sábado, fevereiro 26, 2011

Lupanares abençoados

Para algumas mulheres o casamento, 'inda que abençoado por deus  e destinado ao sagrado dever da procriação, pode ser uma espécie de prostíbulo.
 O texto da anna "fecha-te sésamo" é tristíssimo - a antítese das mil-e-uma-noites.

Rad Trads

O diálogo e a conversão do integrismo católico mais radical tem sido uma preocupação de Bento XVI.
A abertura à reintegração dos excomungados lefebvrianos, foi o ponto de partida. È certo que o diálogo com fundamentalistas é sempre difícil e moroso.
Mas as discussões "doutrinárias " com a  FSPX assentam numa base irredutível, conforme explica o La Croix:
L’objectif de Rome est de ramener une partie des intégristes au sein de l’Église, tout en restant ferme sur le caractère non négociable de Vatican II."
Em França, devido à presença de uma extrema-direita bastante combativa, as tensões com os integristas católicos levaram no ano passado a uma reunião do presidente da Conferência Episcopal Francesa com o papa: 
"C’est dans ce contexte que, lundi 18 janvier, la présidence de l’épiscopat français a été reçue en tête-à-tête trente minutes par Benoît XVI. Étaient présents son président, le cardinal André Vingt-Trois, archevêque de Paris, son vice-président, Mgr Hippolyte Simon, archevêque de Clermont (1) et son secrétaire général, Mgr Antoine Hérouard.
Un rendez-vous traditionnel – il a lieu après chaque assemblée plénière, mais qui a permis cette fois d’évoquer une année marquée par une série de crises qui ont secoué l’Église. Benoît XVI a été attentif, manifestant une réelle connaissance des dossiers. Les suites de la levée des excommunications furent bien évidemment abordées. Les évêques français regrettent aujourd’hui de n’en avoir été informés que fortuitement. « Prévenus à l’avance, nous aurions pu préparer le terrain » affirment-ils aujourd’hui.
Si les demandes de célébrations en rite extraordinaire (préconciliaire), autorisé par le motu proprio Summorum pontificum n’ont pas explosé, des groupes utilisent néanmoins ce texte, pratiquant la surenchère systématique et agressive, avec des moyens militants, en se réclamant du pape. Les évêques, donnant les exemples des diocèses de Strasbourg et Versailles, particulièrement touchés, s’en sont ouvert lundi 18 à Benoît XVI. « S’il ne s’agit que de petits groupes isolés à ramener au bercail, il faut les traiter avec respect, disent-ils. Mais s’ils cherchent à faire du prosélytisme au détriment du rite de Paul VI, c’est différent. » Un cardinal de curie français a ainsi été malmené publiquement par de jeunes intégristes, à Bordeaux et à Lyon. Au fond, note un évêque, « l’attitude de ces groupes relève d’un relativisme moderne : ils choisissent l’autorité à laquelle ils se soumettent, se réclamant du pape, qui est loin, au détriment des évêques, qui sont proches ». Pourtant, les évêques sont nommés par le pape et sont en communion avec lui. La démarche des groupes contestataires s’enracine, selon les évêques, dans un terreau idéologique et politique proche du maurassisme. Mais « Maurras est peu connu au Vatican… »
Benoît XVI l’a redit aux évêques : il n’existe qu’un seul rite, romain, avec deux formes, ordinaire et extraordinaire. Son motu proprio ne concerne a priori qu’un petit nombre de personnes, familières du latin, troublées par le passage rapide au rite de Paul VI. Pour Benoît XVI, l’unité de l’Église passe par la reconnaissance de la richesse de son patrimoine liturgique, avant et après Vatican II, dans une continuité à laquelle il est très attaché.Mais, avec ces groupes militants, les évêques français se trouvent face à la revendication d’une nouvelle liturgie. Ils rappellent que le pape célèbre lui-même tous les jours, en communion avec les évêques du monde entier, selon le rite de Paul VI. Et que dans ces affaires, c’est l’autorité de l’évêque, gardien de la liturgie dans son diocèse – qui se trouve défiée."
Um ano passado,  a pressão agressiva do integrismo católico contra o  Concílio Vaticano II tendo como pretexto a Missa tridentina, tem tido amplo eco no Vaticano. Convém ter este contexto para compreender a necessidade sentida por Bento XVI para "eslarecer" em definitivo as condições de celebração  da missa segundo o rito extraordinário. Para os fundamentalistas católicos a "liberalização" da forma tridentina seria um direito sem limites, sem quaisquer orientações pastorais ou necessidade de autorização do seu Bispo. Aliás, o objectivo (completamente lunático) destes grupelhos é a abolição do rito ordinário, considerado sacrílego.
Ora o entendimento do Papa está nos antípodas deste desvario. E um documento formal do Vaticano irá brevemente colocar um ponto final nessas pretensões absurdas.
Claro que isto está a gerar alguma histeria antecipatória nos aficcionados integristas do costume.Adivinham-se rezas e flagelações.

