"As mães portuguesas nascem primeiro avós,só depois (não muito) devêm mães.
Mãesda autofagia dos filhos,da estupidez gregária das galinhas,do porco solitário,dos homens-netos a quem admitem o acasalamentoe a degola.
As mães portuguesas sabem de lume como ninguém,nem aqui nem no estrangeiro.Elas como ninguém engendram o coração da lareira,onde as madeiras oliva e pinha urdem o rubi rútilo.Resistem à saúde do idioma e à moléstia da literatura,não são nenhumas maricas de versos nenhuns.Na arca, salgam mantas de toucinho e trançasde anteriores como elas avós.
Têm com a Mãe de Deus uma diplomacia de clones.Nada lhes escapa ao almanaque:cónegos e coelhos, frangos e fregueses,vasos e veias, rios e frios,bailes e bules, cidras e hidrocefalias,câmbios e cambras, juncos e junhos,ossos e destroços, vinhos e tinhas,moucos e loucos, manhas e manhãs,censuras e tonsuras:nada pode furtar-se às avoengas evas."
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