Em vez de dizer "está frio", "está calor", está vento, "vai chover", Patrícia classifica os dias e os acidentes meteorológicos com linguagem pictórica.
"Está azul", diz ela quando a solarenga manhã se lhe desprende dos ombros e cai em pregas vestido abaixo.
"Está roxo", diz-me ao saír de casa, quando o ar gélido torna as unhas violetas. Calço-lhe as luvas.
"Está amarelo" , dias de riso e praia, de escaldões na areia, gelados a derreter, movimentos de roda de crianças.
Hoje foi um dia típico castanho. Sem luz nem sombras, com mais cinzas que verdes.
"Está castanho", disse-me ela enquanto abria o guarda-chuva no passeio.
Olhei à volta.
Tinha razão.
E assim, neste arco-íris de assombros, habituei-me às cores todas que os dias podem ter.
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