uma questão de direitos humanos

O feminismo é sempre e apenas uma questão de direitos humanos.
ou lá.

terça-feira, fevereiro 22, 2011

os novos do restelo - a geração mimada

Ontem, na TVI,  três elementos da geração rasca tiveram oportunidade de questionar o sapiente Marcelo Rebelo de Sousa com perguntas pretensamente inteligentes.
Atenção que os jovens são todos da mesma linha - liceu francês e tal, betinhos atè à quinta casa, quiçà monárquicos, cursos clássicos e tal, portanto os representantes de uma certa "casta" que daqui a uns anitos pode governar este país.
E que é que os marmanjos perguntam ao oráculo do regime? Questões políticas? Causas universais? Preocupações com o país? Angústias ambientais? Qualquer coisita que tenha um laivo  de ideologia, de preocupação pelo outro ou de simples sonho comunitário?
Nada disso - os dois primeiros falaram apenas preocupação com os respectivos tachos - como se isso fosse uma preocupação universal. A primeira, caloira em direito quer limitar a entrada no curso aos futuros aloiros ( agora que já está na faculdade, quantos menos entrarem menos competição terá no mercado de trabalho). O betinho do colégio francês que até vai estudar no estrangeiro (noblesse oblige) aflige-se por não ter um tacho à medida quando voltar. E aqui se esgotam a pobres cabecinhas...
O umbiguismo narcísico das tais elites formadas pretensamente para servir a comunidade.
A terceira rapariga  quiz questionar  o oráculo sobre a indiferença dos jovens para com a política.
Marcelo falhou no alvo. Deveria ter respondido o óbvio - os jovens desinteressam-se pela política porque  a coisa pública não tem sentido para eles. Os outros, o grupo, a comunidade, a amizade a solidariedade, são coisas inúteis.Tudo se resume aos seus pequeninos interesses e satisfação dos seus caprichos.Uma geração mimada. Uma geração falhada. São estes gajos que irão legislar a eutanásia, não tenho a menor dúvida.

Menina dos Olhos Tristes

segunda-feira, fevereiro 21, 2011

Recado para os deolindos

O limiar entre a corriqueira maleita e a doença muito grave é ténue, tão ténue que é um verdadeiro milagre andarmos por aqui.  Qualquer gajo que acabe um turno de 16 horas nas urgências sabe isto. No resto do tempo, esforça-se para o esquecer.
Milagre é estarmos vivos, o resto são minudências.

da vida das pessoas

Ricardino mantém o riso de criança.
 È raro mas acontece, alguns velhos conservam até ao fim da mais extrema ausência toda a frescura de um recém-nascido.
São felizes  com o periquito matinal, riem descarados face a um limoeiro, espantam-se com as miudezas dos dias.
Nenhuma sombra, nenhum rancor, nenhuma agridoçura.
Quando compoem a boina sobre os cabelos vagos fazem-no precisamente com os mesmos gestos de quando tinham seis anos, um misto de garridice desajeitada e medo do frio - sim minha mãe, já puz a boina.
Tenho este defeito - gosto dos velhos.

terça-feira, fevereiro 15, 2011

Mistério

Atravessamos o tempo.

