terça-feira, março 31, 2009

Pela vida, contra a ignorância e o preconceito

"Tiago (nome fictício) mora da zona Oeste da Madeira e descobriu o Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH/sida) logo aos 18 anos. Residente na zona Oeste da ilha da Madeira, Tiago, hoje com 30 anos, teve uma infância problemática. Cresceu numa casa modesta, no seio de uma família desestruturada e bebia para esquecer as crises. "Ainda vivia com os meus pais quando soube que era seropositivo, mas não lhes disse nada". Guardou segredo durante quatro anos, período em que segurou a vida sem que nunca o Hospital lhe oferecesse a possibilidade de ter apoio psiquiátrico. Cresceu com sida, mergulhado numa depressão profunda e medicamentando-se às escondidas. Hoje, garante que não sabe como foi contagiado com o VIH. ""Estava a meio de uma aula a tocar, como que a enrolar o cabelo, quando, de repente, olhei para o caderno e vi um monte de cabelo. Foi um choque". Diz que a partir dessa aula do 10.º ano o seu comportamento mudou completamente. Da falta de concentração, passou a irritar-se por tudo e por nada e a transformar-se num rapaz problemático, indisciplinado e sem aproveitamento escolar. Viveu seis meses na ilusão, até que a mãe detectou sinais da sua insanidade mental e decidiu procurar apoio psiquiátrico. "A minha mãe marcou uma consulta na Clínica da Sé. Na altura custou 7.500 escudos". Tiago confessou ao psiquiatra a razão de toda aquela agitação juvenil: era seropositivo e vivia o drama sozinho e escondido do mundo. (...) O facto de ser seropsitivo valeu-lhe sacrifícios no relacionamento social e afectivo. Aos 24 anos, chegou a estar noivo durante 18 meses mas, quando toda a família o empurrava para casar, Tiago recuou. "As relações sexuais sempre foram protegidas, mas não estava disposto a expô-la a esse risco". O sonho da companheira em ter filhos, de amamentá-los, fê-lo procurar uma solução no Hospital do Funchal. "Pedi para fazerem uma análise de contagem do vírus no esperma e expliquei que estava a pensar ter um filho, mas disseram-me que o meu pedido foi negado porque era muito caro". De uma vez por todas, pôs de lado o sonho de constituir família. 'Rompeu' o noivado e entregou-se à depressão, fazendo despertar o vírus.

Pela Vida

"Dito isto, subscrevo no entanto as palavras na Mensagem de Quaresma de D. Ilído Leandro, Bispo de Viseu, «…, quando a pessoa infectada não prescinde das relações e induz o(a) parceiro(a) (conhecedor ou não da doença) à relação, há obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa. Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório.»D. Ilídio começa por apoiar o Santo Padre explicando-nos «O Papa, quando fala da SIDA/AIDS ou de outros aspectos da vida humana, não pode fazer doutrina para situações individuais e casos concretos.» […] . Será falta de hábito e de cultura da exigência e da honestidade, numa sociedade tão relativa, tão mínima e tão pouca ambiciosa e coerente na defesa das pessoas e dos seus valores? Será tão fácil o escândalo farisaico de quem não sabe interpretar as diferenças entre valores e princípios gerais, por um lado e situações concretas e pessoais, por outro?»

«Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior que estes.» (Mc 12,31)«Eu mesmo lhe hei-de mostrar quanto ele tem de sofrer pelo Meu nome.» (Act 9, 16)"

Um Bispo a Favor da Vida

"D. Ilídio Leandro, Bispo da Igreja Católica, defendeu o uso do preservativo pelas pessoas portadoras do vírus da Sida. Mantém tudo o que escreveu e vai mais além ao defender o divórcio nos casamentos em que um dos cônjuges é vítima de violência doméstica."

Pela Vida, Contra a Ignorância e o Preconceito

"Resposta Aberta à Carta ao Bispo de Viseu do Pe. Nuno Serras Pereira

Caro Pe. Nuno,
No seu amor à Igreja e ao Senhor, toldado, neste caso, pela paixão exacerbada, incorre no gravíssimo erro de compartilhar as ideias do relativismo e dos maçons ao pretender remeter o papel da Igreja ao seu foro íntimo, quando escreve “a Igreja não tem que dizer-lhes que não usem o preservativo, mas não pode de modo nenhum aconselhá-las a que o usem”.
NÃO, a Igreja tem a obrigação e o dever de se envolver em tudo que à vida dos cristãos diz respeito.
Erra, ofende e não pratica a virtude cristã da caridade, quando reduz todos os seropositivos aos homossexuais e aos promíscuos; pergunto-lhe aonde coloca aqueles, e que são bastantes, que se infectaram pela via sanguínea?
Aonde coloca aqueles, infelizmente mais frequente serem aquelas, que casados são infectados devido à infidelidade do conjugue? "

Silêncios

"Na igreja de Yamaguchi, no alto da colina, assistia à missa uma simpática anciã que jamais faltava aos domingos, com seu kimomo à moda antiga. Transpirando no verão e protegendo o pescoço no inverno, subia, em passitos curtos, a encosta para que chegasse sempre antes do início da missa. No fim, sempre alguém lhe oferecia boleia para descer, mas ela sempre recusava. Um dia explicou-nos porquê. “Prefiro descer pela encosta da colina que vai dar ao jardim do templo budista. Ali, a meio caminho, sento-me e respiro fundo à sombra das árvores. Ali, entre a paz e o silêncio daquelas árvores centenárias, é que verdadeiramente se encontra a Deus...”. “E – acrescentou logo de seguida– “libertamo-nos do cansaço da missa e do sermão...”. Perante o nosso desconcerto, concluiu: “É que na missa, –vocês bem o sabem– há tantas palavras seguidas... são tantas as palavras...!”

"O equivalente japonês do termo latino lente festina, [«apressa-te devagar»], diz-se de modo parecido: “se tens pressa, vai dar uma volta”. Em castelhano, dizemos: “vísteme despacio, que tengo prisa” ou “no hay atajo sin trabajo”. Na tradição do artesanato japonês fala-se de “atitude de artesão” como de um estilo e modo de trabalhar próprio de quem põe nisso toda a sua alma, gastando tempo em cada detalhe da sua obra, produzindo cada objecto como se fora exemplar único... Recordo a conversa com um jardineiro de uma vila de recreio imperial no norte do Japão. “Vê estes pinheiros todos retorcidos?”, dizia-me ele. “A sua mais bela imagem é a que oferecem quando se vergam, sem quebrar-se, ao peso da neve”. “Não precisam de estacas?”, perguntei-lhe. Explicou-me: “Custou muito esforço e muitos anos até se conseguir uma curvatura como a deste ramo. Desde que o pinheiro começou a crescer, foram podando-o com habilidade. Se o ramo está comprido demais, cairá ao peso da neve; se ficar muito curto, não produzirá um efeito tão belo”. Diante do meu espanto mudo, o jardineiro ria-se e repetia-me: “É tudo uma questão de fazê-lo devagar, senhor; dar tempo ao tempo e... muita paciência”.Não se acelera o crescimento duma planta puxando-a com força para cima: assim, só conseguiríamos arrancá-la e desenraizá-la.

Todo o organismo vivo tem seu ritmo. O espírito do taoismo só tem que se sintonizar com o Tao, caminho que a tudo orienta. “Deixa que tudo siga o seu curso natural”. Estamos convidados, assim, a abandonar o nosso egocentrismo, a viver em comunhão com a natureza e a descobrir o Caminho no prosaico e no quotidiano, enquanto caminhamos... lentamente.

Para a atitude ocidental da pressa e da aceleração é dificilmente aceitável o convite taoista ao «não-actuar». Provoca rejeição, pois parece que se trata de não fazer nada e deixar-se de braços cruzados. Mas não é. Pelo contrário, trata-se de nos conscientizarmos do muito que se pode fazer deixando que isso se faça por si, deixando estar as coisas aí e deixando passar os acontecimentos. Sobretudo, deixando que as pessoas sejam..."

in, Caminos Sapientiales de Oriente, por Juan Masiá Clavel, SJ, Ed. Desclée De Brouwer, 2002.

