domingo, janeiro 18, 2009

Puta na cama, senhora no salão

É estranho (ou não..) que numa altura em que a emancipação feminina parece um dado adquirido os discursos e estereótipos dominantes sobre a condição feminina se vão repetindo numa espécie de deja vu.
Começa a ser considerado "natural" que a sexualidade feminina ao serviço do macho inclua práticas sexuais consideradas obrigatórias, como a utilização de acessórios mecânicos, gels estimulantes, manobras várias, uma mecanização do sexo reduzido ao utilitarismo biológico no seu extremo. Os livros de sexualidade-para-o-povo e mesmo as revistas femininas com as suas indicações explícitas de práticas de técnicas sexuais mais ou menos exóticas alinham no mesmo diapasão.
Assentam menos na busca do prazer a sexualidade feminina, ou da aflição pelo big O, mas pela ideia subliminar de que uma mulher tudo deve fazer para seduzir ( e manter seduzido) o seu homem, e isso inclui submeter-se a todas as fantasias mais ou menos pornográficas que habitam nasmentes obscuras de todos os machos, mesmo os mais pietistas.
Até as recatadas mães de bragança, fazem workshops sobre dildos ,vibradores e sexo anal, com a mesma devoção com que organizam excursões a fátima e fizeram abaixo-assinados contra putas profissionais. "Ao que tudo indica e segundo o relatos das assessoras que promovem as reuniões na região, a esposas e companheiras dos homens que em tempos procuravam os bares de alterne para desfrutarem da companhia de brasileiras, optaram por fazerem uma auto-avaliação e renovarem a forma de pensar e estar na intimidade com os parceiros". Ou seja, mal por mal preferem ser elas a prostituir-se alegremente e agarrar os seus homens, pelo pénis, já que pelo estômago é uma ideia antiga.
Os preços variam entre os três e os 54 euros. Dos acessórios, não das actividades das mulheres.
Fico na dúvida se as criaturas conseguem bons orgasmos. Ou se seentem verdaeiramente amadas pelos seus homens.
Rezemos para que sim. Ao menos isso.

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