sábado, janeiro 31, 2009
O caso sócrates ou o fim do Estado de Direito?
Ao ver a lama com que tentam eliminar José Sócrates lembrei-me dessa conversa.
Ao ler este post também.
Frost e Nixon ( excelente filme com uma magistral interpretação de Frank Langella)mostra o princípio de uma nova era, em que as instituições jurídicas e o Direito Penal são substituídas pelo linchamento popular do circo mediático.
Nazismo católico
Que o Papa tenha tentado por todos os meios integrar esses grupos minoritários revela que essas organizações têm alguma influência económica e se movem bem no submundo da diplomacia do vaticano.
Não há muito tempo que a matriz neonazi dos tradicionalistas católicos foi denunciada na blogosfera portuguesa a propósito de um blogue português e seus apoiantes. Denúncia esta que teve apaixonadas negações, embora pouco fundamentadas.
A face agora publicamente revelada dos principais mentores do Tradicionalismo Católico não deixa margens para dúvidas: são antisionistas, misóginos, antidemocráticos e bebem o conservadorismo ideológico nos grandes paradigmas do nazismo.
O que leva pois o vaticano a tentar reintegrar estes extremistas?
Só há uma resposta possível - para os dividir e fragmentar.
Para os ter sob rigoroso controlo.
O levantamento das excomunhões marca em definitivo o princípio do fim dos extremistas lefebvrianos.
sexta-feira, janeiro 30, 2009
""Existe o pecado pelo qual merecem não só serem separados da Igreja pela excomunhão, mas também serem retirados do mundo pela morte. Com efeito, é questão muito mais séria corromper a fé, pela qual vem a vida da alma, do que fabricar dinheiro falso, com o qual é sustentada a vida corporal. Por conseguinte, se os fabricantes de dinheiro falso e outros malfeitores são justamente castigados com a morte pelos príncipes seculares, com muito maior justiça podem os hereges ser castigados com a morte imediatamente após o veredicto, e não somente excomungados." (São Tomás de Aquino. Summa Theologica. II.Q.XI)
Olha se tivessem mantido a vera tradição .... não estávamos agora a falar da senilidade do cura nazi.
Ou talvez Deus o castigue com uma morte lenta. A Tradição Católica já não é o que era...
Um momento de verdadeiro riso
De igual forma condena o filme Música no coração porque, adivinhem, nesse filme os nazis são maus, e além disso os protagonistas casam-se porque se amam, quando o amor nada tem a ver com o casamento.
Ah a as mulherzinhas não devem ir para a universidade, basicamente porque as suas mentes limitadas não foram desenhadas para o esforço intelectual .
O tipo é tão execrável ( o cura nazi, como lhe chamam) que vai ser expulso da FSPX
Bispo NAZI pede perdão
Parece,claramente ,que a propaganda nazi não é muito apreciada por Bento XVI, que já fez saber aos Rad TRads quem manda .
Gentes
"Os insuficientes mentais da rádio-televisão, a quadrilha dos bancos, as seitas evangélicas, os poetas, os de Braga, os actores, os engenheiros, os anais e os menstruais, os cancerosos, os que alugam barcos, os à esquerda da direita e os do avesso da esquerda, os solícitos solicitadores, os abstémios, os não-fumadores, os de Setúbal, os filhos-da-puta em geral e as mães deles em particular, os sindicalistas que não fazem boi e os bois que vão para sindicalistas, os bulímicos, os químicos, os de Abrantes, os que usam cachecol, os que usam o Estado, o estado do uso, o estudo do abuso, os coimbrinhas, os que só dão o cu mas aparecem de piça à lapela, os tónico-capilares, os bic-laranjas, os rosa-cristal, os ciganos e os cigmeses e os cigsemanas e os cigdias e os cigminuto-a-minuto, os lopes, os palopes, os motores, os promotores, os disto e os daquilo, os reformados, os reformistas, os reformadores, os formadores, os dores, os de Beja, os taxistas, os utentes, os entes, os doentes, os hirsutos, os mansos e os brutos, os anémicos, os da Pampilhosa, os que tossem, os que rumorejam, os do cinema de produção nacional, os nacionais de produção teatral, os que cortam árvores, os que rotundam, os que se arredondam, os que vendem a salvação em brasilês, os que dizem é-assim de cinco-em-5 segundos, os que dão aulas e os que faltam às aulas, os que superbockam, os que acham bem tant’auto’strada entre nenhures e sítio algum, os que amocham com o andor nas procissões, os que mesmo não sendo mulheres não têm colhões, os que tendo mulheres as deixam ir a pé a Fátima ou sabe-se lá aonde, os de Leiria, os cabeleireiros mais fêmeos do que o elástico dos soutiens, os que já redigem sutiãs, os que se pudessem não deixariam ninguém poder, os suinicultores, os que mexem nas partes dos netinhos, os netinhos, os de Tavira, os que mordem a haste dos óculos, os que bebem o vermute com o mínimo esticadinho até à unhaca de tirar cerume dos pavilhões capiloso-auditivos, os dentistas, os aut(omobil)istas, os que têm o cu virado para África, os que nos venderam a Bruxelas, os que estão em Bruxelas a vender-nos ao resto da Bélgica, os que estão em Bruxelas mas voltam, os que rogam por-obséquio, os que pedem tenhamos-a-fineza, os que nunca leram o Nuno Bragança, os que lêem o Torga, os que vomitam, os que crocitam, os que caganitam, os que gritam, os que se vêm mas não se vêem, os que compram nos chineses camisolas para levar à manifestação contra o desemprego, os secredromedários de Estado, (...)os que põem as filhas no ballet ao dispor dos pedófilos que dão Religião & Moral, os que põem os filhos na heroa, os que dolcegabanam e os que só abanam, os que confundem os canhões de Navarone com a ponte do rio Kwai, os que são mágicos, os trágicos, os que são marítimos, os histamínicos, os cómicos, os noz-vómicos, os da Covilhã, os que trocam a rata da mãe por duas embalagens de bacalhau pré-demolhado, os que são trocados pelas mães, os de Bragança, os de Silves, os do Funchal, os do Pico, os de Cantanhede, os de Viseu, os de Peniche, os de Évora, os de Aveiro, os de Pinhel, os de Newark, os de Portalegre, os de Goa, os da Trofa, os de Sacavém, os de Berna, os só-de-taberna, os de S. Paulo, os de S. Paulo de Frades, os de Oliveira de Azeméis do Hospital de Frades do Bairro, os que paulocoelham, os que siddhartam, os que se peidam que nunca se fartam, os que dizem ámen e os que amenizam, os que vertem e os que entornam, os que tornam, os que se encornam, os que se autorretratam e os que nunca se retractam, os que vêem o telejornal, os que já viram ovnis chamados ufos, os bufos, os tartufos, os alecrínicos e os manjerónicos, os que blogueiam, os que bloqueiam, os que manoeldoliveiram no pátio das cantigas, os que nunca se movem, os que se comovem, os que bradam, os que ladram, os que votaram neste cabrão mas agora juram que não, os não foram eles, os que são outros em vez deles por não ter sido o pai deles a foder a mãe deles, os que mandam nas urgências, os médicos, os que têm tétano por profissão, os que fazem do tédio negócio e os do ódio ócio, os ósseos, os seminais, os seminaristas, os sacerdotais e os chupistas, os que foram às urgências para morrer em casa, os que nascem em ambulâncias, os que nem casa têm onde cair mortos, os de Alenquer, os sibaritas, os hermafroditas, os foditas, os jesuítas, os juristas, os naturistas, os que chupam cabeças, os da bandadalém e os que ficam sempre aquém, os de Sintra, os da Madragoa, os porteiros, os parteiros, os excêntricos, os teocêntricos, os dos amanhãs-que-cantam-quando-a-galinha-tiver-cáries, os de Pombal, os que anoitecem de manhã, os que tonycarreiram, os que encarreiram, os que encarneiram, os do poder local, os do foder boçal, os que vendem meias a paraplégicos, os que ladram Deus ao domingo, os que arrolam testemunhas na esquadra de Jeová, os holocáusticos de David, os do tremoço e os da pevide, os que não comem carne de porco sabe Deus porquê, os que dão sangue mas só o do fim da borbulha, os do Estoril e eu também – tudo merda." assim escreveu o Daniel.
