quarta-feira, abril 28, 2010

Miriam 2

A irmã Julieta, passou bastante tempo da sua vida a fazer pesquisa teológica sobre a condição das mulheres na Igreja, nomeadamente o facto de as mulheres não poderem aceder a um sacramento.
As desculpas esfarrapadas de não haver registo bíblico da presença de mulheres na última ceia parecia-lhe tão frágil quanto inverosímel. De facto, a celebração da páscoa judia é um evento familiar e um evento de mulheres. São as mulheres que preparam a "ceia", que organizam  a refeição, o espaço físico, estão presentes, sentam-se à mesa, fazem o pão e distribuem-no, servem o vinho, orientam os comensais. È impensável e completamente impossível na cultura judaica de há dois mil anos, que meia dúzia de homens se juntassem sozinhos numa casa a organizar e a comer uma ceia pascal. Além disso jesus estava sempre rodeado de mulheres. Sempre. Elas seguiam-no na multidão, havia um grupo íntimo de discípulas que o acompanhava por todo lado. Eram as mulheres, quem, segundo os costumes do tempo,  organizava os aspectos paráticos daquela pequena comunidade itinerante. Mas para lá da habitual relação de servis fêmeas, o rabi tinha para com as mulheres gestos de revolucionária aceitação. Falava com elas, de pessoa para  pessoa, o que era extraordinário, deixava que se sentassem a  seu lado, como os homens, a escutá-lo como os homens faziam, e disse até que mais valia essa atitude do nque  perder tempo em servis tarefas domésticas.
Então, porque não aparecem registos bíblicos da presença das discípulas na última ceia?

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