sábado, setembro 22, 2007

Não se trata de gostar ou não gostar do formato de um blogue.
Quando se descrevem num Blogue chamado confessionário situações explícitas e concretas reveladas em confissão - ainda que sejam alegadamente fictícias - fica sempre no ar a suspeição de que um padre está a violar publicamente o segredo da confissão.
Por mais " capacidade ficcional" que o referido padre tenha, a forma como essas situações são descritas e apresentadas têm subjacente a ideia de que o segredo da confissão não existe e que a intimidade das "paroquianas",
assim descrita despudoradamente tende a ser objecto de devassa mais ou menos voyeurista.
Não é por acaso que os reincidentes comentadores e utilizadores nas caixas de comentários assumem estes relatos de confissões como "verdadeiros".
Sei, da minha experiência de escrita, que o que quer que se construa em termos ficcionais se baseia sempre em realidades, filtradas aqui e acolá, captadas sobre factos verídicos e pessoas concretas.
Não há relatos completamente ficcionados.
A imagem que este blogue dá, enquento reflexo da realidade, é que o "confessionário" não virtual é um lugar privilegiado das coscuvilhices mais ou menos obscenas, que os padres devem comentar entre si e que são aqui divulgadas por um padre, para delícia dos leitores.
Por isso mesmo, acho que este blogue tem um importante papel terapêutico -
afasta ainda mais as pessoas dos confessionários e das confissões "reais".
E quanto ás caixas de comentários, sao igualmente reveladoras de um certo tipo de"Moral paroquiana", com revelações que mereceriam análise aprofundada por parte da hierarquia - desde maridos catolicamente infieis, passando por beatas que falam dos seus "affaires com padres" até denúncias de abusos sexuais de padres sobre mulheres fragilizadas, tudo em tom de revelação banal.
Enfim, a moral católica no seu esplendor de hipocrisia só possível num confessionário virtual.
Já agora, não deixa de ter a sua piada ( outras interpretaçõe são possíveis) que os relatos de natureza sexual "em confissão" são sempre no feminino.

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