O piano

A irmã cecília tinha olhos azuis e o rosto avermelhado das ruivas delicadas.
Em boa verdade não tenho a certeza se era ruiva - o tchador religioso tapava-lhe completamente a côr dos cabelos.
As aulas de piano eram como ela, muito lentas, absorventes, avermelhadas de alguma impaciência, solfejos e peças  a quatro mãos, o ribombar do piano na sala de música que ficava no último andar (donde se via o rio e algumas aves pálidas), o marfim da carne das teclas, a irmã cecília a sorrir sozinha de olhos fechados enquanto acompanhava a música sem olhar a pauta, o tchador a oscilar sem que uma única madeixa espreitasse a luz (eu estava convencida de que era careca e que usava o véu por vergonha ),  
Um dia explicou-me que não se chamava mesmo cecília mas um outro nome qualquer  - quando se tornou freira escolheu o nome cecília por ser a santa padroeira dos músicos,  que morreu a cantar.
Parecia-me muito triste ter um nome de alguém que morreu a cantar, mas desde então fiquei convencida que santa cecília tem olhos azuis, o rosto avermelhado das professoras de piano,  uma doçura muito leve na forma de solfejar pautas e uma luminosa careca celestial.

Foi um bom dia

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Restolho

O que há de mais tenebroso nos blogues fascistas de extrema direita portugueses são as caixas de comentários. Encontra-se  de tudo, até simpáticas fantasias de  violação de mulheres.

Proibição do casamento de militares

"O comando militar não é, a meu ver, compatível com nexos internos de comunhão de vida, os quais introduzem um grão de areia na engrenagem hierárquica, para além de plausível desconforto nos camaradas do elemento menos graduado. Simetricamente, esta cadeia de subordinação contraria o ideal de paridade que está apregoadamente presente no matrimónio."

Ou seja, militares e forças militarizadas e policiais deveriam ser solteiros forçosamente ou proibidos de casar entre si.
Anote-se que tem existido um aumento significativo de casamentos dentro destes grupos, constituídos, na sua maioria, por homens e mulheres jovens em idade núbil.

Ligação directa

A base do Bloco - os bobo, os media e a estudantada - não chega para aguentar o barco, porque o mar encapelou. O caderno comestível do Bloco e proxy - LGBT, padralhada, toiros e milhos verdes- também não.


É a ordem natural das coisas
http://marsalgado.blogspot.com/

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Quando eu for grande

Gostava de fazer conferências assim:

A geração rasca quer tacho

Mas já estão todos ocupados pelos gajos que se estafaram a trabalhar que nem doidos nos últimos vinte anos.
Fizeram mais do que trabalhar que nem doidos para aguentar este país - dos seus impostos pagaram-lhes as contas dos infantários, os cuidados médicos integrais,  a saúde gratuita,  as vacinas e medicamentos,  e todo a escolaridade até á universidade, mestrados incluídos.
E agora é um ai jesus, que os moçoilos não arranjam emprego compatível com o canudo, taditos, nem podem parir crianças porque custa caro pagar-lhes os artefactos tecnológicos que precisam para sobreviver, nem podem  saír de casa dos pais ( os tais bandidos que os espoliaram) onde continuam a parasitar,   e cá andam eles pelos blogues, a choramingar,  de rastos, a cantarolar deolindas, sem férias nas caraíbas, sem saltadas românticas de fim-de-semana-em-nova-york, sem casas decoradas como na tV dos famosos, a culpa não é deles, coitados mas é certamente de quem fomentou a ideia do plasma em cada quarto, sala e cozinha e mais um telemóvel em cada bolso sem os quais não podem sobreviver.