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Delírios místicos

"Kroll e Sheehan (1989), num estudo de 52 doentes com patologia psiquiátrica grave, verificaram que 70% dos pacientes esquizofrênicos e 55% dos pacientes com diagnóstico de episódio maníaco referiam ter tido experiências religiosas pessoais únicas e excepcionais.
De entre os doentes diagnosticados em esquizofrenia, 60% afirmavam que Deus falava através de si e 20% afirmava que estavam em comunicação com Deus ou espíritos. Dos pacientes maníacos, 46% referia as mesmas convicções."
Kroll J, Sheehan W. Religious Beliefs and Pratices Among 52 Psychiatric Inpatients in Minnesota. Am JPsychiatry 1989;146:67-72

A religião é o ópio do povo

Alguns admitem o consumo, outros limitam-se a exprimir os sintomas...

O meu blogue tem sido alvo de alguns destes doentes, comentadores compulsivos com todo o tipo de delírios, que tenho de apagar.

É verdade que a crise aumenta a incidência de algumas patologias, mas parece-me óbvio que os refúgios no misticismo não resolvem a psicopatologia de base, antes a agravam.

Curiosos são os estudos em que se observa uma relação estatisticamente significativa entre a pertença a uma determinada confissão religiosa e certos quadros psiquiátricos. Os católicos aparecem claramente em desvantagem face a outras religiões.

Pela vida,contra a ignorância e o preconceito

"Só a mulher e os dois filhos sabem que tem VIH. Anda há 18 anos a escondê-lo. Tem irmãos com quem se dá bem, sobrinhos - ninguém sabe. “Não tenho coragem de lhes dizer, podem compreender ou não compreender.” Nunca avançaram com o processo da mulher e, por isso, ela nunca recebeu a indemnização a que teria direito. Recebeu ajuda psicológica e faz a medicação, como ele, sempre arranjando formas de ocultar aquelas suas consultas especiais quando tem que lá ir durante o horário de expediente. No trabalho está fora de questão contar o que seja, ainda mais trabalhando ela com crianças e tomando silenciosamente todos os cuidados para que não corram riscos. Os comportamentos de pessoas com quem tem que lidar confirmam--lhe a necessidade de esconder. Recebe olhares das analistas quando vai fazer exames - “Olham para mim como pessoa com VIH e não como hemofílico” -, da farmacêutica onde vai buscar os medicamentos. Catalogam-no como homossexual, toxicodependente ou então alguém que recorre a prostitutas. Da última vez que recebeu esses olhares da farmacêutica teve que lhe dizer que não era desses. “Fez-me uma festinha na cara e pediu-me desculpa.” “Vou tentando sobreviver.”

Pela vida contra a Ignorância e o preconceito

"Não sabem uns dos outros e ainda guardam a doença como um segredo. Eram 137, hoje são 37. Seis são mulheres infectadas pelos maridos.
“Falecimento: A Associação Portuguesa de Hemofílicos (APH) regista e lamenta uma vez mais a perda de duas pessoas muito especiais.” O anúncio não é inabitual no boletim trimestral da APH e João (nome fictício), 55 anos, nunca sabe se foi mais um caso como o seu - o de um hemofílico contaminado com VIH, entre 1985 e 1987, numa das ocasiões em que recebeu um derivado sanguíneo (factor VIII) num hospital público.(...)A conta de subtracção dos que foram morrendo não vem com nomes e a contabilidade só é tornada pública de vez em quando, muitas vezes quando Maria de Lourdes Fonseca, vice-presidente da APH, é contactada por órgãos de comunicação social. A hemofilia é uma doença hereditária transmitida pela mãe portadora para filhos rapazes que se traduz pela falta de derivados responsáveis pela coagulação do sangue, o que está na origem de hemorragias internas.Foram 137 os hemofílicos contaminados com o vírus VIH: em 1994 tinham morrido 23, em 2005 metade, hoje sobrevivem apenas 37. (....) A vice-presidente da APH conhece--lhes as histórias: dois irmãos, de dez e 11 anos, e outros dois irmãos que apenas foram fazer uma vez tratamento e ficaram infectados já morreram. E há mortes com outras causas. João sabe de uma que não o abandona, o de um infectado que se suicidou, e imagina que deve ter havido mais - basta pensar no seu próprio isolamento, na sua revolta. Ainda lhe chegou a dizer, quando o via com maus pensamentos: “Não sejas parvo, enquanto cá andas vês os passarinhos.”’Se fosse possível dissecar uma a uma as causas da sua angústia, escolheria a culpa de ter passado o vírus à mulher, “sem saber”. (...) Depois veio a confirmação da mulher e o medo de que o filho também tivesse sido contaminado durante a gravidez. Dos 37 sobreviventes, seis são mulheres infectadas pelos maridos."

Catarina Gomes/Público - 01.02.2009

Ignorância, negacionismo e cultura da morte

"Às pessoas homossexuais ou às pessoas promíscuas infectadas com hiv/sida a Igreja não tem que dizer-lhes que não usem o preservativo, mas não pode de modo nenhum aconselhá-las a que o usem" - pode ler-se num blog RAD TRAD.
A cultura da morte está bem patente neste discurso onde a ignorância é directamente proporcional ao preconceito.
De notar que, para quem escreveu estas linhas, todas as pessoas infectadas ou são promíscuas ou homossexuais.
Pobre ignorante. Nem imagina sequer há crianças infectadas, que existem inúmeras pessoas infectadas devido a transfusões ou partilha de material contaminado. E , algumas delas, são pessoas fidelíssimas e têm conjuges.

segunda-feira, março 30, 2009

Ignorância, negacionismo e cultura da morte

Já não basta o Holocausto.
Ideologia, ignorância, racismo e fundamentalismo religioso explicam esta atitude que poderia ter consequências dramáticas se fosse levada a sério. O charlatanismo, as curas milagrosas e milagres de seitas alimentam esta propaganda. Subjacente está uma tendência recente que alia a incultura científica ao uso da Internet - as teorias da conspiração, a desconfiança selectiva da autoridade científica ou um discurso anticiência são colocadas online como se fossem verdades indiscutíveis ou, pelo menos, ideias credíveis...
Triste mesmo é ver que Bento XVI se deixou arrastar por esta tendência negacionista.
Como diz a Lancet, não é claro se o fez por pura ignorância ou se foi uma tentativa deliberada de manipular a ciência para sustentar a ideologia católica.
A mim parece-me mais pura ignorância.

Experiência simples para tradicionalistas limitados


O TAMANHO do vírus da SIDA é de 90 a 120 nanometros.
(1 nm = 0.0000000001 m ).
O tamanho de uma molécula de água é menor que 1 nanómetro, mais precisamente de apenas duas décimas de nanómetro.

Experiência 1:

Enche um preservativo de água sem molhares a parte exterior.
Poderás confirmar a sua total impermeabilidade. A água não sai do interior do preservativo nem através dos "poros do preservativo".

Ora se as moléculas de água são muitíssimo menores que as dimensões do virús da SIDA...

A teoria de que a porosidade do látex poderia deixar “sair” o vírus da sida é uma teoria palerma.
Vous n'avez qu'à conclure
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O direito à blasfémia

O Direito á blasfémia deveria ser considerado um direito humano fundamental.

Trata-se do exercício de uma liberdade fundamental - a liberdade de pensamento e a liberdade de expressão.