Lugares escuros
É estranho, mas se passarmos algm tempo em sites, blogues ou foruns da beatagem fica-se com uma certa sensação de conspurcação interior.
São sítios bastante sujos. E vem-se de lá com vontade de lavar a alma.
o OUTRO LADO
A velha tem uma vida aguadamente lenta entre as quatro paredes do corredor estreito onde se entreabrem duas portas. A solidão espessa, os estalidos da madeira, já não a assustam.
À noite dorme pouco. Tem medo que os ratos lhe subam na cama e lhe mordam os olhos.
- Já viu, menina, se fico cega?
A velha quer estar deitada na cama do corredor de olhos bem abertos. De vez em quando há uma luz que amarelece a portada e a faz sonhar com anjos. Se não visse os desvarios da luz a dedilhar a portada como sabia dos dias e das noites, das madrugadas que se adivinham muito antes de se anunciar, dos ciclos das chuvas? Gosta do Malato e acha que a menina júlia, à tarde , fala directamente para ela.
- Já viu, menina, se fico cega?
O mundo chega-lhe de assomo, directamente do canto do corredor onde a televisão a espreita - um quadrado muito pequeno de todas as cores, a pingar a humanidade inteira nos estalidos do soalho.
quinta-feira, janeiro 29, 2009
quarta-feira, janeiro 28, 2009
Nazismo católico
A homofobia
Diria que é transversal.
O que é comum em todas estas expressões homofóbicas, além do ódio, é o risível desplante com que se afirmam disparates.
Vão obedecer ao papa ou nem por isso?
At the end of his general audience today, the Pope mentioned his recent decision to revoke the excommunication on "the four bishops ordained without pontifical mandate by Archbishop Marcel Lefebvre in 1988".
"I have undertaken this act of paternal benevolence because those same bishops have repeatedly expressed to me their profound suffering at the situation in which they found themselves. "I hope that this gesture of mine will be followed by a prompt commitment on their part to take the further steps necessary to achieve full communion with the Church, thus showing true faithfulness to, and true recognition of, the Magisterium and authority of the Pope and of Vatican Council II".
Da verdade
Benedicto XVI adoptó el pasado sábado una decisión que revela el signo que quiere imprimir a su papado y que puede acarrear graves consecuencias para la Iglesia. Deseoso de reconducir el cisma con los católicos ultratradicionalistas, levantó la excomunión que pesaba sobre cuatro obispos consagrados por Marcel Lefebvre en 1988. La voluntad de atraerse a este sector extremista de la Iglesia, opuesto a cualquier renovación litúrgica o entendimiento ecuménico con otros credos, ha pesado más en el ánimo del Papa que el consejo de los cardenales de todo el mundo, reunidos en Roma en 2006 para debatir, precisamente, sobre la reconciliación con los lefebvrianos.(....)
El Papa ha enviado una preocupante señal acerca de la actitud de la jerarquía católica, y es que lo que exige a los demás no rige para ella. No existe mayor relativismo moral que, con el solo propósito de cerrar el cisma, transigir con la extrema derecha y la negación del Holocausto.
Estado de necessidade ou Revisionismo histórico
Factos:
Em novembro-dezembro de 1987 o Cardeal Eduardo Gagnon efetuou uma Visita Apostólica ao Seminário de Ecône, à qual se seguiu um intercâmbio de cartas e documentos entre D. Lefebvre e a Santa Sé.
O ponto alto foi o Protocolo assinado aos 05/05/88 pelo Sr. Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e D. Marcel Lefebvre, abrindo perspectivas de próxima reconciliação. Com efeito; o arcebispo declarou então, entre outras coisas: 1) fidelidade à Igreja Católica e ao Pontífice Romano; 2) aceitar a doutrina da Igreja relativa ao magistério eclesiástico e à adesão que lhe é devida; 3) reconhecer a validade da Missa e dos sacramentos celebrados com a intenção requerida e segundo os textos oficiais da renovação litúrgica pós-conciliar; 4) prometer respeitar a disciplina comum da Igreja, especialmente as leis contidas no Código de Direito Canônico de 1983, salvaguardando a disciplina especial concedida à Fraternidade São Pio X por lei particular; 5) empenhar-se numa atitude de estudo com a Sé Apostólica, evitando toda polêmica, a propósito dos pontos da renovação conciliar que lhe pareciam dificilmente conciliáveis com a Tradição.
Mais: o mesmo protocolo previa, além da reconciliação canônica, os seguintes tópicos:
1) A Fraternidade São Pio X eria Sociedade de Vida Apostólica de direito pontifício com estatutos apropriados e dotada de certa isenção relativa ao culto público, à cura das almas e às atividades apostólicas;
2) a concessão, à Fraternidade, de servir-se dos livros litúrgicos em uso até a reforma pós-conciliar;
3) a nomeação de uma Comissão, integrada por dois membros da Fraternidade, destinada a resolver eventuais problemas no relacionamento entre a Fraternidade e a Santa Sé;
4) a eventual nomeação de um Bispo escolhido entre os membros da Fraternidade. A oferta era mais que generosa e a conciliação aprecia inevitável.
Não havia portanto nenhum estado de necessidade, visto que o Vaticano estava aberto à conciliação e as conversações estavam a decorrer normalmente, tendo-se mesmo chegado a um acordo entre partes.
Eis, porém, que logo no dia seguinte (06/05/88) D. Lefebvre escrevia ao Cardeal Ratzinger uma carta-retratação, na qual insistia em ordenar um Bispo aos 30/06, com ou sem a autorização da Santa Sé. Tal atitude do arcebispo, contrária ao protocolo assinado na véspera, não foi aceite pela Santa Sé. Em conseqüência, D. Marcel Lefebvre, aos 02/06/88, escreveu uma carta ao S. Padre declarando sua decisão incondicional de desobedecer à Santa Sé ou de romper com a autoridade da Igreja Católica.
Trata-se portanto de uma atitude cismática consciente e não um impulso ditado por qualquer estado de necessidade subjectiva. D. Lefebvre ordenou quatro Bispos aos 30/06/88 sem a permissão de Roma. Este delito, conforme o Direito Canônico, acarreta imediatamente (sem necessidade de processo e sentença especial) a excomunhão tanto para o bispo ordenante como para os bispos ordenados. Excomunhão esta que foi plenamente válida e produziu todos os efeitos que lhe estão inerentes.
E, se no caso dos últimos a excomunhão foi levantada pela atitude misericordiosa de bento XVI para Lefebvre ela foi definitiva e foi na situação de validamente excomungado e definitivamente cismático que morreu.
Claro que para certos grupos, o revisionismo histórico e o negacionaismo é moda...
Nazismo católico
Willianson nega o Holocausto. Sempre com um já observado sorriso debochado nos lábios afirma que nunca existiram câmaras de gás nos campos de concentração nazistas. Para rematar, sustenta, pelos estudos que diz ter feito, que não houve o extermínio de 6 milhões de hebreus nos campos nazistas. Ainda, que nunca existiu o Holocausto-Shoá.
