quinta-feira, junho 25, 2009

E porque já amanheceu

"sentado nas tardes de Verão a devorar História, e a ser devorado por ela, percebi que todos os inícios estão por criar, e que existimos porque temos de criar os nossos inícios permanentemente. que o próprio facto de estar vivo é essa força de recriação do começo: as fórmulas, conhecemo-las: foi por isto que, ou eu nasci aqui.

nascem tantas vezes de feridas, e por isso são apenas as feridas que escrevem; e ao situar esse lugar novo, esse início, sabemos sempre que é a partir de uma ferida, da energia que trouxemos ao mundo com essa mesma dor, que recomeçamos. e ao dizer: «eu vou nascer aqui», levamos o mundo connosco. é nos livros que bebemos que nunca mais paramos de nascer, em todas as direcções, por onde se atire o sangue e o sonho, por onde os nossos braços precisem de chegar e não tenham movimento para isso. num livro, dentro de um verso, de uma história, a nossa verdadeira medida de humanos, «medida desmesurada», se exprime."

Um texto belíssimo do Pedro Sena Lino

Sem comentários: