domingo, março 22, 2009

"Portanto, à pergunta 'como pode um pai (ou uma mãe) esquecer-se de um filho dentro de um carro?' segue-se uma outra para fazer devagar: poderá isto acontecer a qualquer um de nós?. E, já agora, será um drama desta natureza, individual e com contornos únicos e íntimos, apenas um sintoma da vida do protagonista? Ou poderá ser também - além da sua dimensão única e deveras íntima - o sintoma de uma realidade social?
"Pode. Pode ser um sintoma da nossa realidade social. E dou-lhe o exemplo da radicalização a que chegaram as exigências laborais. Esta radicalização influencia a estrutura familiar e pode potenciar as tragédias, os acidentes", explicou Manuel Sarmento, sociólogo e membro do Instituto de Estudos da Criança (IEC), da Universidade do Minho. Significa isto que as pessoas andam hoje muito mais cansadas, muito mais preocupadas, a "viverem a um ritmo acelerado, que não é o delas", pormenoriza Paula Cristina Martins, Psicóloga e também membro do IEC.
A psicóloga alerta para o facto de que "os indivíduos privilegiam os filhos no seu discurso, mas que é o trabalho que as domina, relegando as relações e os afectos para segundo plano". Não é que gostem menos das suas pessoas e muito menos dos filhos, é só que por imposição da própria vida "têm menos disponibilidade de tempo e menos disponibilidade mental porque estão cansadas", diz.

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