Aqui pode-se aceder à entrevista do nazi Willianson. Na Alemanha, os neonazis consideram Williamson como um herói e os blogs nazis como o Deutshe Wehrmacht, entoaram loas ao nazi lefebvriano.Durante a jornada do dia internacional da Memória, o papa Bento XVI foi duramente criticado, depois do caso Williamson ter sido notícia no The New York Times. Muitos historiadores afirmam que a misericórdia precisa ser aceita e isto não ocorre com Willianson, que não abdica das suas infamantes afirmações.
Os vaticanistas falam hoje que o ambiente continua muito pesado dentro da Igreja e fora do Vaticano. Internamente, porque os lefebvrianos continuam a não aceitar o estabelecido pelo Concílio Vaticano II. Externamente porque, sem uma declaração do arcebispo Willianson a reconsiderar as suas afirmações, a ofensa permanece.
(:::) Os jornais europeus de hoje destacam a mensagem que a diplomacia vaticana fez circular, no curso do dia da Memória, para tentar apagar a mancha que tingiu essa data internacional. Trata-se da mensagem de Bernard Fellay, o superior da Fraternidade São Pio X que congrega os lefrebvrianos. Ele pede “perdão” ao papa Bento XVI pelas afirmações “negacionistas” do arcebispo Richad Williamson, feitas à televisão estatal sueca.
Entretanto parece que o nazi Willianson já rastejou a pedir desculpa ao Ratzinger.
Bento XVI não dorme em serviço.
A arte de viver no entretanto
Estamos de facto pouco habituados a esperar, é algo que normalmente nos custa: o tempo “parado” é vivido como tempo “perdido”, que podia aproveitar-se para fazermos outras coisas. E nessa dificuldade acabamos por perder realidades essenciais da vida, pois há frutos que só o tempo gratuitamente vivido e partilhado pode dar: não há amizades profundas quando os tempos de estar juntos são todos medidos, nem amadurecimento sem o tempo necessário para “pensar nas coisas”; não há “desfrutar” sem a capacidade de criar dentro de nós tempo e espaço para a beleza de cada detalhe, e mesmo a obra de arte só pode surgir depois de lhe ter sido dado tempo gratuito, até que o “parto criativo” aconteça. Este é afinal mais um dos paradoxos da existência: toda a espera de algo futuro, se for bem vivida, é para o presente que nos remete. E é exactamente esta dificuldade de viver na atitude presente que uma “espera activa” implica, que acaba tantas vezes por nos condicionar a vida. Estamos constantemente à procura da “leitura absoluta” de tudo o que nos acontece, questionando sem parar as razões passadas e querendo garantir – às vezes até à angústia – todas as certezas futuras. E esquecemos que no fundo o tempo trabalha a nosso favor: só no final da vida teremos essa leitura global, e perceberemos o que cada acontecimento, positivo ou negativo, nos trouxe, como nos marcou, e a justeza e as consequências de cada uma das nossas respostas. No entretanto, o desafio é o de ir vivendo na confiança, e optando pelo caminho que em cada momento nos parece o certo, que nos dá paz e “sintonia interior” com a Presença que mesmo no Advento já intuímos. E esta “arte de viver no entretanto” (como lhe chama um companheiro jesuíta) é a que nos faz capaz de viver com verdadeira alegria o tempo presente. Porque, se for a ver bem, o que é que verdadeiramente ainda me falta, aqui e agora, para já ser feliz? "
Bento XVI deixa claro o que pretende
"O Papa Bento XVI afirmou hoje a sua «solidariedade» com os judeus e condenou a negação do Holocausto, após as declarações de um bispo fundamentalista a negar a existência das câmaras de gás. O Papa Bento XVI afirmou hoje a sua «solidariedade» com os judeus e condenou a negação do Holocausto, após as declarações de um bispo fundamentalista a negar a existência das câmaras de gás. Bento XVI também pediu aos quatro bispos fundamentalistas, aos quais anulou a excomunhão, para reconhecerem «a autoridade do Papa e do Concílio do Vaticano II». Aqui
Mais claro que isto.....
Weber dixit
O que diz o vaticano
"O levantamento da excomunhão que suscitou tantos alarmes não conclui um doloroso caminho como o do cisma lefebvrista. Com este acto o Papa limpa o campo de possíveis pretextos para polêmicas infinitas, entrando assim ao verdadeiro problema: a aceitação plena do magistério, compreendido nele obviamente o Concílio Vaticano II. ".
"... é um exercício retórico, se é que não ofensivo, pensar que Bento XVI pode vender com perda, inclusive em parte, o Concílio a qualquer um. Como é retórico também o recorrente pedido de alguns com respeito a que o Papa está verdadeiramente convencido do caminho ecumênico e do diálogo com os judeus. Os esforços estratégicos de seu pontificado estão sob os olhos de todos e seus atos pastorais individuais e de magistério procedem claramente na aplicação da estratégia anunciada ao momento de sua eleição"... "o levantamento das excomunhões não é ainda a plena comunhão. O caminho de reconciliação com os tradicionalistas é uma opção colegial da Igreja de Roma e não um gesto repentino e improvisado de Bento XV...."da aceitação do Concílio se segue necessariamente uma limpa posição sobre o negacionismo. A declaração Nostra aetate, que marca a mais autorizada inflexão católica em suas relações com o judaísmo, deplora os ódios, as perseguições e todas as manifestações do anti-semitismo, dirigidas contra os judeus em qualquer tempo e por qualquer pessoa'. Trata-se de um ensinamento não opinável para um católico". "Os últimos Papas, incluído Bento XVI, explicitaram este ensinamento em dezenas de documentos, gestos e discursos".
"As recentes declarações negacionistas contradizem este ensinamento e são portanto graves e lamentáveis. Dadas a conhecer antes do documento do levantamento da excomunhão, são então –como já escrevemos– inaceitáveis". Aqui.
Bento XVI dixit
"Também eu vivi os tempos do Concílio, estando na Basílica de São Pedro com grande entusiasmo e vendo como se abrem novas portas e parecia realmente o novo Pentecostes, onde a Igreja podia de novo convencer a humanidade, depois do afastamento do mundo da Igreja nos séculos XIX e XX, parecia que se voltavam a encontrar Igreja e mundo e que voltassem a nascer um mundo cristão e uma Igreja do mundo e verdadeiramente aberta ao mundo. Esperámos tanto, mas as coisas na realidade revelaram-se mais difíceis. Contudo permanece a grande herança do Concílio, que abriu um novo caminho, é sempre uma magna charta do caminho da Igreja, muito essencial e fundamental. Mas por que aconteceu assim? Primeiro gostaria de começar talvez com uma observação histórica. Os tempos de um pós-Concílio são quase sempre muito difíceis. Depois do grande Concílio de Niceia que é realmente o fundamento da nossa fé, de facto nós confessamos a fé formulada em Niceia não surgiu uma situação de reconciliação e de unidade como tinha esperado Constantino, promotor desse grande Concílio, mas uma situação realmente caótica de litígios de todos contra todos. (...). Portanto, não é agora, em retrospectiva, uma surpresa tão grande como era no primeiro momento para todos nós digerir o Concílio, esta grande mensagem. Inseri-lo na vida da Igreja, recebê-lo, de modo que se torne vida da Igreja, assimilá-lo nas diversas realidades da Igreja, é um sofrimento, e só no sofrimento se realiza também o crescimento. Crescer é sempre também sofrer, porque é sair de um estado e passar para outro. E no concreto do pós-Concílio devemos constatar que existem duas grandes suspensões históricas. No pós-Concílio, a suspensão de 1968, o início ou a explosão ousaria dizer da grande crise cultural do Ocidente. Tinha terminado a geração do pós-guerra, uma geração que depois de todas as destruições e vendo o horror da guerra, do combater-se e verificando o drama destas grandes ideologias tinham realmente levado as pessoas à voragem da guerra, tinham redescoberto as raízes cristãs da Europa e começado a reconstruir a Europa com estas grandes inspirações. Mas tendo terminado esta geração viram-se também todas as falências, as lacunas desta reconstrução, a grande miséria do mundo e começa assim, explode, a crise da cultura ocidental que pretende mudar radicalmente. (...)
