"Tiago (nome fictício) mora da zona Oeste da Madeira e descobriu o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH/sida) logo aos 18 anos. Residente na zona Oeste da ilha da Madeira, Tiago, hoje com 30 anos, teve uma infância problemática. Cresceu numa casa modesta, no seio de uma família desestruturada e bebia para esquecer as crises. "Ainda vivia com os meus pais quando soube que era seropositivo, mas não lhes disse nada". Guardou segredo durante quatro anos, período em que segurou a vida sem que nunca o Hospital lhe oferecesse a possibilidade de ter apoio psiquiátrico. Cresceu com sida, mergulhado numa depressão profunda e medicamentando-se às escondidas. Hoje, garante que não sabe como foi contagiado com o VIH. ""Estava a meio de uma aula a tocar, como que a enrolar o cabelo, quando, de repente, olhei para o caderno e vi um monte de cabelo. Foi um choque". Diz que a partir dessa aula do 10.º ano o seu comportamento mudou completamente. Da falta de concentração, passou a irritar-se por tudo e por nada e a transformar-se num rapaz problemático, indisciplinado e sem aproveitamento escolar. Viveu seis meses na ilusão, até que a mãe detectou sinais da sua insanidade mental e decidiu procurar apoio psiquiátrico. "A minha mãe marcou uma consulta na Clínica da Sé. Na altura custou 7.500 escudos". Tiago confessou ao psiquiatra a razão de toda aquela agitação juvenil: era seropositivo e vivia o drama sozinho e escondido do mundo. (...) O facto de ser seropsitivo valeu-lhe sacrifícios no relacionamento social e afectivo. Aos 24 anos, chegou a estar noivo durante 18 meses mas, quando toda a família o empurrava para casar, Tiago recuou. "As relações sexuais sempre foram protegidas, mas não estava disposto a expô-la a esse risco". O sonho da companheira em ter filhos, de amamentá-los, fê-lo procurar uma solução no Hospital do Funchal. "Pedi para fazerem uma análise de contagem do vírus no esperma e expliquei que estava a pensar ter um filho, mas disseram-me que o meu pedido foi negado porque era muito caro". De uma vez por todas, pôs de lado o sonho de constituir família. 'Rompeu' o noivado e entregou-se à depressão, fazendo despertar o vírus.
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