Fico a pensar nas pessoas que escondem cicatrizes e mutilações atrás de máscaras e invenções pueris. A dor que escondem em artifícios de plumas é tão evidente como um murro. Vemo-las a gritar perfeições por trás da mutilação, enoveladas em capas de pequenas mentiras encantatórias. A lena, que é paraplégica e arranjou um terapeuta cubano, que acha que para o ano vai dançar no baile de gala. O carlos, que uns dias antes de morrer corroído pelo cancro, fazia planos para uma missão em caboverde. A mãe da angela, com um deficiência profundíssima, que acha que a filha é apenas uma criança problemática. O afonso, que violou a filha de 12 anos e me diz que não teve culpa, porque um "homem tem precisões". O nuno, que é deficiente motor e arranjou um alterego na net em que se faz passar por atleta. Ao lembrar-me dos que vivem ( ou viveram ) uma mentira verdadeira que lhes permite sobreviver e a que se agarram como náufragos, pergunto-em se é possível vivermos em absoluto a verdade. Por isso concordo com o Pedro:
Mas para isso é preciso coragem e integridade.
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