No papel os textos ainda são um pouco antiquados, mas por detrás das palavras escritas está este espírito, esta é a vontade do Concílio, assim devemos fazer. E por outro lado, naturalmente, a reacção: destruir assim a Igreja. A reacção digamos absoluta contra o Concílio, o anti-Concílio e digamos a tímida, humilde busca de realizar o verdadeiro espírito do Concílio. (...). Eis: nestes contextos de duas rupturas culturais, a primeira, a revolução cultural de 1968, a segunda, a queda, poderíamos dizer, no niilismo depois de 1989, a Igreja com humildade, entre as paixões do mundo e a glória do Senhor, empreende o seu caminho. Neste caminho devemos crescer com paciência e agora devemos aprender de modo novo o que significa renunciar ao triunfalismo.
(,,,)Parece-me muito importante o facto de agora podermos ver com olhos abertos o que também cresceu de positivo no pós-Concílio: na renovação da liturgia, nos Sínodos, Sínodos romanos, Sínodos universais, Sínodos diocesanos, nas estruturas paroquiais, na colaboração, na nova responsabilidade dos leigos, na grande co-responsabilidade intercultural e inter-continental, numa nova experiência da catolicidade da Igreja, da unanimidade que cresce em humildade e contudo é a verdadeira esperança do mundo.
E assim devemos, parece-me, redescobrir a grande herança do Concílio que não é um espírito reconstruído por detrás de textos, mas são precisamente os grandes textos conciliares relidos agora com as experiências que fizemos e que deram fruto em tantos movimentos, tantas novas comunidades religiosas. .Cresce também hoje a presença do Crucificado ressuscitado, que tem e conserva as suas feridas; é ferido, mas precisamente assim renova o mundo, dá o seu sopro que renova também a Igreja apesar de toda a nossa pobreza. E diria, neste conjunto de humildade da Cruz e de alegria do Senhor ressuscitado, que no Concílio nos deu uma grande indicação de caminho, podemos ir em frente jubilosamente e cheios de esperança.” (Encontro do Papa Bento XVI com o clero das Dioceses de Belluno-Feltre e Treviso, Igreja Santa Justina Mártir Auronzo di Cadore, 24 de Julho de 2007)
Sinais
[...]
Conforme as faculdades que me foram expressamente concedidas pelo Santo Padre, Bento XVI, em virtude do presente Decreto, revogo dos Bispos Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfons de Galarreta a censura de excomunhão latae sententiae declarada por esta Congregação em 1 de julho de 1988 e declaro privado de efeitos jurídicos a partir do dia de hoje o Decreto então publicado. "
Conclusões;
1- Lefevbvre foi validamente excomungado e assim morreu.
sábado, janeiro 24, 2009
Morrer de olhos abertos
È outro livro de Hennezel com que acabei o dia.
É mais um livro absolutamente extraordinário e comovedor sobre a arte de morrer.
Quando se fala tanto da questão da eutanásia e do direito de nos apropriarmos da nossa própria morte, há vozes que pensam que isso é plenamente possível sem o suicídio assistido.
Para morrer de olhos abtertos, há que viver de olhos abertos.
sexta-feira, janeiro 23, 2009
Os catolaicos
Não é o Islão que me assusta. São os seguidores do Rabi, que, se tivessem novamente poder ( que perderam felizmente para a humanidade, mas perderam muito a contragosto e à custa do sangue dos outros), voltavam a abrir os cárceres da inquisição ou mesmo os modernos campos de concentração onde enfiavam os relapsos, os homossexuais, os ateus, os recasados, os cientistas, as mulheres em geral...
Puta que os pariu a todos.
( Prometo não me intoxicar mais com gente dessa.)
quinta-feira, janeiro 22, 2009
A educação é perigosa
A educação, acrescenta, tem um «lado negro»: semeia a dúvida.
Pensei que era esse o objectivo da educação. Levar as pessoas a pensar e a reflectir:
No fundo trata-se de mais uma manifestação de um fenómeno recente - a religião contra a ciência e o conhecimento científico.
Uma espécie de fruto proibido, a origem do mal e do pecado.
Esperança
Foi assim que os pais falaram aos filhos. Em muitas casas de todas as cores.
segunda-feira, janeiro 19, 2009
domingo, janeiro 18, 2009
Puta na cama, senhora no salão
Os preços variam entre os três e os 54 euros. Dos acessórios, não das actividades das mulheres.
sábado, janeiro 17, 2009
Pro-choice sempre!
Mas se ela decidir ter este filho, merece todo o apoio.
Afinal eu defendo que qualquer mulher deve ter a liberdade absoluta para escolher a evolução da gravidez e para dispor sobre o seu corpo e a sua vida (ou a sua morte, quando uma gravidez é sinónimo dela.)
Desde que escolha livremente.
sexta-feira, janeiro 16, 2009
Post à maneira antiga
Face a deus e de cu para o povo, assim gostam os rad trads.
Tanta fixação com a visão dos traseiro dos outros deve ter uma explicação.
Não serão um bocadinho pederastas nem nada??
Fia-te na virgem....
"Outra notícia do dia tem a ver com a recomendação emanada do Vaticano sobre a proliferação de aparições da Virgem Maria em países como a Roménia, a Itália, o Equador, Chile, México e Espanha.Um voto de silêncio é pedido a todos quanto julgam ter assistido a essas ocorrências até que equipas de« psicólogos, teólogos, padres e exorcistas» possam fazer o seu trabalho junto dos videntes. Evidentemente que essa disposição não tem efeitos retroactivos." Aqui
De facto, segundo indicações precisas de Bento XVI ( que não é propriamente um aficcionado de aparições ),
" o autor da denúncia da hipotética aparição também deverá submeter-se a visitas de psiquiatras e psicólogos ateus e católicos. O objectivo é atestar a saúde mental e descartar a ocorrência de delírios ou doenças de carácter histérico. "
Parece-me bem.
Isto sim é um milagre
- uma capacidade em manter a serenidade em situações extremas.