Adivinham-se novas  propostas da geração rasca: eutanásia compulsiva para os maiores de quarenta.

As contas da dona isilda

Eu não tenho dúvidas – não gosto de mulheres mortas.
Em cada minuto, uma mulher morre no mundo por complicações relacionadas com a  gravidez, parto ou aborto sem assistência médica.
São mais de meio milhão de mortes por ano.
 São mulheres saudáveis, que se encontram no auge de suas vidas, com potenciais de vida que são subitamente perdidos com a morte prematura que tem uma causa, quase sempre, evitável. A morte materna é um dos mais sensíveis indicadores das condições de vida de uma população.
99% dessas mortes acontecem nos países em desenvolvimento onde as mulheres não têm acesso a cuidados médicos durante o parto, aborto seguro e contracepção eficaz.
Calcula-se que anualmente aproximadamente outros 18 milhões de mulheres ficam com lesões irreversíveis ou com doenças crónicas permanentes devido a complicações relacionada com gravidez, partos e abortos. Por falta de acesso a informações e contraceptivos e pela realização de abortos inseguros, o risco é mais elevado para as jovens entre os 15 e os 19 anos. A taxa de mortalidade nessa faixa etária é duas vezes maior que a das mulheres entre 20 e 24 anos. Por outras palavras, para muitas meninas e adolescentes, a gravidez é quase uma sentença de morte.
Tanto a Conferência do Cairo como a Conferência de Pequim , que afirmaram  direitos fundamentais das mulheres na autodeterminação, igualdade e saúde sexual e reprodutiva - direito à educação sexual, à contracepção eficaz, ao aborto seguro, à autodeterminação sexual  -  esbarraram com uma santa aliança – o Vaticano, os estados islâmicos e alguns países católicos da América latina recusarem aceitar o documento em nome de princípios religiosos.
Vaticano, Malta, Irão, Egipto, Sudão, Kuwait, Iraque, Indonésia, Omã, Bahrein, Marrocos, Tunísia,Jordânia, Paquistão, Afeganistão, Bangladesh, Síria, Líbano, Malásia, Líbia,Argélia, Emirados Árabes Unidos, Catar, Iêmen, Equador, Peru, Argentina, República Dominicana, Costa Rica, Venezuela, Nicarágua, Benin e Honduras opuseram-se a qualquer menção de expressões como “orientação sexual” e “direitos reprodutivos”.
Formou-se uma identidade discursiva entre Estados muçulmanos, o Vaticano e os Estados católicos da América Latina. Embora islamismo e catolicismo se tenham afirmado, em muitos momentos históricos, como discursos excludentes, fundados em princípios incomunicáveis, constituíram, no Cairo e em Pequim,  um consenso marcado pela unidade. Esta identidade entre muçulmanos e católicos, descoberta no Cairo, fundou-se especificamente na questão da condição das mulheres.
Inicialmente declarado pelo Papa João Pulo II, o discurso acerca dos papéis sociais femininos determinados pelos textos sagrados, foi sendo referendado e repetido por cada um dos líderes islâmicos presentes na Conferência  (Royals, 1994, p.2). O discurso que católicos e muçulmanos defenderam no Cairo e em Pequim trouxeram de volta à arena política os fundamentos do discurso medieval acerca da diferenciação de papéis entre homens e mulheres.
O Vaticano e seus aliados muçulmanos opuseram-se especialmente contra a agenda de saúde e direitos reprodutivos. Tal agenda, segundo o discurso destes Estados, apresentava-se em desacordo com os modelos culturais e religiosos que definiam suas políticas nacionais para as mulheres.
Os Estados que defenderam os valores católicos e muçulmanos perceberam que partilhavam de uma visão comum sobre ao papel social da mulher, descrevendo a a mulher a partir de sua função principal, ou  seja,  a reprodução. A mulher foi entendida como um ser naturalmente preparado para a procriação. Sua participação social devia, portanto, estar subordinada ao seu papel central de reprodutora.

