A mulher rasteja entre a multidão, uns trapos molhados entre as pernas, a roupa tresanda , coágulos secos na parte de trás do vestido, mas no meio da multidão os cheiros confundem-se entre o suor e o pó e ela tenta passar despercebida,
são muitos os que a separam dele, acotovelam-se, empurram-na, se ao menos lhe tocar na fímbria do manto, a mulher esgueira-se, rasteja, rasga espaço entre a muralha de mãos e pernas e cheiros podres, não é sequer uma mulher, é um útero sangrante, tem dor, uma dor antiga, sinal de opróbio de um pecado escondido, a impura, não lhe permitem sequer que prepare os alimentos, o homem rechaçou-a, não pode tocar-lhe, os filhos enjoam-se dela, não lhe é permitido ir à fonte buscar água, a impura, a contaminada de uma sanguinolenta lepra, se ao menos lhe tocar na fímbria do manto.
a dor é tão grande, o sentido de abandono tal, que nem sequer ousa pedir-lhe ajuda face a face , limita-se a querer tocá-los às escondidas, pois ela sabe absurdamente, com uma convicção aflitiva, que será curada.
a dor é tão grande, o sentido de abandono tal, que nem sequer ousa pedir-lhe ajuda face a face , limita-se a querer tocá-los às escondidas, pois ela sabe absurdamente, com uma convicção aflitiva, que será curada.
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