Tanto num caso como noutro, os mais velhos aprecem ganhar aos mais jovens.
quinta-feira, janeiro 15, 2009
dos dias
quarta-feira, janeiro 14, 2009
Políticas natalistas
segunda-feira, janeiro 12, 2009
O amor é relação
"Um facto salta à vista (pelo menos à minha): quem não tem filhos, mais facilmente culpabiliza os pais adoptivos, subestimando o valor afectivo que Esmeralda terá para eles e vice-versa. Já quem os tem, tende a opor-se às pretensões do pai biológico, que afinal renegou a miúda quando nasceu e só começou a lutar por ela um ou dois anos depois quando foi obrigado a reconhecê-la - e já num enquadramento mediático em que se torna difícil descortinar a verdade. A razão para uma ou outra escolha parece-me óbvia: quem tem filhos sabe que é depois de estes nascerem que os laços se aprofundam no sentido da natural devoção incondicional; antes disso, vive-se apenas uma espécie de ficção encantadora. É nas vigílias nocturnas, nos banhos, na primeira papa, no limpar dos ranhos, dos rabos, dos vomitados; é no levantar cedo para a escola, nas reuniões de pais e nas idas ao pediatra, que o amor se aprofunda e constrói, um bocadinho mais todos os dias. É por sabermos na primeira pessoa que o amor pelos nossos filhos - e o deles por nós, - cresce nos pequenos prazeres e sacrifícios que tendemos a simpatizar com o sargento e com a sua mulher e a termos a certeza de que a miúda é feliz com eles e de que será uma maldade muito grande separá-los. Objectivamente, é fácil perceber porque é que Esmeralda, que há poucas semanas teve de ser arrancada do carro aos gritos para ser entregue ao pai biológico, se mostra aparentemente satisfeita por estar com ele. Pensará porventura que está numa espécie de férias, num interregno divertido com um homem que a leva a comer gelados, à feira e ao cinema. Aposto que ninguém lhe disse ainda que não mais voltará para os pais que sempre conheceu nem que a sua vida mudou para sempre. Por agora a sua vida é festa, brinquedos novos e feira. Por outro lado, é fácil questionar as motivações do pai verdadeiro. O resto do post pode ser lido aqui e é a melhor síntese sobre o assunto que já li em toda a blogosfera.
domingo, janeiro 11, 2009
Cadáveres de crianças e propaganda de guerra
Pobre esmeralda.
Amor pela menina é que não se lê por lá.
Discussões
10.Janeiro.2009
... : MB
Uma lamentável decisão de um órgão que devia, acima de tudo, defender a criança. "Refere-se na notícia que os responsáveis do Departamento de Pedo-Psiquiatria do Hospital de Santarém, se recusaram a avaliação de Baltazar Nunes. ... Julgo que esta recusa terá a ver com o facto de o sr em causa ter insultado os profissionais desse serviço público através de carta (pelo menos). A carta que estava transcrita no blog de apoio a esse sr, era de carácter insultuoso, sendo os insultos repetidamente referidos ao longo do blog. Ao que parece, os profissionais não tiveram medo desses insultos e mantiveram os relatórios clínicos que tinham feito sobre a criança. No exercício da sua actividade profissional o médico tem protocolos seguir e não pode ser o doente ou seu acompanhante a impôr o quê e como o médico deve perguntar, receitar e o que deve escrever no relatório. Se assim fosse, os médicos não eram precisos. Não deixa de ser estranho que uma equipa de pedopsiquiatras do melhor que há no país tenha feito relatórios a que o tribunal não ligou, tendo mudado de médicos. O segundo serviço público contratado elaborou relatórios no mesmo sentido e o tribunal continuou a não ligar e mudou de médicos. Agora entrará outra médica e assim sucessivamente até aparecer algum que faça o relatório que convém a uma das partes e, principalmente à juiza. Em último caso, terão de recorrer a um clínico privado... Entretanto esta criança vai engrossar a lista dos futuros "problemáticos" que darão trabalho a outros serviços públicos. "
Dura lex sed lex - o caso esmeralda ou a pena de morte aplicada a crianças
A ciència dá respostas
No frio
Mulheres no polo. estão no alvo de uma interessante discussão de carácter machista.
Classicamente as missões de pesquisa científica em situações de isolamento tem sido feita por equipas masculinas - ou seja basicamente por homens.
quarta-feira, janeiro 07, 2009
Percursos
Quando estamos mais cansados, com vontade mesmo de desistir, recebemos mais um sinal.
A certeza de que os nossos passos não estão sós, que o que nos habita é luminoso, que tocamos tanta gente com o nosso amor. Não devia duvidar tanto. Sempre que duvido há um sopro.
Nada de extraordinário - vozes e presenças de pessoas concretas. Hoje, mais uma vez, numa reunião à tarde, na faculdade.
Teresa de Calcutá foi a minha revelação no ano que passou. Não por ser um ícone religioso fabricado, com ideias retrógradas, mas por ser uma mulher descrente e solitária, por duvidar profundamente e mesmo assim buscar. E, no meio da dúvida e até da descrença mais absoluta, continuar a fazer o bem, porque não há alternativa.
Que outra coisa podemos fazer a não ser o bem?
Que outra divindade nos resta se não amar a humanidade com toda a nossa paixão?
Migrações
"Le déclin démographique est un puissant facteur de prise de conscience pour les nations développées : elles ont à la fois besoin de remplacer leur population vieillissante et de développer des emplois répondant à ce vieillissement. D'où la concurrence à laquelle se livrent les pays développés pour attirer les migrants très qualifiés. Mais dans le même temps, ils persistent dans l'idée qu'il faut fermer les frontières aux autres, alors même que leurs besoins en main-d'oeuvre peu qualifiée sont aussi, si ce n'est plus, importants. Des pénuries de main-d'oeuvre existent partout dans le bâtiment, l'agriculture, les services à la personne. L'Europe illustre bien ces contradictions : elle cherche à la fois à maintenir ses frontières fermées aux uns et à les entrouvrir aux autres, le tout sous le contrôle d'une opinion publique utilisée comme arbitre du maintien de mesures répressives." Catherine Wihtol de Wenden em entrevista no Le Monde
Texto a saber a baunilha
"Faz-se manhã. A luz é de uma consistência e de uma doçura de baunilha. Um rosto bonito com mulher por baixo leva-se café à boca. Aqui dentro está-se bem. Da padaria chega ao salão o bafo dormente dos fornos a lenha. Surge uma criança encarnada com uma chave vermelha na mãozita. Lá fora, os cedros fumegam geada, esculpidos pelo sol de inverno. A formosura toca as coisas por dentro. A terça-feira ergue e estende a tenda colectiva: córregos, azinhagas, vertentes, pedreiras, taludes, eiras, jeiras, laranjeiras, capelas como dedadas de cal nos vidros que ladrilham os longes. Sinto a quietação dos prenúncios: toda a paciência e nenhum exorcismo. "
do Daniel
Reis Magos
"Já é sabido: em lugar algum nos diz a Palavra que os Magos eram Reis (muito menos nos dá nomes deles e quantos seriam). Eram astrónomos e estrangeiros de leste, duas condições que nunca abriram portas a ninguém.Herodes e toda a Jerusalém ficaram irritadíssimos por receberem lições sobre as suas profecias daqueles estranhos. Simularam interesse no assunto e pediram aos teo-cientistas (uma respeitável profissão que o Iluminismo destruiu) que assim que encontrassem o menino lhes viessem dar conta. Valeu que o Espírito Santo em sonhos lhes instruísse que tomassem outro caminho de regresso. Tivessem os Magos sido abandonados às suas boas intenções e teriam colocado o ouro (e o incenso e a mirra) nas mãos dos bandidos.O exemplo destes homens do Oriente persiste: muito estudo, muito trabalho e no fim adoração ao Deus verdadeiro." do Tiago Oliveira Cavaco
Guerra
Mas, no saldo da crueldade da guerra, a responsabilidade do Hamas é infinitamente maior. Se há que escolher um lado, sejamos claros - quem ataca um exército convencional a partir de uma escola, usando como escudos humanos crianças e civis sabe que está aprovocar uma carnificina conscientemente.
terça-feira, janeiro 06, 2009
Estatuto jurídico da mulher no Estado Novo
A Constituição de 1933, ao afirmar a igualdade dos cidadãos perante a lei , no art.º 5º, abre uma excepção para as mulheres "pelas diferenças que resultam da sua natureza e do bem da família"
- As regras estabelecidas colocam a mulher na dependência do homem, pai ou marido.
- A mulher deve assegurar o futuro da raça no lar.
- A instrução é um perigo e por isso suprime-se a coeducação, e a orientação do ensino primário, no concernente às raparigas, deve ter em conta a economia doméstica e os cursos de costura.
