domingo, janeiro 11, 2009

Discussões

Entretanto a discussão continua:
"Não conheço o processo todo, mas dele conheço um primeiro acórdão e o sentido das decisões em geral. Ora então, deve, pois, prevalecer a verdade do sangue, que nem de sangue será porque a senhora que deu à luz a criança tem outra posição e ninguém quer nem quis saber qual é. A senhora que deu à luz a criança não é figura mediática, não tem dinheiro, nem está em posição de o obter como parece ser a posição do indivíduo com quem terá tido uma relação fortuita e que não assumiu nenhuma responsabilidade por isso.
Então é assim, uma mulher engravida e durante os nove meses de gravidez fica entregue à sua sorte, ela e o feto, porque é estrangeira e consentiu numa relação sexual fortuita. E qual é o papel do outro interveniente? O santo, o mártir? Se a mulher fica sozinha e entrega a criança a quem dela possa cuidar, o que há de repreensível nisso, seus moralistas de meia tijela? E as pessoas que aceitam essa criança, se afeiçoam a ela que mal é que fizeram? Digam lá seus moralistas. Se foram mal aconselhados juridicamente e mal assistidos pelos técnicos que deviam ter tomado conta do caso, a responsabilidade não foi deles. Ponham-se no lugar dessas pessoas, também. Tentem. Entregavam a criança assim a alguém que se dz pai e deixou aquela que a trazia na barriga, sem lhe dar qualquer apoio para a subsistência e sem a ajudar? Até há muito pouco tempo isso também era crime - abandonar mulher que se tinha engravidado sem lhe prestar assistência.
Todos passam a vilões, menos aquele que deu causa a toda esta confusão. Se não vejamos: se a mulher grávida lhe dá conhecimento disso, dá à criança o nome da mãe dele para que ele a apoie e ele aguarda que os testes de ADN lhe deem a certeza. Espera mais do que o tempo que teria sido necessário para uma criança passar fome e não ver satisfeitas as suas necessidades elementares, podendo morrer.
Ele não arrisca nada. A mulher grávida arriscou levar até ao fim a gravidez. O casal do sargento e da mulher arriscaram dar o seu afecto e entregar a sua vida a uma criança. E o homem que não arrisca, tem agora os defensores do sangue do seu lado. Qual sangue qual carapuça, se não tivessem tido os cuidados para com a criança e se tivessem decidido a tê-los, quando o dito pai biológico aguardava o resultado dos teste de ADN, ela tinha morrido. Não é por acaso que há mais de 12000 crianças institucionalizadas em Portugal. É o resultado das teorias da voz do sangue. O sangue que não quer saber delas e os outros que não podem arriscar entregar a sua vida e os seus afectos a uma criança que lhes será tirada quando o sangue se apresentar. Com que então o Dr. Vilas Boas já não a figura repeitável que sempre foi, porque vê as coisas doutra maneira?! Perdeu respeitabilidade quando? Quando criou o Refúgio Aboim Ascensão? Ou segundo os moralistas o Refúgio e as outras instituições servem só para depositar crianças até que o sangue as reclame? Era, segundo vós e o vosso moralismo devia ter acontecido àquela criança até que o santo, o mártir se decidisse, para não morrer de fome ou não ser deixada numa casa de banho pública como vem acontecendo. Já pensaram quantas das crianças que aparecem nas casas de banho e nos contentores do lixo são filhos dos "pais" mártires que esperaram pelos resultados do exame de ADN? São todos santos ou são tosdos parvos? de Jurista "
Comentários retirados aqui
10.Janeiro.2009
... : MB
Uma lamentável decisão de um órgão que devia, acima de tudo, defender a criança. "Refere-se na notícia que os responsáveis do Departamento de Pedo-Psiquiatria do Hospital de Santarém, se recusaram a avaliação de Baltazar Nunes. ... Julgo que esta recusa terá a ver com o facto de o sr em causa ter insultado os profissionais desse serviço público através de carta (pelo menos). A carta que estava transcrita no blog de apoio a esse sr, era de carácter insultuoso, sendo os insultos repetidamente referidos ao longo do blog. Ao que parece, os profissionais não tiveram medo desses insultos e mantiveram os relatórios clínicos que tinham feito sobre a criança. No exercício da sua actividade profissional o médico tem protocolos seguir e não pode ser o doente ou seu acompanhante a impôr o quê e como o médico deve perguntar, receitar e o que deve escrever no relatório. Se assim fosse, os médicos não eram precisos. Não deixa de ser estranho que uma equipa de pedopsiquiatras do melhor que há no país tenha feito relatórios a que o tribunal não ligou, tendo mudado de médicos. O segundo serviço público contratado elaborou relatórios no mesmo sentido e o tribunal continuou a não ligar e mudou de médicos. Agora entrará outra médica e assim sucessivamente até aparecer algum que faça o relatório que convém a uma das partes e, principalmente à juiza. Em último caso, terão de recorrer a um clínico privado... Entretanto esta criança vai engrossar a lista dos futuros "problemáticos" que darão trabalho a outros serviços públicos. "

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