Ruben está grávido


Chama-se Ruben e está grávido de gémeos. A sua noiva está felicíssima e planeiam casar-se rapidamente antes das crianças nascerem.
Entretanto, parece que as associações espanholas pró-vida e prófamília estão tristes com esta família que contribui para o aumento da taxa de natalidade em espanha.
Por supuesto...

domingo, março 29, 2009

Bichisses

No blog nazi do costume invectiva-se o Bispo de Aveiro por defender o óbvio - no caso de um casal serodiscordante, o conjuge infectado deve informar o outro conjuge e usar o preservativo para não o infectar. Esta atitude é mesmo um imperativo ético.
Logo a imaginação serôdia do bloguista imaginou orgias de todo o tipo, sexo extramarital ou mesmo relações homossexuais .... Não há dúvida que a mente destes "conservadores" é digna de um livro de sade...
Resta lembrar que há matrimónios de conjuges fidelíssimos onde um dos dois descobre que é seropositivo. Basta uma transfusão..
Desconhecem concerteza que o número de mulheres monogâmicas e fieis, infectadas pelos extremosos maridos não pára de crescer. È só visitar os serviços de infecto-contagiosas para encontrar senhoras, algumas sexagenárias, contaminadas ...

Pela Vida

ABSTINÊNCIA SEXUAL NÃO É EFICAZ"
Henrique de Barros, coordenador nacional para a infecção VIH/sida, critica a condenação do Papa Bento XVI ao uso do preservativo. "O Papa tem um sistema de olhar o mundo que é dele e a sua opinião não é justificada pela evidência científica. O preservativo é a única solução eficaz para a prevenção da sida." Segundo o especialista, a "abstinência sexual não é eficaz nem humanamente aceitável".

Pela vida

"A quebra de seis por cento na venda dos preservativos, em 2008, não preocupa o coordenador nacional para a infecção VIH/sida. Henrique de Barros justifica a quebra com o "aumento brutal" de um milhão de preservativos distribuídos gratuitamente por aquele organismo tutelado pelo Ministério da Saúde. Como em 2007 a distribuição atingiu os sete milhões, significa que no ano passado foram entregues pessoalmente aos portugueses oito milhões de preservativos. Segundo Henrique de Barros, a par do aumento da distribuição gratuita de preservativos pela Coordenação Nacional também se verificou um "aumento dos preservativos distribuídos gratuitamente pelos centros de saúde" no âmbito do planeamento familiar. Contudo, aquele responsável não conseguiu quantificar esse aumento. Contactado pelo CM, o coordenador nacional da Saúde Materno--Infantil e Saúde Reprodutiva, Jorge Branco, remeteu para as cinco administrações regionais de Saúde a gestão da distribuição daquele contraceptivo. Se o acesso aos preservativos não constitui motivo de grande preocupação para Henrique de Barros, o mesmo não se passa com o "aumento das infecções de sida entre os homossexuais". E justifica: "Os tratamentos são bastante eficazes e podem levar a que as pessoas percam o medo e deixem de usar o preservativo. Temos de voltar a insistir, porque é grave que se deixe de utilizar"

A igreja reconhece a eficácia do preservativo na Prevenção da SIDA

E afirma que :
Depois das palavras senis de um tal Trujillo, que há uns tempos atrás colocou em questão que o preservativo pudesse sequer servir de barreira ao virús da Sida.
Trata-se de um bom avanço , mas ainda falta ao vaticano avançar mais na senda da VERDADE, correspondendo ao desafio da Lancet - FALAR VERDADE e retractar-se das palavras disparatadas que proferiu, talvez por ignorância.
O negacionismo tem um preço.

sábado, março 28, 2009

A Ciência ao serviço da vida

"Cuando una persona influyente, ya sea un religioso o un político, hace una declaración científica falsa que podría ser devastadora para la salud de millones de personas, debería retractarse". Así de duro es el editorial que publicará mañana la prestigiosa revista médica The Lancet a cuenta de las declaraciones en contra del uso del preservativo como modo de prevenir el contagio del sida que realizó el Papa en África."
Entretanto, a posição sa ONU é claríssima:

Edward C Green dixit

Recomendações para controlar a SIDA:

"• Reduce the number of multiple and concurrent partnerships;
• Prepare for the possible roll out of male circumcision;
• Address male involvement and responsibility for sexual and reproductive health, HIV prevention and support;
Increase consistent and correct condom use;

Continue programming around delayed sexual debut in the context of condom programming and reduced partnerships."

Edward C. Green

O texto está aqui e nele Edward C. Green afirma que :
1- Sobre o problema das elevadas taxas de incidência de SIDA em certas regiões de África
"What we see here is typical of Africa and everywhere: no matter how intense thepromotion, people in ongoing relationships do not use condoms."
2 -Edward C. Green considera que, quando se fala nos programas ABC, em várias regiões de àfrica que tiveram algum sucesso, observa-se o éxito dos programas surge sempre associado à maior utilização do peservativo:(Gregson et al, 2006).
3 - Edward C. Green afirma neste texto que, nos países com maior incidência de SIDA, são mais frequentes as falsas crenças sobre formas de contágio, o que significa que as pessoas não usam preservativos: "In South Africa, more than one-third of adults believe that theyprobably will be infected with HIV in their lives, but most of thesebelieve that this won’t be the result of sexual activity (2006).
4- Segundo o mesmo autor, os grandes factores para maior número de casos em certas regiões de áfrica são:
"Acute infection and concurrent sexual partnerships
Uncircumcised men
Late marriage (long debut-marriageinterval)...
O problema agudiza-se precisamente porque "partners in married or enduring multipleconcurrentrelationships are very unlikelyto use condoms"...
5 - Em boa verdade, no tal citado estudo, Edward C Green afirma explicitamente que o risco de ser infectado através de contactos sexual está relacionado com uma série de factores, onde se inclui a não utilização de preservativo:
"Individual level risk factors for coital act:
• Presence of other STI, esp. ulcerative
• Male circumcision status;
• Viral load of the HIV-positive sexual partner;
• whether intercourse is vaginal, anal sex, sex during menstruation, or forced/coerced;
incorrect use or non-use of a barrier method for HIV prevention".
6 - Finalmente a citado artigo de Edward C. Green termina assim:
"..Interventions should aim to break thesexual networks... However, prevention of transmissionin the endemic phase also requires a greater awareness of early clinical manifestations of HIV-1 infection in the general population. Such awareness,coupled with the availability of condoms and access to HIV-1 testing facilities, may reduce transmission in discordant couples.

A Igreja admite o uso de preservativo na prevenção da SIDA

É oficial, finalmente. Depois de décadas em que a doutrina oficial do Vaticano consistia na negação absoluta da utilização do preservativo, mesmo em casais em que um dos elementos é seropositivo ou da negação caricata da eficácia do mesmo, a Igreja admitiu oficialmente, pelos canais oficiais do vaticano para estas questões que:
1 - O preservativo é um meio eficaz na prevenção da Sida. Ao considerar como exemplar o caso do Uganda, a Igreja Catóica admitiu que nenhum programa de prevenção pode ser seriamente pensado ou implementado sem incluir a promoção do sexo seguro e o uso de preservativos, sobretudo em regiões do globo onde a SIDA é endémica. Por outro lado, esta disparatada oposição ao uso profiláctico do preservativo assentava num falso pressuposto que tem sido alimentado por um certo clima de suspeição e cinismo. A ideia é que, se houver acesso ao preservativo, está-se a incentivar a promiscuidade sexual e o aumento do cont'agio,quando nenhum indicador sério, nem nenhum estudo sistemático evidenciou este nexo de causalidade. Muito pelo contrário. São inúmeros os estudos que associam a redução da incidência á acessibilidade e utilização de preservativos.
Todos os programas da OMS, da UNAIDS, dos MSF e das inúmeras instituições de saúde, incluindo católicas, que trabalham no terreno, incentivam a utilização adequada de preservativos e advogam que as questões comportamentais, a redução do número de parceiros, a educação para a sexualidade são também elementos importantes na prevenção das DSTs em geral e da SIDA em particular.
O caso do Uganda é um bom exemplo. E a prova que, nesta abordagem preventiva multifactorial , a utilização adequada do preservativo não pode ser de forma alguma excluída, visto que é a única forma, comprovadamente eficaz de reduzir o risco de contágio numa relação sexual.

sexta-feira, março 27, 2009

Pater familias

O modelo patriarcal da família tradicional sempre produziu monstros

SIDA











SIDA e Iliteracia científica

Ao que parece, alguns incautos citam um pretenso trabalho que dizem justificar que o uso de preservativos aumenta a incidência de Sida. O texto está aqui e nele se demonstra precisamente o contrário.

