O Japão é um exemplo paradigmático. O envelhecimento populacional e a pressão que este fenómeno exerce sobre o Estado social é o resultado de décadas de funcionamento de um sistema de saúde universal e gratuito. Ou seja, há mais velhos porque o Japão tem um SNS é muito eficaz e gratuito para toda a população. Tão eficaz que se traduziu numa explosiva baixa da taxa de mortalidade e num aumento dramático da esperança média de vida numa única geração. No Japão a longevidade aumentou extraordinariamente desde a década 50 do século passado e são cada vez mais as pessoas que ultrapassam os 100 anos.
É este o paradoxo de um SNS de qualidade e altamente eficaz - uma rápida transição demográfica e uma alteração da pirâmide demográfica, Quanto mais velhos houver numa comunidade, mais elevadas as necessidades de cuidados de saúde devido às patologias crónicas associadas ao envelhecimento e maior a pressão (económica ) sobre a capacidade de resposta dos SNS. Em suma, quanto maior a eficácia e qualidade do SNS, quanto mais fácil a sua acessibilidade, maior a probabilidade deste sistema ter dificuldades de sustentabilidade a longo prazo.
Dito de outra forma, a dificuldade de sustentabilidade económica dos serviços de saúde não resulta do despesismo ou da má gestão , mas da sua eficácia e qualidade.
É a este paradoxo que as sociedades desenvolvidas têm de dar uma resposta civilizacional, nomeadamente quanto a novas formas de financiamento e organização dos SNS.
Ou então optar pela eutanásia em massa associada a uma aumento programático da mortalidade por falta de assistência médica como opção política.
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