos de autonomia e autodeterminação.
A complacência social face à violência masculina mantém-se com discursos de justificação ou desculpabilização dos agressores cujos actos são descritos como “tresloucados” e os assassinos “BONS RAPAZES”.Em Espanha, os crimes contra as mulheres são levados bem mais a sério.

segunda-feira, setembro 17, 2007

Confesso, eu que sempre fui avessa a números e contabilidades, dou por mim rendida à lógica imperturbável do cálculos matemáticos. Há um espécie de poesia invisível na forma como os números se alinham e permitem interpretar o real de uma forma objectiva, mesmo para questões que o senso comum coloca na esfera da mais pura subjectividade. Passei parte das férias rodeada de livros de cálculos e bases de dados e agora tudo me parece fazer sentido como um fio condutor que de repente fica claro. Evidentemente que ainda existem muitas questões em aberto.
Sinto-me tão feliz por isto!
Resta-me escrever.
Naquela manhã os miúdos foram às escondidas espreitar a moribunda. Nunca tinham visto uma quase morta e a casa estava assim, numa agitação, a porta entreaberta, a família, visitas e amigos que entravam e saíam em compungido silencio, á espera de qualquer coisa. Antigamente, as mortes dos velhos eram assim, em velhas casas de família, com todo um ritual de luto antecipado e uma espécie de liturgia comunitária.
As crianças tinham apanhado aqui e ali a conversa dos adultos e uma coisa era certa – a velhota agonizava.
Com o coração aos pulos subi a escada movida por uma curiosidade que nunca sentira. O que era morrer? Como eram as pessoas quase mortas?
De mansinho empurrei a porta entreaberta e entrei no quarto sem que ninguém reparasse. Lá dentro, uma agitação silenciosa. Várias mulheres moviam-se na sombra. E então, de peito cheio de ar enfrentei o rosto da moribunda. De boca entreaberta, um tom de pele inerte, feia, feíssima na repulsão da agonia, fitava-me com uns olhos baços cobertos de uma película esbranquiçada que me nauseou. Respirava ainda, num estertor sussurrante, que se misturou com o cheiro do quarto (o cheiro a morte colado ás paredes) e o grito súbito de uma das mulheres a enxotar-me para que não visse aquilo. Mas vi, desci as escadas em turbilhão com um vómito retido e a imagem da película baça a escorrer dos olhos da quase morta revolvia-me o estômago.

Então a morte era isto, um vómito, uma película repugnante no olhar.
E de repente, misturada com a náusea, senti uma alegria animal, uma exaltação inebriante completamente nova. Larguei a correr até me faltar o ar e o coração explodir na garganta só para sentir os pulmões cheios de vento, as pernas e os braços a mexerem-se em liberdade. Quando parei, exausta, transpirada e inebriada de sensações luminosas dos meus seis anos, percebi de súbito a causa da euforia.
Ainda bem, és tu velha que estás morta, eu estou viva, estou viva, estou viva.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Santos ateus



"Onde está minha fé, inclusive aqui no mais profundo não há nada, meu Deus, que dolorosa é esta pena desconhecida. Não tenho fé

"Trabalho para quê? Se Deus não existir, não pode existir alma. Se não existir alma, então, Jesus, Tu também não és verdade".

Teresa

Nota - para alguns, cinquenta anos de aterrador vazio , dúvidas sobre a existência de deus e silêncio, não é uma crise de fé. mas a prova da existência da divindade.

Um completo absurdo.

The beginning is a very delicate time

quinta-feira, setembro 13, 2007

Fundamentalistas


O que é comum nos crentes fundamentalistas de qualquer religião é a incapacidade de ler com distanciamento a mais simples análise crítica às suas crenças ou simbologias religiosas.
Basta lembrar o caso das caricaturas sobre maomé (em versão lusa tivemos a questão da caricatura do papa com um preservativo no nariz, que fez correr tanta tinta e até apelos à "censura"...).

A diferença entre os fundamentalistas cristãos e islãmicos não é assim tanta - em boa verdade os argumentos de uns e outros sobre questões essenciais, como o laicismo do Estado, os direitos humanos, as questões de género, a bioética ou o discurso sobre a ciência são rigorosamente iguais.

Os discursos centrais do fundamentalismo pretendem impedir a separação da religião e do Estado, a interpretação crítica dos "livros sagrados" ou da teologia oficial, ou "o respeito pela liberdade de consciência, de pensamento, de expressão, de reunião, de associação, "o direito à crítica da religião", à mudança de religião e à não crença, a igualdade dos sexos e dos seus direitos, "a distinção entre ética civil e ética religiosa".

De igual forma, o "fundamentalismo religioso" impede qualquer leitura mais reflexiva sobre dados históricos relativos aos seus ícones, ou a questões relacionadas com os seus percursos de fé. A fabricação de mitos e de ícones sagrados ( os santos, os profetas e os mártires) corresponde uma lógica delirante de fabricação de sinais que sustentam o sistema de crenças, que podem ser completamente desligados da realidade cognoscível.


E é este exercício permanente de "defesa agressiva" que caracteriza os deentores das verdades absolutas em matéria de fé.

Verdades absolutas até sobre as radicais dúvidas dos outros.

terça-feira, setembro 11, 2007

Inocência

Deve haver profissões em que se perde a inocência, sobretudo aquelas em que mais se lida com a sordidez humana nas suas mais variadas formas. Suponho que a investigação criminal seja uma delas. Lidar com factos destes deve deixar em qualquer investigador judicial uma ausência absoluta de crença no ser humano e uma secreta convicção que todo a gente é capaz de tudo – basta ter os contextos, as motivações e as oportunidades.
Há outras profissões bem mais insuspeitas em que o cinismo do conhecimento da realidade humana faz com que ao olhar os outros se veja sempre para lá das aparências ditadas pela conveniência social e se adivinhem os desvios ou as fragilidades.
Mesmo assim, até na brutalidade, há sempre qualquer coisa de desconhecido em cada pessoa humana que surpreende os mais cínicos. Para o bem e para o mal.
Todos os media nos bombardeiam com informações sobre maggie e a presumível culpa dos pais.
Não sei bem onde pára a presunção de inocência e acho tenebrosa esta lapidação pública através dos media.
Posto isto, devo dizer que o rosto daquela mãe nunca me convenceu.
Trata-se de uma questão de puro senso comum - alguém seria capaz de deixar sózinhos e sem qualquer vigilãncia dois bébés pequeninos e uma criança de quatro anos num apartamento de portas abertas e ir tranquilamente jantar fora?