Eis as conclusões do mesmo:

"Networks of concurrent sexual partnerships may be the primary cause of epidemic spread of HIV-1 inparts of sub-Saharan Africa. This pattern of sexual behaviour increases the likelihood that individuals experiencing primary HIV-1 infection transmit the virus to other persons. ..Interventions should aim to break thesexual networks... However, prevention of transmissionin the endemic phase also requires a greater awareness of early clinical manifestations of HIV-1infection in the general population. Such awareness,coupled with the availability of condoms and access to HIV-1 testing facilities, may reduce transmission in discordant couples."

Não deixa de ser interessante que alguém distorça completamente o sentido de uma comunicação científica - em parte porque não a compreende ( a iliteracia científica é atroz ), em parte devido ao hooliganismo de fundo face a estas questões.

Igreja em áfrica

"A primera hora de la radiante mañana comienzan a llegar hombres y mujeres que llaman la atención por su generalizada juventud y por su jovialidad. Vienen a recibir sus tratamientos dos veces por semana. Hoy tienen una jornada especial: aprovechando la presencia de dos presbíteros europeos van a recibir el sacramento de la unción de enfermos.
La mayoría saben que van a morir. En la casa hay un libro, en cuya portada reza “Libro de la vida”, que elenca a las personas fallecidas y que habían sido tratadas de su enfermedad en este centro. Escalofriantes páginas y más páginas de jóvenes rostros sonrientes que evidencian que, mientras las muertes a causa del SIDA descienden muy considerablemente en los países desarrollados, Africa sigue sufriendo una epidemia devastadora de vidas humanas, de la que le costará décadas recuperarse.
El centro es mantenido por cuatro religiosas, dos angloeuropeas y dos jóvenes novicias nativas, y es sostenido económicamente por asociaciones europeas y canadienses. Hasta él acuden centenares de hombres, mujeres y niños, algunos tras recorrer caminando largas distancias.
Después de recibir la atención médica por el personal especializado, una enfermera da a cada paciente las dosis del tratamiento que habrán de tomar en sus casas y sister Jane (joven monja escocesa con más de 24 años haciendo éste y otros abnegados trabajos en Africa) entrega a cada paciente de ambos sexos varios preservativos, insistiéndoles en que no dejen de usarlos y que si necesitan más que los pidan. En un momento levanta la mirada y dice “incluso el Papa si estuviera aquí repartiría preservativos”.

 “Today, the majority of sexually active girls aged 15-19 in developing countries are married. Ironically perhaps, girls have significantly higher rates of infection their sexually active, unmarried peers.” (GlobalCoalition on Women and AIDS, 2005)
 “Marriage and other long-term, monogamous relationships do not protect women from HIV.” (UNAIDS Annual Report, 2004)
 “One of the most dangerous environments for a woman in Africa is to be married.” (Stephen Lewis, U.N. Special Envoy for HIV/AIDS, speech at Harvard School of Public Health graduation,
2005)
 “Evidence shows that marriage is not a protective factor against HIV for women and girls.” (Center for Health and Gender Equity, 2008)
A história regista quase exclusivamente as conquistas dos homens, quando, na realidade, uma parte importantíssima da mesma se fica a dever a acções determinantes, perseverantes e benéficas realizadas por mulheres. Hoje já ninguém deveria nutrir dúvidas de que as mulheres têm, na base da sua igual dignidade com os homens, «pleno direito de se inserir activamente em todos os âmbitos públicos, e o seu direito há-de ser afirmado e protegido, inclusivamente através de instrumentos legais, onde estes se revelem necessários.

AIDS


Entre os vários argumentos absurdos de pretensa "defesa da doutrina oficial da Igreja sobre o preservativo" destaco dois que circulam em caixas de comentários:
1 - A ideia de que, se todas as pessoas praticarem abstinência sexual, ou seja, se pararem de ter actividade sexual, a SIDA acaba. A ideia é bastante básica e caricatural. Também se todas as pessoas deixarem de respirar, deixa de haver tuberculose. È claro que, tanto num caso como noutro , deixa de haver pessoas, mas isso , para esta gente, é uma nota de rodapé.
2 - Outra ideia igualmente caricatural é que quem tem sida teve comportamentos sancionáveis do ponto de vista moral. O preservativo só é usado por quem é promíscuo, logo deve ser proibido. Como a SIDA é um castigo divino da promiscuidade, nenhum meio preventivo é admissível.Os pecadores que morram, que nós dormimos tranquilos.
"Condom use is a critical element in a comprehensive, effective and sustainable approach to HIV prevention and treatment. Prevention is the mainstay of the response to AIDS. Condoms are an integral and essential part of comprehensive prevention and care programmes, and their promotion must be accelerated. In 2007, an estimated 2.7 million people became newly infected with HIV. About 45% of them were young people from 15 to 24 years old, with young girls at greater risk of infection than boys.
The male latex condom is the single, most efficient, available technology to reduce the sexual transmission of HIV and other sexually transmitted infections.
The search for new preventive technologies such as HIV vaccines and microbicides continues to make progress, but condoms will remain the key preventive tool for many, many years to come."

Explicação básica de medicina para rad trads

1 - A utilização do preservativo reduz o número de infecções:

"seropositivity for the human immunodeficiency virus (HIV) declined among Thai military conscripts from a range of 10.4 to 12.5 percent in the period 1991 to 1993 to 6.7 percent in 1995, and they attribute the decline to the increased use of condoms. The authors rely on the post hoc ergo propter hoc fallacy, attributing causation on the basis of the temporal sequence (of a single pair of events). Among Ugandan men of comparable age, the prevalence of HIV declined from 11.8 percent in 1989 to 2.7 percent in 1994, . .".

2 - A eficácia do preservativo.

3 - Como prevenir a pandemia da sida.

"As desastradas declarações do Papa sobre o preservativo deram origem a dois tipos de reacção. A primeira foi a velha e clássica indignação: como é possível que Bento XVI tenha sequer sugerido, às portas de uma África com 33 milhões de seropositivos, que o uso do preservativo pode prejudicar a luta contra a sida? É uma reacção justa, que sublinha o óbvio. A segunda reacção, porém, pretende deitar mão a uma espécie de tolerância laica pelas idiossincrasias do catolicismo, e é aquela que eu gostava de discutir aqui. Foi a reacção de Vasco Pulido Valente no Público e, neste jornal, de João Marcelino. Utilizando as palavras do director do DN: o Papa "limitou-se a repetir a posição oficial da Igreja sobre o preservativo", e tendo em conta que ele é "um pregador de ideias", faz todo o sentido "alertar para as questões da alma e do espírito - coisa que tanta falta faz a uma sociedade dominada pelo hedonismo".Ora, esta posição pressupõe que a condenação dos métodos contraceptivos faça parte de algum núcleo central do ensinamento cristão. "É necessário perceber a importância dos princípios", escreveu João Marcelino. Só que aquilo que se faz na intimidade com um pedaço de borracha não é propriamente a pedra angular da Igreja Católica. O problema em relação à proibição da contracepção pela Igreja é que, exceptuando os prelados do Opus Dei e, vá lá, João César das Neves, são muito poucos os que conseguem ver onde estão os "princípios" nesta questão - e por que razão um preservativo pode afectar a relação com Deus. Quando se pega no caso do aborto, por exemplo, é com certeza possível discordar da posição da Igreja, mas aquilo que ela defende é perfeitamente claro: se acreditarmos que a vida se inicia no momento da fecundação, então ela deve ser protegida a todo o custo. No caso dos métodos contraceptivos, onde raio está a clareza da argumentação?Bom, podemos sempre voltar à encíclica Humanae Vitae, que em 1968 estabeleceu a doutrina oficial da Igreja sobre o tema. Os argumentos estão lá: o homem não pode, por sua livre iniciativa, alterar o duplo significado do acto conjugal: o "acto unitivo" e o "acto procriador". Traduzindo em miúdos: seria ofender a "lei natural" separar o prazer do sexo da possibilidade de engravidar. Mas alguém percebe que sentido isto faz? Eu não. E não sou só eu: convém recordar que a Humanae Vitae foi precedida da constituição, pelo Vaticano, de uma vasta comissão para estudar o tema, que em 1966 emitiu um relatório defendendo que o uso de contraceptivos devia ser uma decisão livre dos casais. Paulo VI rejeitou as suas recomendações. Meus caros: não há quaisquer "princípios" em jogo na questão do preservativo. Há apenas um erro gravíssimo cometido há 40 anos, que a Igreja continua a pagar muito caro, até aos dias de hoje.
João Miguel Tavares, in Diário de Notícias