Ligação directa

"Eu não tenho dúvidas: não gosto de mulheres tapadas. Pior, tenho medo delas.  Algumas freiras também me assustam bastante.  A primeira vez que vi uma mulher completamente tapaa foi num corredor de hotel, meio escuro, e era só ela e os véus dela e a máscara de cabedal dela. Um susto!  Depois, à medida das viagens, fui-as vendo em vários outros sitios e nunca me habituei. Não é propriamente delas que tenho medo. É o medo primário, abdominal, de saber que poderia ser como elas. Não sei se os homens alguma vez pensam nisso, na hipótese de terem de tapar o corpo e a cara, de não poderem votar como a outra metade, de terem de ter autorização superior (pai, cônjuge, o que for) para viajar, trabalhar, fazer uma série de outras coisas sobre as quais  me parece normal decidir por mim.  Mas não é um dado adquirido. Quando eu nasci, e não tenho assim tantos anos, em Portugal todas essas proibições e autorizações eram pedidas às mulheres que, mesmo sendo adultas, tinham um dono. Eu não me esqueço disso e não me esqueço do que seria a minha vida se tivesse nascido um pouco mais a sul. "
http://www.a23online.com/2011/02/07/a-hipocrisia-dos-cotas-que-se-comovem-com-a-musica-dos-deolinda/

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

Os velhos

"Esses movimentos não parecem trazer respostas novas para problemas novos, ao contrário, buscam antigas fórmulas para problemas que não são os da contemporaneidade, parecem “vinho velho em velhos odres”. Sob o prisma de tais movimentos, seria o cristianismo incompatível com a modernidade democrática, com a liberdade (como autonomia), com a igualdade (traduzida como reconhecimento das diferenças, da especificidade desejante, dos conflitos e contradições comuns, condições de possibilidade de crescimento) e com a fraternidade (enquanto solidariedade na ação conjunta dos projetos coletivos e no enfrentamento das vicissitudes na esteira do devir)?
Ampliando nosso ponto de vista, pensamos que não, juntamente com diversos autores que propõem a superação do Paradigma Tridentino e a construção de uma nova realidade eclesial."

domingo, fevereiro 06, 2011

A geração rasca

A geração rasca preocupa-se em não arranjar rapidamente um emprego de escritório que permita ter acesso ao consumismo volátil. Os deolinda cantam um hino  para uma geração indolente, sem grandes sonhos e nenhum sentido comunitário. Os seus avós morriam como cães numa guerra inútil, ainda acreditavam nos deveres e na pátria. Mas isso eram outros tempos.
Como em todas as guerras eram os pobres que morriam.
Na reportagem implacável, um homem nu,  esfacelado,  geme em agonia durante meia hora até morrer. Grita "matem-me, matem-me", mas nenhum dos companheiros tem a coragem de lhe dar um tiro, quarenta anos depois, ainda dormem com os gritos dele nos ouvidos e o remorso de não o ter matado.
A Deolinda cantarola e emociona os mesmos, décadas depois - todos sabem que os filhos queridos do regime não andavam pelo mato, nem a elite intelectual da oposição que punha os filhos longe da guerra em países francófonos, os mortos eram os camponeses, os mais pobres de portugal,  a maioria analfabetos, atirados como animais para o meio do mato, a defender a pátria de minho a timor, matem-me, matem-me, onde  fizeram, eles próprios, atrocidades sem nome, como em todas as guerras,
os deolinda cantarolam,  emocionando uma geração rasca, que nunca lutou por nada a não ser pelo seu próprio bem-estar imediato, não pagamos, não pagamos, e aposto que muda de canal horrorizada com o mau gosto da reportagem, enquanto se lamenta não ter um emprego bem pago para comprar a casa de sonho, um carro mais cool ou os sapatos Manolo Blahnik, no tempo do salazar é que era bom,
matem-me, matem-me.

