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A mística teresiana é muito pautada na humanidade de Cristo e no que se convencionou chamar de “amor esponsal”. Fortemente marcada no cântico dos cânticos, essa espiritualidade busca a união da alma com Deus seguindo o modelo do casamento sagrado, que se dá na sétima morada da alma, de acordo com outro conceito de Teresa, a câmara da união, o santo dos santos, local mais íntimo do espírito para o místico. Uma espécie de ponto G místico.
O modelo desta "união ", é o amor entre o amado e a amada, no cântico dos cânticos, atribuído ao rei Salomão. Ora, o cântico dos cânticos é um poema não somente lírico, mas profundamente erótico, altamente censurado pelos tradutores ao longo dos séculos.
O escândalo da Teresinha ( a outra) resulta da dificuldade extrema em associar sexualidade feminina com santidade.
As mulheres santas católicas teriam de ser forçosamente castradas, ou, no mínimo assexuadas. E alguns bem o tentaram, sem o conseguir.
Em boa verdade, as grandes santas da cristandade espantam e escandalizam pela sua sexualidade poderosa e ambivalente. Sem dúvida que a expressão desta espiritualidade feminina chocou e choca ainda hoje, sobretudo com a descrição de orgasmos físicos durante seus êxtases. Nos seus escritos, Teresa de Ávila considera-se a si mesma, não apenas uma serva mas plenamente uma esposa, amante de Cristo, que a visita e a possui, como esposos que são.
Só quem é muito imaturo ou completamente insensível à beleza deste amor de mulher feito de carne apaixonada pode sentir escândalo...
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