Cada vez gosto mais do natal. Dos cromados kicth dos centros comerciais, das bolas douradas, dos neons, das renas mais pirosas, das músicas com fundo de violino, deste sol do natal ao sul, das prendas completamente inúteis mas que dão um gozo tão especial, do consumismo puro e duro sem complexos de culpa porque é tempo dele, das roupas natalícias, das rábulas dos contemporâneos sobre o pai natal, da manuela ferreira leite subitamente humanizada, imagem composta em frente à lareira como um conto em que os gnomos maus se transformam,
gosto desta crise económica natalícia que inaugurou saldos, adoro as gravatas natalícias,
os brincos-com-árvores-de natal- de- pisca- pisca para iluminar as orelhas na consoada, gosto dos perfumes novos, da neve, dos filmes musicais, dos gorros, das luvas, das boinas, dos doces proibidos, de perder completamente a cabeça estoirar 99 euros numa blusa ( em saldo), porque sim e porque sim, e porque é natal e eu mereço, gosto de todos os pecados natalícios, da futilidade, dos jantares da empresa e do departamento, jantares formais e pretensamente amistosos, abrilhantados por toilettes de novos ricos e as últimas sobre os divórcios dos colegas ou o projecto que não foi aprovado,
gosto de ir tomar um café à noite ao bar mais bonito da cidade e calcorrear a pé as ruas, sob as luzes, enquanto os meus pulmões gelam deliciados com o bafo da dezembro, gosto das cartas ao pai natal que os meus filhos escrevem a pedir sonhos possíveis e impossíveis, gostos das caras dos meus alunos a desejaram-me bom natal, gosto dos mails foleiros e das cartas de natal mais sofisticadas com poemas e brasões de família....
Gosto do natal e vou comê-lo até ao fim!
2 comentários:
Blue, Deus permita que um dia se abram esses olhos e perceba o verdadeiro sentido do Natal...
O Nascimento do Deus Menino.
Pois, pois de discursos moralistóides estou bem farta.
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