Bichisses

Há homens que gostam de adereços vistosos como forma de afirmação.
A mim tanta seda, tanto rendilhado, tanto tule, tanto brocado rosa-choque sempre me pareceram gostos abichanados.
Mas isto sou eu. Aposto que o David Motta iria adorar consultar certos sites

Iguais

Os Pitagóricos definiam a justiça pela igualdade.

Esta ideia da igualdade essencial dos homens (sem distinção entre homens e mulheres) como filhos de Deus remonta pelo menos a 2000 anos antes da era cristã, porque a encontramos, nessa época, em documentos egípcios.

Simone Weil in "A Fonte Grega", relembrado pela MC.

Bom senso

"L’Osservatore Romano, que en un artículo sobre Iglesia y sida reconoce la eficacia del condón como medida profiláctica y apoya su uso para luchar contra la enfermedad dentro de la estrategia conocida como “ABC”: abstinencia, fidelidad y condones.
Según el periódico, seguir estas tres pautas ha hecho que los contagios por sida desciendan en países como Uganda de un 15 por ciento en 1991 a un 5 por ciento en 2001.El periódico oficial del Vaticano, L’Osservatore Romano ha admitido implícitamente en su edición de este domingo el uso del preservativo como un medio de luchar contra el sida.
El tema había vuelto a ponerse de actualidad después de que el Papa, Benedicto XVI, en su viaje a África de la pasada semana asegurase que el uso del condón no protege contra el sida, sino que “aumenta el problema”. Sin embargo, L’Osservatore reconoce en un artículo sobre la Iglesia y esta enfermedad, que los preservativos son eficaces “al 97 por ciento contra la infección” en condiciones óptimas, y “al 87 por ciento” en condiciones adversas, como ocurre en África."

Mais uma vez parece haver um volte face .

quinta-feira, março 26, 2009

Hooligans

A IGNORÂNCIA crassa e a falta de (in) formação sobre temas complexos traduz-se regra geral numa incapacidade definitiva de debate. Os protagonistas desta circunstância tendem a utilizar o estilo das claques de futebol para tentar fazer prevalecer os seus pontos de vista. È um hooliganismo primário, feito de violência ideológica e de absurda irracionalidade, longe de qualquer abordagem mais inteligente ou com algum grau de seriedade.

Isso explica em parte o regozijo de alguns blogues nazis face ao comportamento arruaceiro de tradicionalistas em frente a Notre Dame , divulgado em filme do youtube. No filme, depois de um indivíduo com ar alucinado gritar palavras de ordem, um pequeno grupo de arruaceiros, onde sãos visíveis cabeças rapadas com os seus blusões característicos, investe com violência física contra pacíficos manifestantes .

O facto de o fazerem entre imprecações em latim em nada retira as características de hooliganismo básico, que levou a polícia francesa a intervir e fazer detenções. O que move estes indivíduos é concerteza muita coisa.

Mas nem resquícios de cristianismo.

A ignorância é a mãe de todos os males.
Autor: Rabelais , François

quarta-feira, março 25, 2009

Aborto terapêutico

"Bento XVI nunca falou no aborto terapêutico, já que a Igreja, nos casos de haver uma situação de grave risco para a mãe aceita o aborto terapêutico"

Escreveu Aura Miguel na RR. Ora ainda bem que finalmente o assumem publicamente.

Espera-se que o Vaticano tome uma posição pública sobre esta pungente questão na América Latina, onde, em alguns países, o aborto está completamente proibido em qualquer circunstância, mesmo se estiver em risco a vida das mulheres. No Chile, El Salvador, Honduras e Nicarágua a legislação segue pelo mesmo diapasão e os números dramáticos da morte de mulheres inocentes não param de crescer. Na Nicarágua, segundo os números oficiais - 80% das vítimas são de zonas muito pobres. A lei prevê uma pena de seis anos de prisão para as mulheres que façam um aborto.

terça-feira, março 24, 2009

Posição oficial do Vaticano sobre o aborto terapêutico

"Sobre esta cuestión [el episodio de la niña brasileña], son válidas las consideraciones de monseñor Rino Fisichella, quien en ‘L’Osservatore Romano’ ha lamentado la excomunión declarada demasiado rápidamente por el arzobispo de Recife. Ningún caso límite debe oscurecer el verdadero sentido del discurso del Santo Padre [hablando al cuerpo diplomático en Camerún], quien se refirió a algo diferente en extremo. [...] El Papa no ha hablado en absoluto del aborto terapéutico y no ha dicho que debe ser rechazado siempre”.

O porta voz oficial do Vaticano, é formalmente, o porta voz do Papa, pelo que as palavras de BXVI sobre o tema foram agora clarificadas.
Por um lado o Papa e a igreja admite o aborto terapêutico quando é o único meio de salvar a vida da mulher grávida, por outro critica as excomunhões no caso dos médicos que salvaram a menina brasileira através de aborto trapêutico .
Volto a repetir que neste último caso se tratou de um aborto terapeutico ( e não aborto indirecto) pois não se aplica aqui a teoria do duplo efeito.
Finalmente, um pouco de bom senso no meio de tantas falhas na comunicação.

Sensibilidade e puro bom senso

"No sábado, Lombardi esclareceu que a condenação a toda forma de aborto na África pronunciada na véspera pelo papa não inclui os abortos “indiretos” nem casos limites como o ocorrido no Recife com uma menina de 9 anos.
A moral da Igreja desde sempre aceita o aborto indireto, como quando a mãe está gravemente doente e deve ser curada e a criança pode perder a vida em conseqüência disso. Se tenta curar a mãe”, afirmou.
“O papa não falou de aborto terapêutico, o que condena é que o aborto seja introduzido como meio de controle de natalidade”, explicou Lombardi, que citou o caso da excomunhão da mãe que autorizou o aborto na filha de 9 anos, estuprada pelo padrasto, anunciada pelo Arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, que foi criticado até em meios católicos.“Foi um caso limite. Foi uma excomunhão declarada apressadamente em uma situação de extrema dificuldade”, disse Lombardi.[Jornal do Commercio, 23 de março de 2009, "Internacional", página 12]


segunda-feira, março 23, 2009

Em paris , Grupos de neonazis atacaram fisicamente um grupo de manifestantes que se manifestava pacificamente contra as palavras de BXVI sobre o preservativo.

Os cabeças rapadas amantes papais gritaram palavras de ordem e rezas em latim enquanto agrediam os pacíficos manifestantes.

A polícia francesa prendeu 11 agressores.

Crimes contra a humanidade

Es sumamente hipócrita condenar los preservativos en regiones como las africanas con alto riesgo de Sida y, al mismo tiempo, querer proteger a los pobres de las enfermedades más nocivas. "

Entretanto, várias ONGs e organizações de saúde em todo o mundo denunciam a conduta do actual papa.

Em Portugal, um Bispo teve a coragem de afrmar publicamente o que todos os católicos concientes pensam: Proibir o preservativo «é consentir mortes».

