Duas amigas conversavam sobre a paternidade, e uma delas disse: "Ser pai biológico não chega. Olha, Jesus teve um pai adoptivo, ou um padrasto, um simples carpinteiro, e não se deu nada mal." Retorquiu a outra: "Sim, deu-se mal foi com o outro, o biológico, que o mandou morrer numa cruz - e para quê? Nem por isso os Homens melhoraram."
A primeira mulher recordou que por alguma razão o Dia do Pai era o dia de São José, o tal carpinteiro humilde que aceitou criar um filho alheio: "Está bem que era o filho de Deus, mas isso, supostamente, somos todos. E José tomou por boas as palavras de Maria, aceitando como seu um filho que não era do seu sangue. É ele quem está no presépio, foi ele quem providenciou para que o menino Jesus pudesse fazer-se homem, dando-lhe alimento, educação, carinho. Sem o São José, o que teria acontecido àquela criança?" As duas amigas imaginaram todas as possibilidades, que eram poucas, e terríveis: ou Maria teria sido apedrejada até à morte, como prostituta de mau exemplo, ou o cruel Herodes teria mandado degolar o fruto do seu ventre, como fez com centenas de outros inocentes, por causa da profecia do tal novo rei, enviado pelos céus.
Um texto da Inês Pedrosa
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