terça-feira, fevereiro 26, 2013

Trata-se do murmúrio, antes de mais

A roseira explodiu mesmo à minha frente, numa curva da estrada. Não era uma roseira qualquer, era uma pequena árvore carregada de rosas de um veludo alucinado àquela hora da manhã.
Por estes dias o ar anda mais fino que nunca. Anavalha os olhos com uma limpidez que só existe no deserto. Está muito frio de madrugada.  E de repente a vermelhidão da cor tremeluziu-me na pele.  Não vi  a curva, não vi a estrada, não vi a ponte. A pele  de pétala,  navalha de ar,  deslize hipnótico.
Só vi a roseira, a epiderme aveludada da cor.
E  foi a sorrir que me precipitei para o abismo.

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