Papolatria

"El pontificado de Benedicto XVI, sin más, atraviesa su peor crisis. Los demonios andan sueltos por los pasillos romanos y los reproches entre actores de la curia se han venido haciendo más abiertos. Inusual el tono de L’Osservatore, el diario de la Santa Sede, que denuncia Miserables filtraciones de noticias. La sorprendente carta del Papa a los obispos, difundida a la prensa días antes de su presentación, pretende argumentar y admitir ciertos errores sobre el proceso de perdón a los lefebvristas, sin embargo, pone en evidencia grandes tensiones y disputas dentro de la Iglesia, así como, por el tono del texto, el aislamiento del pontífice y la crisis de gestión del aparato vaticano.
(...)La prensa italiana ha destacado en las últimas semanas las fisuras dentro del grupo más cercano a Benedicto XVI, sus titulares destacan la soledad del Papa, el fuego amigo, la guerra en la curia al Papa incomprendido, la rebelión de obispos por el perdón a lefebvristas, etcétera.
Al respecto, el cardenal italiano Tarcisio Bertone, secretario de Estado Vaticano, ha venido recalcando insistentemente que el Papa no está solo y que sus colaboradores le son fieles; con diferentes argumentos rechaza los análisis de los principales vaticanistas italianos que consideran una crisis profunda en el pontificado actual. El destacado analista en temas pontificios Marco Politi concluye, en La Repubblica, de manera contundente: algo está funcionando muy mal en la curia romana. Como si todo esto fuera insuficiente, se detonó otra bomba proveniente de una apartada y pobre región nordestina de Brasil, con la excomunión a médicos y una madre brasileña por el aborto de su hija de tan sólo nueve años, violada por su padrastro, con un embarazo que ponía en definitiva en riesgo su vida
.
La histriónica intervención de excomunión del arzobispo de Olinda y Recife, José Cardoso Sobrinho, provocó un rotundo y sonoro rechazo nacional e internacional generalizado. La excomunión fue avalada en su momento por Giovanni Battista Re, prefecto de la Congregación para los Obispos y presidente de la Pontificia Comisión para América Latina; acentuaron la crisis sin precedentes que recae en Roma y cuyo objetivo, de nuevo incide en Benedicto XVI.
Medios, sobre todo europeos, laicos y no pocos clérigos cuestionan la conducción de Benedicto XVI, critican su mandato y visión por exhibir una Iglesia rígida ante las nuevas exigencias del mundo. A punto de cumplir 82 años, a casi cuatro años después de haber sido elegido Papa en abril del 2005, Joseph Ratzinger se enfrenta a una serie de críticas abiertas e inéditas dentro y fuera de la Iglesia, que sólo se puede comparar con los reproches hacia Paulo VI cuando publicó en 1968 la encíclica Humanae vitae.
El teólogo Hans Küng, actualmente de visita en España promoviendo su libro autobiográfico, se preguntó por qué el Papa sólo ha extendido la reconciliación a los sectores más conservadores de la Iglesia y no con los teólogos reformistas del concilio. (El País, 16/03/2009).
Efectivamente, la ofensiva cultural de Ratzinger contra el relativismo marca su pontificado con el sello de la intransigencia y la pretensión de cercar en Occidente el debate público. Sin embargo, ha cometido errores mayúsculos, como en Ratisbona frente al mundo musulmán; sus comentarios incorrectos frente a los indígenas americanos en el Consejo Episcopal Latinoamericano (Celam); el nombramiento de obispos ultraconservadores o posturas rígidas y hasta insensibles, como el caso de la niña brasileña o la sonada eutanasia de la italiana Eluana Englaro. Otro nudo central de la crisis que enfrenta Benedicto XVI es el lugar, la interpretación y la pertinencia del Concilio Vaticano II. Como señalábamos en una entrega anterior en La Jornada, se le reprocha al Papa abandonar o ejercer una lectura conservadora del concilio.
(...) En los más de 20 años que hemos venido siguiendo el comportamiento del Vaticano, jamás habíamos observado una crisis tan profunda y sonora, donde la visión, la autoridad y la confianza hacia un pontífice se pongan en cuestión. Su imagen se ha venido erosionando. Pocas veces un Papa ha expresado, en una carta tan fuera de lo común, su sufrimiento en el cargo de forma tan personal, así como recriminar posturas autodestructivas dentro del cuerpo eclesial. Con el mordaz sentido del humor italiano, en los cafés cercanos a la Plaza de San Pedro, se dice que el Vaticano necesita en su cabeza un nuevo Obama y no un viejo Bush."
Redes cristianas

domingo, março 22, 2009

"Portanto, à pergunta 'como pode um pai (ou uma mãe) esquecer-se de um filho dentro de um carro?' segue-se uma outra para fazer devagar: poderá isto acontecer a qualquer um de nós?. E, já agora, será um drama desta natureza, individual e com contornos únicos e íntimos, apenas um sintoma da vida do protagonista? Ou poderá ser também - além da sua dimensão única e deveras íntima - o sintoma de uma realidade social?
"Pode. Pode ser um sintoma da nossa realidade social. E dou-lhe o exemplo da radicalização a que chegaram as exigências laborais. Esta radicalização influencia a estrutura familiar e pode potenciar as tragédias, os acidentes", explicou Manuel Sarmento, sociólogo e membro do Instituto de Estudos da Criança (IEC), da Universidade do Minho. Significa isto que as pessoas andam hoje muito mais cansadas, muito mais preocupadas, a "viverem a um ritmo acelerado, que não é o delas", pormenoriza Paula Cristina Martins, Psicóloga e também membro do IEC.
A psicóloga alerta para o facto de que "os indivíduos privilegiam os filhos no seu discurso, mas que é o trabalho que as domina, relegando as relações e os afectos para segundo plano". Não é que gostem menos das suas pessoas e muito menos dos filhos, é só que por imposição da própria vida "têm menos disponibilidade de tempo e menos disponibilidade mental porque estão cansadas", diz.

Aqui

Santos pedófilos


Bom senso

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desautorizou a iniciativa do arcebispo de Recife e Olinda de anunciar a excomunhão da mãe da menina de 9 anos submetida a um aborto na semana passada e da equipe médica que participou da interrupção da gravidez. A menina, estuprada pelo padrasto, estava grávida de gêmeos.
O secretário-geral da CNBB, d. Dimas Lara Barbosa, disse que a mãe da menina não está excomungada, pois agiu sob pressão e com o objetivo de salvar a vida da filha. "Não temos elementos para dizer qual médico está excomungado e qual não está. Depende do grau de consciência de cada um", disse ainda d. Dimas. Segundo o secretário-geral, estão excomungados somente os profissionais "conscientes e contumazes" na prática do aborto.
Durante entrevista coletiva, foi distribuído um documento sobre excomunhão, assinado pelo assessor canônico da CNBB, padre Enrique Pérez Pujol, que destaca o fato de que a punição não deve ser aplicada em meio a uma polêmica. A afirmação de d. José Cardoso Sobrinho sobre a excomunhão da mãe e dos profissionais envolvidos no aborto foi feita um dia depois da interrupção da gravidez.

sábado, março 21, 2009

O papa não estremece perante os corpos ceifados pela sida porque para ele o problema é outro – eles pecaram e se não tivessem pecado não tinham sida. Para Bento XVI e para quem como ele pensa (sejam os seus cardeais, João César das Neves ou quaisquer mullahs), o que interessa é a defesa de um “bem superior”, “bem” esse que, convenientemente, se faz traduzir por uns escolhidos. Perfeita ilustração dessa ideia de bem é o discurso de José Cardoso Sobrinho, o bispo brasileiro famoso por excomungar toda a gente que ajudou uma menina de nove anos grávida de gémeos por violação a abortar. À revista Veja de anteontem, Sobrinho assegura que “não é lícito, para salvar uma vida, eliminar a vida de dois inocentes”. Para este homem, que reconhece na entrevista nem saber o nome da menina, a vida dela é igual à dos dois embriões. Aliás, vale menos: porque os embriões são uma ideia de pureza, e ela, com nove anos, já não é “inocente”. sto, em todo o seu esplendor, é o catecismo do Vaticano.

