terça-feira, março 24, 2009

Posição oficial do Vaticano sobre o aborto terapêutico

"Sobre esta cuestión [el episodio de la niña brasileña], son válidas las consideraciones de monseñor Rino Fisichella, quien en ‘L’Osservatore Romano’ ha lamentado la excomunión declarada demasiado rápidamente por el arzobispo de Recife. Ningún caso límite debe oscurecer el verdadero sentido del discurso del Santo Padre [hablando al cuerpo diplomático en Camerún], quien se refirió a algo diferente en extremo. [...] El Papa no ha hablado en absoluto del aborto terapéutico y no ha dicho que debe ser rechazado siempre”.

O porta voz oficial do Vaticano, é formalmente, o porta voz do Papa, pelo que as palavras de BXVI sobre o tema foram agora clarificadas.
Por um lado o Papa e a igreja admite o aborto terapêutico quando é o único meio de salvar a vida da mulher grávida, por outro critica as excomunhões no caso dos médicos que salvaram a menina brasileira através de aborto trapêutico .
Volto a repetir que neste último caso se tratou de um aborto terapeutico ( e não aborto indirecto) pois não se aplica aqui a teoria do duplo efeito.
Finalmente, um pouco de bom senso no meio de tantas falhas na comunicação.

3 comentários:

Anónimo disse...

Bluesmile:

Não deves ser tão ignorante como pareces nos blogs onde comentas. O facto do porta-voz do Vaticano ter interpretado – à sua maneira – as declarações do Papa não significa que Bento XVI defenda o aborto terapêutico.

Se souberes ler – que creio que sabes apesar do que nos tentas fazer crer – repararás no seguinte:
"Que amarga é a ironia daqueles que promovem o aborto como um dos cuidados de saúde «materna»! Como é desconcertante a tese de quantos defendem a supressão da vida como uma questão de saúde reprodutiva (cf. Protocolo de Maputo, art. 14)!"

Bento XVI nos Camarões

Que tu e o porta-voz do Vaticano não concordem com a posição do Papa, até se pode aceitar; que coloquem na boca do Papa o contrário do que ele diz é inaceitável. É uma questão de seriedade, de honestidade intelectual.

Não quero discutir o aborto terapêutico nem posições particulares. Só não acho bem que se distorça o que o Papa disse. Isso chama-se desonestidade. Podem não gostar, podem estar em total desacordo, mas não distorçam as palavras de Bento XVI que foi bem claro!

Sejamos sérios

Outra coisa, Blue, aborto indirecto e aborto terapêutico são duas coisas diferentes!

Claro que a Igreja aceita o aborto indirecto, recusa o aborto terapêutico. Aí estão as declarações do Papa - bem diferentes das do seu porta-voz - a confirmar o que digo.

BLUESMILE disse...

Teresa:

1 - Para comentar sobre questões complexas e que obviamente não dominas bem seria interessante que aceitasses escutar opiniões mais fundamentadas.

E seria útil que não te limitasse a leituras avulsas em blogues duvidosos ou opiniões de pessoas que se "arvoram " em “experts” mas que são obviamente mal formadas e revelam uma ignorância confrangedora c nestas áreas da Bioética.

2 - Relativamente ao aborto indirecto, atendendo ao princípio do duplo efeito, faz parte da Doutrina da Igreja a sua aceitação, o que significa que, em termos estritamente doutrinários, a Igreja católica admite e sempre admitiu este tipo de aborto quando se trata de salvar a vida da mulher gestante.

3 - Já no caso da menina brasileira a situação foi substancialmente diferente.
Não se tratou aqui de utilizar a teoria do duplo efeito visto que, tecnicamente, foi realizado um aborto terapêutico.

Já agora, é interessante o Vaticano utilizar esta expressão clínica ( Aborto terapêutico) , que alguns ignorantes dizem nem sequer existir.

Tratou-se de um aborto directo, com o objectivo de salvar a vida de uma menina de nove anos.
O Vaticano bem sabe, porque tem bons conselheiros na área da obstetrícia e bioética (eu diria mesmo que deve ter médicos de topo nas suas comissões técnicas), que uma gravidez gemelar numa menina com aquelas características físicas era uma condenação à morte. Não se trata apenas da idade da criança mas de todos os contextos clínicos que foram avaliados.

Foi a primeira vez que o Vaticano admitiu publicamente que, em algumas situações extremas, o aborto terapêutico “para salvar uma vida inocente” não deve dar origem a uma sanção de excomunhão.

A Igreja, ao mais alto nível, através das mais altas instâncias, fez saber que o aborto terapêutico não implica excomunhão automática e distanciou-se de posições mais radicais e fundamentalistas.

Ora quem conhece a linguagem do “vaticanês”, que tem a ver com as minúcias do discurso político do Vaticano, consegue perceber que existe, finalmente, uma abertura institucional e doutrinária face ao aborto terapêutico, um acto médico que, em circunstâncias extremas , é a única forma de salvar a vida de uma pessoa – a mulher ameaçada por uma gravidez de risco.

3 – O Papa condenou “apenas “ o recurso ao aborto como meio comum de planeamento familiar e isso nada tem de surpreendente nem de polémico e vai ao encontro da ética e deontologia médicas.

Isto é algo de completamente diferente de condenar ao aborto terapêutico, que repito, foi algo que o Papa não fez.

Por isso e porque as palavras do Papa foram mal utilizadas por fundamentalistas radicais, com bastante desonestidade intelectual, o Papa teve de esclarecer as dúvidas através do porta voz oficial do vaticano.

5 - Só mesmo alguém profundamente ignorante da realidae do Vaticano pode pensar que o Porta voz oficial do vaticano passa algum discurso para a comunicação social sem que iso corresponda integralmente ao pesnamento do Papa.
Ou seja, as palavras do seu porta-voz foram no sentido de clarificar o que o PAPA disse, para que não houvesse margens para dúvidas sobre o seu pensamento - a condenação do Papa não se referiu nem a ao borto indirecto nem ao aborto terapêutico que salvou a menina brasileira.



4 – O facto de, em apenas uma semana, o Vaticano ter vindo a público opor-se frontalmente aos radicais fundamentalistas ditos “pró-vida” tem um profundo significado.

BLUESMILE disse...

6 – O facto de, por duas vezes em apenas uma semana,e ao mais alto nível, o Vaticano ter vindo a público opor-se frontalmente aos radicais fundamentalistas ditos “pró-vida” tem um profundo significado.