terça-feira, junho 02, 2009

Mosteiro

Dentro do olhar espraia-se a ausência. Quer dizer, do fluir dos dias (casas, afagos, ruas, projectos) pouco resta. Sombras, dedadas de luz, um azulejo setecentista a esboroar-se lentamente, gritos, pequenos sustos, os dias sucedem-se num simulacro de vida, das grades das janelas é possível perceber a sucessão das estações pela cor dos plátanos: verde tenro, amadurar musgoso, vermelho cálido, nudez absoluta. A luz também se transformam em função dos mesmos, a luz que esventra os claustros e se infiltra nos longuíssimos corredores monásticos. Mais doce no Inverno, fluida em pleno Agosto, desmaiada em Novembro, é a luz que envelhece os rostos e não a sucessão dos dias e das rezas, as rugas fabricadas pouco a pouco, sem calendários, agendas, cerimónias oficiais, datas de férias.

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