- O trabalho realizado pelo homem, mesmo que seja penoso, é sempre uma alegria, e existe a melhor harmonia entre dirigentes e dirigidos. A mulher só é feliz se estiver à guarda do homem.
- No interior do lar o homem detém a autoridade e a mulher deve receá-lo, servi-lo e obedecer-lhe.
O Código Civil de 1939:
- Concede ao marido o poder de obrigar a mulher a regressar ao domicílio conjugal.
- A mulher não pode ter passaporte nem viajar para o estrangeiro sem a autorização do marido, mesmo que estejam separados.
- Os casados pela Igreja não podem divorciar-se (Concordata com a Santa Sé, 1940).
Educação das mulheres
"Garantida a entrada na educação primária e em certas profissões médias, um grupo selecto de mulheres tinha conseguido cumprir as exigências prévias à entrada nas universidades. Permaneceriam estas fechadas?. Tomemos o caso paradigmático das relações de Concepción Arenal com a universidade espanhola. Esta que é, sem lugar a dúvidas, uma das nossas melhores juristas, solicitou a sua entrada no curso de direito avalada pelo seu talento excepcional e por uma família de académicos e reitores que confiava nela. Tais eram as disposições e pressões, que se decidiu admiti-la. No entanto as características que teve esta admissão dizem muito sobre as barreiras que se opunham à formação universitária das mulheres. Concepción Arenal foi admitida como ouvinte em leis desde que a sua presença nos claustros universitários não resultasse indecente. Na prática, isto traduziu-se na obrigação de ir às aulas vestida de homem. "
A educação das mulheres
Num primeiro momento algumas mulheres asseguraram o ensino primário regulado. A razão aduzida para obtê-lo foi conforme ao cânon doméstico: para cumprir adequadamente as funções de esposa e mãe, os conhecimentos de ler, escrever e contar pareciam necessários. Tal petição, tão conforme à submissão doméstica, não podia ser rejeitada, de maneira que, ao abrigo desta feminina disposição, foram criadas escolas primárias para as meninas. Um pouco mais tarde, alguns grupos de mulheres exigiram a sua entrada nos tramos médios do ensino. A razão aduzida também se protegeu com o respeito pelo modelo vigente: podia dar-se o caso de que algumas mulheres, conhecendo que sem dúvida o seu destino era o matrimónio e a maternidade, por circunstâncias adversas de fortuna não pudessem cumpri-lo.
Para garantir a sua virtude e a boa ordem, apresentou-se o pedido de escolas de preceptoras em primeiro lugar e de enfermeiras depois, e de novo teve que ser aceite. Foram as primeiras que se abriram e permitiram uma existência relativamente livre às mulheres das classes médias.
O direito das mulheres à educação
1848 foi um ano de agitação e manifestos. É Em 1848, setenta mulheres e trinta homens de diversos movimentos e associações políticas de talante liberal, reuniram-se no Hall de Seneca e assinaram o que designaram com o nome de "Declaração de Sentimentos".
O modelo de declaração de Seneca era a declaração de Independência. A declaração consta de doze decisões e inclui dois grandes artigos: de um lado as exigências para alcançar a cidadania civil para as mulheres e do outro os princípios que devem modificar os costumes e a moral. O grupo que se tinha reunido em Seneca provinha fundamentalmente dos círculos abolicionistas. Homens e mulheres que tinham empenhado as suas vidas na abolição da escravatura chegaram à conclusão de que entre esta e a situação das mulheres, aparentemente livres, havia mais de um paralelismo. Desde postulados iusnaturalistas e lockeanos, acompanhados pela ideia de que os seres humanos nascem livres e iguais, afirmam:
"decidimos que todas as leis que impeçam que a mulher ocupe na sociedade a posição que a sua consciência lhe dite, ou que a situem numa posição inferior à do homem, são contrárias ao grande preceito da natureza e, portanto, não têm força e autoridade".
O grande preceito da natureza que invocam é o resumo de igualdade, liberdade e perseguição da própria felicidade. Era o mesmo que se invocara contra a manutenção do tráfico, venda e posse de escravos. E. Cady e L. Mott que de facto comandaram a declaração de Seneca formavam a ponta de lança do que chegou a conhecer-se como movimento sufragista. As que mais tarde seriam editoras e compiladoras de um texto clássico do sufragismo, a Bíblia da Mulher, iniciaram as suas lides públicas nesta Declaração.
O sufragismo foi um movimento de agitação internacional, presente em todas as sociedades industriais, que assumiu dois objectivos concretos, o direito ao voto e os os direitos educativos caminharam a par apoiando-se mutuamente.
Iluminismo RAD TRAD
"É interessante como no ridículo debate sobre a educação das mulheres, um tema tão caro ao pensamento iluminista, os misóginos neocons se aproximam inteiramente das ideias da modernidade:
"Devem parecer-se tão pouco um homem e uma mulher perfeitos no entendimento como no rosto. Um deve ser activo e forte, o outro passivo e débil. É indispensável que um queira e possa e é suficiente que o outro oponha pouca resistência. Estabelecido este princípio, deduz-se que o destino especial da mulher consiste em agradar ao homem. O mérito do homem consiste no seu poder, e só por ser forte agrada". Rousseau
"Por muitas razões que vêm da natureza da coisa, o pai deve mandar na família. Primeiramente, a autoridade não deve ser igual entre o pai e a mãe; é preciso que o governo resida num e que, nas divisões de opinião, haja uma voz preponderante que decida. Por ligeiras que se queiram supor as incomodidades particulares da mulher, como são para ela sempre um intervalo de inacção, são razão suficiente para excluí-la desta primazia: porque quando a balança é perfeitamente igual, uma palha basta para fazê-la oscilar. Além disso, o marido deve ter inspecção sobre a conduta da sua mulher porque lhe importa assegurar-se de que os filhos que está obrigado a reconhecer e alimentar não pertencem a outro. A mulher, que não tem nada parecido que temer, não tem o mesmo direito sobre o marido" . Rousseau
È justamente com a modernidade que se estrutura um certo tipo de conceito de feminino : um novo modelo de feminilidade também tem a sua origem em Rousseau. Na nova Eloísa e no Emílio forja-se um molde de mulher que traz consigo "sensibilidade e maternidade". E. Badinter investigou o fabrico deste modelo de mulher-mãe e a conseguinte ab-rogação das práticas anteriores: criação mercenária, amas de leite e hospícios. Cada indivíduo homem é concebido como um virtual pater famílias cuja alta finalidade é, em paridade com os outros, conformar a vontade geral que é o estado. Cada mulher deve existir e ser formada para esposa. A eles corresponde o âmbito público, a elas o privado. "Com independência dos dotes e capacidades particulares", como Hegel escreveria na sua Filosofia do Direito, cada género tem marcado um destino por nascimento. A complementaridade transforma-se na palavra chave e dela está excluída a justiça simétrica. Não é conveniente nem desejável que os sexos neutralizem as suas características, mas que as exagerem. Isso é garantia de ordem. Não são iguais, mas complementares.. "
Rousseau
Vivam as eleições
Humor católico no seu melhor
Depois de um dia duro, um momento de humor graças aos tolinhos do costume. Sim eu sei que não é politicamente correcto rirmos das ideias dos oligofrénicos, mas ninguém é perfeito. Realmente depois de dizerem disparates destes ou destes, os tontinhos dos católicos conservadores só podem passar os intervalos assim - a rir desalmadamente.Fiquei na dúvida se é esta também a propaganda dos quicos, da comunhão e libertação e do opus dei.
Aposto que nos intervalos de prédicas tão edificantes os "oradores" (LOL) fartaram-se de rir...