Confesso ter dificuldade em distingui-lo, no campo dos princípios e dos resultados práticos, do dos selvagens que na Somália apedrejaram até à morte uma menina de 14 anos por ter sido violada."

A ana escreveu este texto e , em boa verdade ,tenho a mesma dificuldade que ela.

Sinais de Esperança

Enquanto alguns soçobram no disparate, outros trabalham arduamente para construir a esperança.

Um execelente exemplo, esta iniciativa.

sexta-feira, março 20, 2009

Condoms


O melhor cartoon sobre o comentário dos preservativos.

Beatas


Pela Vida


Catholic Agency for Overseas Development (CAFOD) published a paper urging a range of methods to fight AIDS:
For many in Africa and Asia, sex is often the only commodity people have to exchange for food, school fees, exam results, employment or survival itself in situations of violence. Any strategy that enables a person to move from a higher-risk towards the lower end of the continuum, CAFOD believes, is a valid risk reduction strategy."
Vatican officials have said that in the field some individual priests or health care workers might see fit to counsel use of condoms in particular cases. Monsignor Angel Rodriguez Luno, a professor of moral theology at the Pontifical University of the Holy Cross, said on Friday. "But if we are dealing with someone or a situation in which clearly persons are going to act in harmful ways, say, a prostitute who is going to continue her activities, then one might say, 'Stop. But if you are not going to, at least do this, said Luno, who is an adviser to the Congregation for the Doctrine of the Faith, a Vatican department charged with safeguarding orthodoxy.
One possible avenue for a new condom policy would be a "lesser-of-two-evils" approach. In this regard, condoms could be approved as a means of reducing the instance of danger or sin in cases where someone is bent on having extramarital sex or sex with a spouse while infected with HIV.

pela vida







Deus nos preserve do fundamentalismo




Cartoons de António

Uns cultivam o ódio, outros lutam pela vida

DREAM! Um sonho que se tornou realidade!”. Com estas palavras, o Papa Bento XVI saudou a delegação da Comunidade de Sant'Egidio no fim de um encontro em Yaoundé, nos Camarões, referindo-se ao programa de luta contra a SIDA da Comunidade em África.
O programa DREAM, que providencia tratamento anti-retroviral gratuito a milhares de africanos tem incidido especialmente no tratamento de mulheres grávidas, impedindo que nasçam crianças seropositivas.

A Comunidade Católica Sant'Egídio é também conhecida em África e noutras zonas do mundo por participar activamente em mediações de paz em zonas de conflito, sobretudo pelos préstimos de mediador nas conversações que culminaram com o acordo que trouxe a paz de volta a Moçambique em 1992.

quinta-feira, março 19, 2009

Rir é preciso.


Um dos melhores blogues lúdicos. Ou a prova que a realidade é mais estranha que a ficção...
( Há outros igualmente divertidos e com profetas de deus e tudo)....

A banalidade luminosa dos dias

" O ar todo branco e amarelo, todo drapejado de bandeiras azuis e verdes, de escarlates reclamos que hão-de ser os rubis da noite.
Acaba a manhã, começa o país a que chamamos tarde.
Vem hoje lavada a água que o rio é, faz bem recebê-la ao alto da ponte, entre gente passageira como o que há e é."
Daniel Abrunheiro





















De mim

habito no lugar mais plácido da casa,

lá onde as crianças ainda tropeçam em labirintos

e as flores soçobram na quentura dos dias.

Clássicos

Cada vez gosto mais de Dostoievski. Dou por mim a voltar a velhas páginas e deliciar-me com a escrita. Agora a net possibilita a proletarização dos clássicos.

Aqui fica um pequeno excerto que me mandaram ontem e que reli com um profundo gozo,

a propósito dos novos inquisidores.

Negacionismo

A Igreja de Bento XVI tem-se caracterizado pelo negacionismo. Por um lado lado é uma igreja que aceita e acolhe os negacionistas do holocausto.

Agora aparece empenhada no negacionismo sistemático da realidade e das evidências científicas: a SIDA existe, mata milhões de pessoas por ano e nenhum programa de prevenção pode ser seriamente pensado ou implementado sem incluir a promoção do sexo seguro e o uso de preservativos, sobretudo em regiões do globo onde a SIDA é endémica.

Por outro lado, esta disparatada oposição ao uso profiláctico do preservativo assenta num falso pressuposto que tem sido alimentado por um certo clima de suspeição e cinismo. A ideia é que, se houver acesso ao preservativo, está-se a incentivar a promiscuidade sexual, quando nenhum indicador sério, nem nenhum estudo sistemático evidenciou este nexo de causalidade.

Ora nenhum organismo de saúde internacional, nenhuma ONG vocacionada para a promoção da saúde ou dos direitos humanos advoga que o uso do preservativo, isoladamente, é a panaceia para resolver as questões da transmissão da SIDA. Nem promovem ou incentivam a promiscuidade sexual ao facultarem o uso de preservativos ou fazerem ensinos sobre sexo seguro.

Muito pelo contrário. Todos os programas da OMS, da UNAIDS, dos MSF e das inúmeras associações (muitas delas católicas) que trabalham no terreno, advogam que as questões comportamentais, a redução do número de parceiros, a educação para a sexualidade são também elementos importantes na prevenção das DSTs em geral e da SIDA em particular. Mas, nesta abordagem a utilização adequada do preservativo não pode ser de forma alguma excluída, visto que é a única forma, comprovadamente eficaz de reduzir o risco de contágio numa relação sexual. E sabemos que a principal causa de infecção são as relações heterossexuais não protegidas.

Particularmente em áfrica, onde tantas mulheres e crianças são vítimas de abuso e violação, onde o casamento precoce de meninas é vulgar, onde as práticas de poligamia estão inculturadas em muitos grupos populacionais, onde o estatuto social das mulheres não lhes permite com eficácia ter uma efectiva autodeterminação sexual, a maoir parte das vezes a primeira linha de resposta tem de ser, necessariamente, possibilitar o acesso a relações sexuais protegidas, ou seja, ao preservativo.

Por tudo isto, o negacionismo do Papa é profundamente preocupante. O negacionismo pode ser confortável, mas negar sistematicamente a realidade, quando isso implica a destruição de vidas humanas, tudo em nome de dogmatismos estéreis e com frágil fundamentação teológico doutrinária , além de ser profundamente imoral, tem um preço.
O preço é uma Igreja caricatura do Evangelho, completamente desligada das pessoas e das dificuldades concretas que enfrentam. O preço é uma Igreja obesa e farisaica, mais preocupada com "a Lei" que com o homem, mais preocupada em manter um certo status quo que com a vida dos seres humanos.

E quando digo vida não me refiro a conceitos abstractos, mas de questões de vida ou morte de pessoas concretas, que vivem, respiram, sonham e amam.

"De facto, porque razão deve ser um imperativo moral alimentar alguém por uma sonda de um polímero, algo completamente não natural, e, por exemplo, dizer que «representa uma grave infração dessa mesma lei natural» a utilização de um polímero análogo na protecção da vida dos parceiros de alguém contaminado com o HIV?"

Pró-Vida

With over 7,400 new HIV infections daily, comprehensive approaches – including condom use – are essential to stop the spread of the AIDS epidemic, the Joint United Nations Programme on HIV/AIDS (UNAIDS) said today, warning that there is no “single magic bullet” for prevention.

Condoms are an essential part of combination prevention,” which also includes access to HIV information and treatment, waiting longer to become sexually active, reducing multiple partners and concurrent relationships, ensuring human rights and reducing stigma, the agency said in a press statement.

