O que é absolutamente inquietante é verificar a profunda vacuidade intelectual de uma grande parte dos estudantes universitários em Portugal. Não só têm conhecimentos muito limitados sobre várias áreas do conhecimento que são estruturais ( Língua Portuguesa, Matemática, História, Sociologia, Arte, Música), como poucos deles estão habituados a ler um livro, a reflectir sobre um texto, a fazer uma apropriação do conhecimento que seja pessoal. Em vez de livros leem sínteses prefabricadas; em vez de pesquisas mais atentas limitam-se a linkar ou fazer copypaste de sites da net, nenhum esforço intelectual sério de buscar fontes credíveis ou originais, de buscar com rigor informações cientificamente válidas, de elaborar análises reflexivas com sustentabilidadae formal. A ignorância é de tal maneira confrangedora que se torna difícil ensinar estes novos iletrados. Não conseguem debater com qualidade, fazer citações credíveis, formular uma hipótese com um mínimo de consistência. Para a maior parte deles a noção de "conhecimento" é antes de mais um conhecimento panfletário de tiradas propagandísticas, pesquisadas à pressa num site indicado pelo google como "científico" ( alguns nem isso); a maior parte dos estudantes não consegue dissecar um texto, analisar múltiplas variáveis, formular variações analíticas mais complexas, ficando-se pelo óbvio e pelo imediatamente evidente. Já nem falo dos erros ortográficos crassos, na iliteracia funcional, na incapacidade em fazer raciocínios aritméticos simples...
No fundo, como qualquer professor do Ensino Superior confessa em conversas privadas, é-se obrigado a progressivamente descer o nível de exigência. E isto é particularmente óbvio em cursos de letras ou humanidades e afins... Que fazer quando a maior parte dos estudantes entra no Ensino Superior com notas próximas da mediocridade ?
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