A santa evengelização católica das Américas às mãos da catolisíssima espanha
“«Entraban los españoles en los poblados y no dejaban niños ni viejos ni mujeres preñadas que no desbarrigaran e hicieran pedazos. Hacían apuestas sobre quién de una cuchillada abría un indio por medio o le cortaban la cabeza de un tajo. Arrancaban las criaturas del pecho de sus madres y las lanzaban contra las piedras. A los hombres les cortaban las manos. A otros los amarraban con paja seca y los quemaban vivos. Y les clavaban una estaca en la boca para que no se oyeran los gritos. Para mantener a los perros amaestrados en matar traían muchos indios en cadenas y los mordían y los destrozaban y tenían carnicería pública de carne humana...Yo soy testigo de todo esto y de otras maneras de crueldad nunca vistas ni oídas".»
Um chefe local Hatuei, que tinha conseguido resistir ao invasor, foi finalmente capturado e queimado vivo:
“"Atado fuertemente a un poste y cuando las llamas comenzaban a chamuscarlo, se le acercó un sacerdote español para hacerlo cristiano antes de morir. Hatuei preguntó si haciéndose cristiano iría al cielo de los cristianos, y como el sacerdote le contestó afirmativamente, le dijo que prefería ir a un infierno antes de volver a ver un cristiano".
segunda-feira, janeiro 05, 2009
Genocídios católicos e o direito à salvação
“Nada pôde salvá-los, nem cruz, nem altar, nem crucifixo.
Os mercenários mataram clérigos, mulheres e crianças; ninguém escapou.
Se Deus quiser, receberá suas almas no Paraíso!
Não creio ter havido tal massacre desde o tempo dos sarracenos.”
(….) Antes da invasão de Béziers, um dos guerreiros teria perguntado ao legado papal Arnaldo Amauri sobrr como, durante o ataque, distinguir quem era herege e quem não era, tendo recebido a seguinte resposta: “Matem todos, Deus escolherá os seus!”.
A frase calou fundo na memória dos participantes da guerra, tornou-se uma espécie de emblema da intolerância reinante na Idade Média. "
Guerra
Na propaganda da guerra expoem-se os mortos aos olhares do público.
A popaganda é mais eficaz se os cadáveres forem criancinhas. Quanto mais pequeninas melhor o efeito.
Quem é mais assassino - os que atiraram sobre as crianças ou os que usam a população civil como escudo humano, sabendo que para os atingir terão que passar por cima de corpos de crianças?
O episódio é lembrado por Umberto Eco num artigo para o jornal espanhol El Periódico (29/11/2008). Ironiza o autor de O Nome da Rosa:
"Qualquer uma dessas cerimônias dos fundamentalistas norte-americanos faz com que o rito napolitano da liquefação do sangue de San Genaro pareça uma reunião de estudiosos da Ilustração."
domingo, janeiro 04, 2009
A origem do mundo
Um quadro belíssimo que desperta veneração e alegria e suscitou clamores de controvérsia.
Belo e sagrado é o corpo das únicas mulheres que podem parir, as que amam, as que são plenamente mulheres.
Essas sim, são a origem do mundo.
O sítio donde todos viemos.
Àmen.
Automutilações religiosas
Outras patologias psiquiátricas explicam comportamentos de automutilação especialmente em adolescentes e adultos jovens.
Contextos de religiosidade distorcida ou ganhos secundários significativos com as automutilações podem explicar algumas práticas destas com finalidades religiosas .
São mais fequentes em seitas ou religiões que cultivam o culto do sacrifício físico, as autopunições de pecados e a ideia de que salvação divina tem de se pagar com sofrimento ou tortura.
Automutilação e estigmas
Podem apresentar diversas formas e ser acompanhadas de alterações do estado de consciência.
Outros casos de "estigmatizados" são apenas fraudes grosseiras.
De iuris
Café da manhã com uma colega de curso. Há que dizê-lo - a advocacia anda pelas ruas da amargura. A maior parte dos colegas do nosso curso sobrevive com salários médios e com difícil clientela. Não que o litígio e a conflitualidade social tenham diminuído nos últimos anos, pelo contrário. A crise económica está aí há muito tempo, assim como um global descrédito pela justiça. Por isso as pessoas só recorrem ao serviço dos advogados em última ratio.
Claro que não falo dos escritórios(empresas ) dos tubarões... Mas mesmo aí, dizem-me as fontes, os tempos já foram bem mais áureos...
Acho que fiz boas escolhas.
...
O suicídio sagrado
Regra geral, todas as religiões totalitárias incentivaram certas formas de suicídio “altruísta” , sobretudo as religiões onde o conceito individualista do valor da vida humana tem pouca importância face à noção de bem comum ou de vida eterna.
É o caso das correntes mais extremistas do islão ou do catolicismo, com os seus e as suas mártires suicidas.
Os beatinhos
Ficam agitados se alguém questiona delírios estruturados com que teimam em inventar paraísos onde cem virgens os aguardam - suicidários.
Alguns ostentam medalhinhas bentas de proselitismos baptismais, rezas em novelos, efusões marianas, sinais de autoflagelação penitencial depois de se masturbarem.
São de missas longas e discursos pobres.
Freud não lhes basta, preferem Paulo Coelho.
Os beatinhos, regra geral são bastante violentos e tenazmente mal educados.
sábado, janeiro 03, 2009
O fanatismo mata
Acontece que Tavolta é um fiel devoto da Cientologia, uma religião, que, entre outras coisas delirantes, afirma que em nenhuma circunstância se devem seguir tratamentos médicos ou psiquiáticos convencionais. ..
VERA TRADIÇÃO
Um dos mais misóginos dos doutores da Igeja Santo Agostinho, defende que uma mulher violada (ainda que virgem e beata) é sempre responsável pela violação, visto que :
“Si une chasteté ferme et sûre d’elle-même en sort triomphante, la pudeur en souffre cependant, et on a lieu de craindre qu’un outrage qui ne peut être subi sans quelque plaisir de la chair ne se soit pas consommé sans quelque adhésion de la volonté.”
Ou, no caso duma mulher que se suicida após ser violada:
“Mais peut-être n’est-elle pas là ; peut-être s’est elle tuée parce qu’elle se sentait coupable; peut-être (car qui sait, elle exceptée, ce qui se passait en son âme), touchée en secret par la volupté, a-t-elle consenti au crime, et puis, regrettant sa faute, s’est-elle tuée pour l’expier, mais, dans ce cas même, son devoir était, non de se tuer, mais d’offrir à ses faux jeux une pénitence salutaire.”
Ah e quando Deus permite que santas mulheres cristãs sejam violadas, não há problema - por um lado é a vontade divina insondável mas que deve ser aceite sem pensar; por outro, se as mulheres são violadas, a culpa é sempre delas, nem que seja do seu sentimento de orgulho de serem virgens e da sua mania altaneira de afastarem os homens. Portanto, a violação de mulheres piedosas que escolhem a virgindade é plenamente justificada - trata-se de uma provação e de um castigo:
"Vous avez une grande et solide consolation, si votre conscience vous rend ce témoignage que vous n’avez point consenti au péché qui a été permis contre vous. Demanderez-vous pourquoi il a été permis? qu’il vous suffise de savoir que la Providence, qui a créé le monde et qui le gouverne, est profonde en ses conseils; « impénétrables sont « ses jugements et insondables ses voies 1 ». Toutefois descendez au fond de votre conscience, et demandez-vous sincèrement si ces dons de pureté, de continence, de chasteté n’ont pas enflé votre orgueil, si, trop charmées par les louanges des hommes, vous n’avez point envié à quelques-unes de vos compagnes ces mêmes vertus. (....)Ames timides, soyez deux fois consolées; d’un côté, une épreuve, de l’autre, un châtiment; une épreuve qui vous justifie, un châtiment qui vous corrige.