Sad Rad Trads

Não sei porquê mas hoje lembrei-me do rubicundo francisco e da sua farda novecentista de cura de aldeia.
Uma boa alma, perdida nas armadilha das vaidades  eclesiásticas.
È que os rostos dos "jovens" neocons do regime, além de velhos (do restelo),  são em regra demasiado patibulares, de uma feiura estarrecedora  a lembrar os quadros  de Bosh.
Sei que as visões do céu e dos infernos que os atormentam são também um reflexo boshiano, um mundo extravagante de visões oníricas catastróficas. Disso se alimentam, disso e das secretas frustrações que babujam todos os pequenos ódios.

Educação

"* É através da educação que se dilui a diferença das classes sociais. O sistema de castas ainda existe nas sociedades modernas. Este mecanismo, mais subtil que as castas explícitas da Índia, cria muros invisíveis (por vezes nem tanto) entre pessoas de nascimentos distintos. Há círculos mais selectivos onde apenas é convidado quem tem pedigree aprovado e pouco mais que isso. A sua existência não se correlaciona com o poder económico. Entre certas comunidades ciganas e a linha de cascais, o mecanismo de exclusividade funciona de igual modo na selecção e filtro dos seus e que passa, variadas vezes, pelo berço. A educação compulsiva promovida pelo Estado é uma forma de contacto entre diferentes círculos e dota os elementos menos privilegiados de ferramentas que lhes permitem furar o seu círculo e misturar-se. Neste sentido, a educação é essencial a uma comunidade cosmopolita e republicana.(*)

(*) Mas estas castas podem combater a imposição do Estado. Os mais pobres impedindo a educação aos filhos, os mais ricos criando escolas muradas onde apenas entram crianças aceitáveis. Aqui há um dilema de difícil resolução para um espírito liberal."
No Ruminações Digitais

tadinhos dos ricos

Ainda a  propósito da "manifestação dos esquifes":

"São escândalo as mensalidades pagas pelos pais dos alunos estudantes no Ensino Particular e Cooperativo dependente de subsídios estatais. As famílias, desgraçadamente sem possibilidade de receber os filhos terminado o horário escolar público, assinam cheques e calam em favor do estatuto social, do ATL no colégio, garante de resguardo ocupado das crianças. Ballet, música, natação, judo, ténis, entretêm os miúdos até à chegada tardia dos pais subjugados às exigências dos chefes e patrões: _ Não aceitas trabalhar além do estipulado? Estagna na carreira ou sai! Muitos não se importam de te substituir; dificuldade única é a escolha. E eles ficam porque há primeiras e segundas casas de luxo para pagar, o benefício do carrão da empresa, verba para sustentar as marcas que todos vestem, as festas de espavento no aniversário dos miúdos, as férias em destinos exclusivos, os jantares entre amigos nos locais da moda. Elite de explorados que não me suscitam pena quando lembrados os desvalidos com ordenado mínimo para manter três ou mais membros do agregado familiar."

sábado, fevereiro 05, 2011

Às vezes

Acontece-me acreditar
que a noite é um dragão verde,
asas estendidas sobre desatentos corpos.
Quando estreleja o seu alado bafo,
a terra liquefaz-se em sombrias hordas
e torna-se ela mesma um novelo de escamas.
 Musgoso.

menos um dia

Igualmente os dias e as noites se sucedem em antigas pontes.

