sábado, abril 17, 2010

lost in translation

a rapariga que me serve o café tem as unhas pintadas de azul escuro, tenho a ideia de que é vagamente loira, mas é o verniz das unhas que me arranha as pupilas.
estou com  vertigens, a esta hora, não se sei do cansaço ou do stress  de não saber onde meti um processo que me falta reler, o azul das unhas acorda-me mais que a cafeína , há o ruído de fundo de uma banda a tocar tequillha, folheio três livros ao acaso, um rapaz recolhe meticulosamente o som do ressonar do velho ao lado, cruza os braços , acotovela-se no resto do banco, penso como é bom estar na minha cama, pijama fresco, ou até sem pijama, o ritual do sono, o candeeiro, a janela que dá para o jardim, os filmes de westerns de madrugada, ou o CSI, ou o House, ou o que quiserem tudo menos a rapariga de garras azuladas a entregar-me um café, a doçura da nossa cama parece-me agora tão óbvia como a insónia.

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