E as poucas desgraçadas que nem sequer tinham um sentimento de orgulho da sua virgindade e mesmo assim são violadas? Bem lá no fundo também elas...
"Quant à celles d’entre vous dont la conscience ne leur reproche pas de s’être enorgueillies de posséder la pureté des vierges, la continence des veuves, la chasteté des épouses, qui, le coeur plein d’humilité 1, se sont réjouies avec crainte de posséder le don de Dieu , sans porter aucune envie à leurs émules en sainteté, qui dédaignant enfin l’estime des hommes, d’autant plus grande pour l’ordinaire que la vertu qui les obtient est plus rare, ont souhaité l’accroissement du nombre des saintes âmes plutôt que sa diminution qui les eût fait paraître davantage; quant à celles-là, qu’elles ne se plaignent pas d’avoir souffert la brutalité des barbares qu’elles n’accusent point Dieu de l’avoir permise, qu’elles ne doutent point de sa providence, qui laisse faire ce que nul ne commet impunément. Il est en effet certains penchants mauvais qui pèsent secrètement sur l’âme, et auxquels la justice de Dieu lâche les rênes à un certain jour pour en réserver la punition au dernier jugement. Or, qui sait si ces saintes femmes, dont la conscience est pure de tout orgueil et qui ont eu à subir dans leur corps la violence des barbares, qui sait si elles ne nourrissaient pas quelque secrète faiblesse, qui pouvait dégénérer en faste ou en superbe, au cas où, dans le désordre universel, cette humiliation leur eût été épargnée? " Santo Agostinho de Hipona - Cidade de Deus- On line em francês aqui
Comentário meu - Tarado de gajo - deveria ter sido alvo de sodomização forçada para testar as suas teorias teológicas sobre o corpo das mulheres.
sexta-feira, janeiro 02, 2009
Racismo
Como tornar-se doente mental
Se a sua opção for essa, convem que, quando pensar em si, o faça apenas através dos olhos dos outros. Nunca diga «aconteceu-meisto» mas sim «fizeram-me aquilo». Mesmo ao falar das suas doenças nunca diga o que sentiu ou padeceu, mas sim o que os médicosdisseram de si. Dou-lhe este conselho por uma razão muito simples:aconteça o que acontecer, você tem de ser sempre a pessoa mais santa, mais bondosa, mais pacífica, mais cumpridora, mais agradável,mais simpática, embora talvez também a mais ingénua, do mundo.
(...).De certo modo, isto é fazer teatro, e daí o novo nome - histriónica -da carreira em que se inscreveu. Mas, que mal tem? Cada um necessita do seu próprio teatro para ser levado à certa.
Padrão global de emotividade excessiva e procura de atenção, indicado por 5 ou mais dos seguintes:
1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções.
2. Interacção com os outros caracterizada por sedução sexual inapropriada
ou comportamento provocador.
3. Exibe expressões emocionais que mudam rápidamente e se mostram
superficiais.
4. Usa consistentemente a aparência física para atrair as atenções sobre si.
5. Tem um estilo de discurso que impressiona excessivamente mas é
fraco nos detalhes.
6. Mostra auto-dramatização, teatralidade e expressão exagerada das
emoções.
7. Sugestionável, sendo fácilmente influenciado por outros ou por
circunstâncias.
8. Considera os relacionamentos como mais íntimos do que na realidade são.
(...)A coisa não vai ser fácil. Vão ser necessários muito treino e afinco, talvez circunstâncias favorecedoras, e alguns truques que as pessoas aprendem mas que eu lhe vou ensinar. Todo o problema é saber ocultar as memórias e criar automatismos de acção. Se os hipnotizadores conseguem induzí-lo nas outras pessoas, se conseguem mesmo ensinar auto-hipnose (a propósito, não será má ideia ir-se envolvendo em ambientes de hipnose e práticassimilares, incluindo o espiritismo e as margens das diversas religiões onde se exibem milagres), porque é que você não o pode conseguir? Em boa verdade, se seguiu a carreira da personalidade histriónica, já está meio preparada. Habituou-se a não pensar muito nos seus verdadeiros sentimentos, mas a ter uma imagem idealizada da sua pessoa: muito bondosa, pacífica, respeitadora, etc. Se alguma vez se passou destes limites e teve um comportamento reprovável, não podia ter sido essa pessoa: foi obrigada a isso, foi algum espírito maligno, uma doença, o alcool, seja o que for, mas nunca você.
É bem possível que a tentação do acto proibido volte de novo. Tentação, sim, porque tais desejos excessivos (tantas vezes agressivos ou eróticos) nunca podem partir da santa pessoa que você é. Um recurso possívelé o alcool. Bebendo um ou dois copos, fica preparada. Atira-se de cabeça, cumpre os desígnios ocultos e, no dia seguinte, não se lembra de nada. No entanto, este é um recurso demasiado óbvio (é preferido por homens) e corre o risco de não ser considerada personalidademúltipla mas sim alcoólica. É muito pouco, e pouco sofisticado.
Vamos agora ao grande truque: contenção, respiração e acção. Não sei se já reparou em alguém que, cheio de raiva, está prestes a partir a cara do vizinho. Enquanto se segura (ou o seguram) vai respirando ofegantemente. Assim que se solta, entra na briga e leva tudo raso sem se dar conta. Muitas pessoas, incluindo desportistas (halterofilistas, por exemplo), utilizam este expediente para fazer proezas que parecem estar para além dos limites humanos. Ora é isso mesmo que você tem de fazer. Detenha-se um pouco a arfar, enquanto pensa naquilo que lhe apetecia fazer mas não deve nem consegue. Ao fim de algumas inspirações, está pronto a lançar-se na acção, sem que consiga já pensar. Verá que fará tudo na perfeição, e que mal conseguirá recordar o que lhe aconteceu. Assim, não foi você que o fez, acabou de ter um ataque.
Se alguém observar a sua proeza, não deixará de ficar surpreendido e de encontrar explicações. Pode pensar que está doente ou, melhor ainda, que algum espírito se apoderou de si. Fixe bem essas explicações, porque é a elas que você se vai adaptar em futuros ataques do género. Quando quiser, é só respirar profundamente enquanto se concentra no assunto, e depois soltar-se. Até pode mudar de cara, de voz, ou falar línguas estranhas.
Se entrar em círculos de espiritismo ou de fanatismo religioso (algumas seitas religiosas treinam o seu pessoal para assim exibirem milagres), tem o seu futuro assegurado. (...) O que lhe posso dizer é que, quando respira fundo com o tórax, o sangue se enriquece de oxigénio e se empobrece de anidridocarbónico. Em consequência, fica mais alcalino (ou seja, menos ácido). Ora, em meio alcalino, a hemoglobina, que transporta o oxigénio dos pulmões para os tecidos, fica ávida das moléculas de oxigénio e não as larga. Existe então demasiado oxigénio nos pulmões e no sangue (uma «bomba energética» prestes a rebentar), mas pouco nos tecidos orgânicos, incluindo o cérebro e os músculos.Neste caso, só podem funcionar os neurónios e fibras musculares que não dependem do oxigénio (anaeróbicos), e que parecem ser aquelas que estão preparadas para automatismos de emergência. O que você cria, com a hiperventilação, são assim automatismos de emergência, uma vez que os neurónios de que depende a consciência e a memória explícita necessitam de oxigénio para funcionar."
Excelente texto do Prof Pio de Abeu