Educação

Do argumentário contra a escola pública  tem sido recorrente a esdrúxula ideia de que o Estado não poderia "concorrer" com instituições de ensino privado.
Ou seja, onde houvesse uma escola privada (incluindo as que são financiadas com contratos de associação) , estaria interdita a construção de uma  escola pública.
Ainda que este pensamento distorcido acalentasse a conta bancária de muitos "empresários da educação", tal viola uma série de princípios constitucionais e legais.
Assim, a Constituição da República Portuguesa, expressamente determina que na realização da política de ensino incumbe ao Estado, nos termos o Artigo 74, nº 2 alinea a):
 a) Assegurar o ensino básico universal, obrigatório e gratuito.
Ora sendo as escolas privadas (mesmo  as que têm contrato de associação) instituições elitistas que fazem uma selecção de clientela e excluem à partida um número considerável de crianças, tal imposição constitucional só é verdadeiramente concretizada através da criação de um sistema pùblico de ensino que supra as necessidades de toda a população.
Por isso mesmo, existe um imperativo constitucional claro (Artigo 75.º, nº1):
 O Estado criará uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que cubra as necessidades de toda a população.
Nesta disposição, a Constituição impõe ao Estado a obrigação de garantir uma rede de estabelecimentos públicos de ensino que tenha suficiente capacidade para satisfazer toda a procura efectiva, ou seja , o Estado não apenas pode construír escolas públicas ao lado de escolas privadas, como tem uma obrigação constitucional de o fazer.
Como é evidente, nestas disposições fundamentais não se encontra nem vestígios da bizarra ideia de que a escola privada ( com contratos de associação) possa suprir ou substituír a escola pública.

IN MY CRAFT OR SULLEN ART

Exercised in the still night

When only the moon rages

And the lovers lie abed

With all their griefs in their arms,

I labour by singing light

Not for ambition or bread

Or the strut and trade of charms

On the ivory stages

But for the common wages

Of their most secret heart Not for the proud man apart

From the raging moon I write

On these spindrift pages

Nor for the towering dead

With their nightingales and psalms

But for the lovers, their arms

Round the griefs of the ages,

Who pay no praise or wages

Nor heed my craft or art.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Ou seja, não é bem um roubo ( de alunos). È mais uma compra... de notas

"Colégio Rainha Santa Isabel ( Coimbra) – Média Exame 141,6 – Média interna – 16,5 Diferença – 2,3
E.S. Infanta D. Maria ( Coimbra) Média Exame 137,0 – Média Interna – 14,8 Diferença – 1,1

Sabendo que os alunos melhores na frequência são os melhor preparados para os exames, é estranho que a escola que tem “melhores alunos” seja aquela onde a diferencial é maior. .."


Ou seja, não é bem um roubo ( de alunos). È mais uma compra... de notas. Por parte de quem pode comprar.

quinta-feira, fevereiro 03, 2011

Eu pago os meus impostos e tenho o direito a NÃO PAGAR a escola PRIVADA dos  filhos  dos outros .
Era o que faltava. É tão simples quanto isto!
Daqui a pouco ainda dizem  que têm direito a escolher a marca do carro onde transportam os piquenos ( o carro onde os meus filhos andam quem escolhe sou eu) e que eu tenho obrigação de lhes pagar o BMW ou o monovolume de alta cilindrada, porque só assim é que os seus infantes podem ter um transporte rodoviário de qualidade.
Haja pachorra!
Divulgado hoje, o relatório "Reorganização da rede do ensino particular e cooperativo com contrato de associação", da responsabilidade da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, analisou a situação dos 91 colégios com contrato de associação (eram 93, mas dois já acabaram com esta ligação), considerando que existem vários casos onde é de "equacionar a resolução dos contratos de associação".
É o caso dos Colégios Rainha Santa Isabel, São Teotónio e São José, em Coimbra. E também do Estabelecimento de Ensino Santa Joana (Aveiro), Externato Nossa Senhora dos Remédios (Covilhã), Colégio de S. Jão de Brito (Lisboa) e Externato Júlio César (Odivelas). Apenas para o secundário, recomenda-se medida idêntica para os contratos com o Colégio Torre Dona Chama (Mirandela), Instituto de Almalaguês, Colégio de S. Martinho e Instituto Educativo de Souselas (todos em Coimbra) e Instituto de S. Tiago (Proença-a-Nova).Esta recomendação abrange situação "em que a oferta da rede pública se apresenta como manifestamente suficiente", justifica o relatório.