An HIV prevention approach based solely on one element does not work and can hinder the AIDS response,”


UNAIDS

quarta-feira, março 18, 2009

Crimes contra a humanidade

O papa fez uma afirmação completamente estúpida.Com impactos sociais complicados.
Mais de 20 milhões de pessoas no continente africano estão infectadas. Não existe vacina nem cura para esta doença.
A única via é a prevenção. A utilização adequada do preservativo é a única medida preventiva eficaz para ter relações sexuais seguras.
Estes são os factos.
Se o Papa estivesse empenhado em evitar novas infecções deveria concentrar-se em promover o acesso aos preservativos e dar informações sobre como usá-los, como fazem todas as organizações católicas do terreno que combatem a SIDA.
Para alguns fundamentalistas catolaicos e para o pobre do Papa, os dogmas religiosos são mais importantes que as vidas das pessoas.
"this represents a major step backwards in terms of global health education, is entirely counter-productive, and is likely to lead to increases in HIV infection in Africa and elsewhere".

Contra os santos pedófilos

Num assomo de dignidade e discernimento e muito provavelmente por pressão de muitos católicos médicos, o Vaticano vem oficialmente reconhecer que o aborto em certos casos, como no da menina brasileira não deve dar azo a excomunhão por se tratar do imperativo ético de salvar uma vida humana inocente.
Foram textualmente as palavras do o Presidente da Pontifícia Academia para a Vida, monsenhor Salvatore Rino Fisichella: "Antes de pensar em excomunhões seria necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente". Esta afirmação pública questiona directamente a posição de fundamentalistas radicais, como o Bispo de Olinda e outros santos pedófilos.
Trata-se de uma posição pública do Vaticano - em primeiro lugar porque foi uma afirmação pública proferida ao mais alto nível pela hiperconservadora estrutura pontifícia, em segundo lugar porque foi publicada no L'OSSERVATORE ROMANO, o jornal "oficioso" do vaticano.
Claro que logo vozes histéricas vociferaram contra monsenhor Salvatore Rino Fisichella. Inutilmente.
Se assim falou é porque é o porta-voz oficial do Vaticano para estas questões e tem a confiança pessoal do papa.

Crimes contra a humanidade


habituado que está à negação do genocídio, desta vez Bento XVI decidiu participar activamente no mesmo, ao afirmar em público que “Não se pode resolver isso [HIV] com a distribuição de preservativos.
Tão ridículo como estas afirmações públicas só o chapelinho da dama que o acolita.
O chapelinho não mata, as palavras do papa são um incentivo ao homicídio.

segunda-feira, março 16, 2009

Meninos bem

tenho a intuição que a maior parte das crianças portuguesas anda por aí os tombos, semiabandonada.
não culpo os pais nem as mães , na maior parte dos casos extremamente cuidadosos, que se dividem em mil tarefas, como animais de corridas, entre horários de empregos instáveis, contas bancárias e sem fôlego sequer para sorrir.
pais que os esquecem no banco de trás dos automóveis porque têm uma reunião inadiável.
nesta espécie de escravatura forçada, os filhos parecem mais como apêndices incómodos fonte de exigências e birras intermináveis de pais exaustos mal acordam.
dói-me quando vejo os miúdos assim abandonados.
rodeados de pais preocupadíssimos com os seus calendários de actividades extracurriculares, esmagados com todos os artefactos tecnológicos, as roupa de marca e protector solar às carradas nem que seja para atravessar a rua, não vão apanhar um melanoma devido à negligência materna.
são os mesmíssimos pais e mães que "vivem para os meninos", com
sites na net a contar a história do seu nascimento, desde a descrição da queca miraculosa onde resultou o infante aos enjoativos posts da gravidez deste o dia 1, num narcisimo balofo.
entretanto os miúdos crescem. tornam-se mais fonte de exigências do que de gratificação narcísica.
e os pais com horários impossíveis de gerir, sempre com a corda na garganta, numa angústia quotidiana aliada a um certo desprendimento adolescente.

vejo-os na praia, miúdos de quatro, cinco, seis anos, a brincar à beira mar sem supervisão adulta e arrepio-me. ( à noite noite quando cheguei a casa e a Tv notíciou a morte de mais um menino de 4 anos por afogamento, nem me surpreendeu.).
vejo um puto de 12 anos a espancar o irmão mais novo de três perante a indiferença do pai enrolado na areia com a nova namorada e arrepio-me.
vejo-os nas paragens de autocarro, sabendo que chegam sozinhos a casa e lá ficam horas e horas em frente à net, até que um adulto chegue e arrepio-me.
os miúdos portugueses fartam-se de morrer durante o fim de semana.
acidentes , afogamentos, intoxicações , quedas, disparam durante as férias e pausas domingueiras.
longe das paredes protectoras das instituições - creches e escolas - nesta fase de tempo estão entregues aos pais, melhor seria dizer, a si mesmos.
e morrem sózinhos.

ensinar a sonhar

mesmo num país semiperiférico como o nosso, onde as possibilidades de emprego dos licenciados passam pelo habitual sistema de cunhas, observo com preocupação uam tendência recente bos adolescentes portugueses - a escolha profissional deixou de ser um sonho para se tornar numa espécie de jogada antecipatória de sucesso.

os critérios de escolha dos miúdos já pouco ou nada têm a ver com fascínio, imaginação ou descoberta.

Domingo

Já que hoje não pude ir à Missa, aqui fica a minha oração....

domingo, março 15, 2009

felicidade

sempre que posso fujo para o mar.

é lá que me sinto mais próxima de mim.

Ectogénese

A ectogénese não é uma tecnologia reprodutiva actualmente disponível, muito embora existam grupos de pesquisadores internacionais empenhados em desenvolver as ferramentas necessárias à gestação de fetos fora do corpo da mulher. Os avanços extraordinários no tratamento se prematuros inviáveis há apenas quinze anos, aponta no sentido de que um dia os úteros biológicos possam ser completamente substituídos por artefactos tecnológicos. Na verdade, o limite tecnológico a ser superado é o do quarto dia após a fecundação, quando as tecnologias reprodutivas transferem o pré-embrião para o útero da mulher, até às 24 semanas, quando os recursos neonatais garantem a sobrevivência fora do útero com alguma segurança. Ou seja, o que o útero artificial necessita substituir são as 22-24 semanas em que o útero da mulher ainda é indispensável para o desenvolvimento do feto. Um forte argumento pró-ectogênese será o direito da mulher sobre o próprio corpo. Um útero artificial poderá possibilitar uma gravidez sem as conseqüências indesejadas para o organismo feminino.
(...) muito rapidamente se desenvolverá uma demanda por parte das mulheres desejosas de procriar poupando-se dos inconvenientes da gravidez. Desse ponto de vista, as implicações do útero artificial devem se aproximar não daquelas das procriações medicamente assistidas, mas daquelas da pílula anticoncepcional e da liberalização do aborto. Não será a um ‘direito de ter um filho’, mais ou menos contestável, que se apelará, mas ao direito das mulheres de dispor de seu corpo (Atlan, 2006: 65).

Putro forte argumento vai de encontro às exigencias dos fundamentalistas religiosos que consideram um embrião um ser humano, com os mesmos direitos das Pessoas. Assim, a única forma de salvar milhões de embriões é criar úteros mecânicos que substituam os úteros das mulheres quando estas, por condições físicas ou psicológicas, não tenham hipóteses de continuar a gravidez de termo.

Talvez então a plena igualdade seja possível...
(...) a partir do momento em que as funções de pai e mãe puderem ser reduzidas ao nível microscópico do fornecimento de células para os laboratórios e para os úteros artificiais, o problema dos filhos, de sua criação e educação se tornará mais agudo do que nunca. A relação dos genitores com sua progenitura não será mais necessariamente a norma. Não sendo mais imposta pela necessidade, fisiológica para a mãe, social e jurídica para o pai, ela deverá ser ou imposta, ou substituída institucionalmente (Atlan, 2006: 114).
O ÚTERO ARTIFICIAL. Atlan H. Rio de Janeiro:
Editora Fiocruz; 2006.