A roseira explodiu mesmo à minha frente, numa curva da estrada. Não era uma roseira qualquer, era uma pequena árvore carregada de rosas de um veludo alucinado àquela hora da manhã.
Por estes dias o ar anda mais fino que nunca. Anavalha os olhos com uma limpidez que só existe no deserto. Está muito frio de madrugada. E de repente a vermelhidão da cor tremeluziu-me na pele. Não vi a curva, não vi a estrada, não vi a ponte. A pele de pétala, navalha de ar, deslize hipnótico.
Só vi a roseira, a epiderme aveludada da cor.
E foi a sorrir que me precipitei para o abismo.
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