Aos doze anos Imperatriz, tinha-se aloirado ainda
mais, a pele de uma brancura buliçosa sob a lixeira da roupa, apetecível como
um pecado. Estupefacto, José olhou-a uma e outra vez, como se nunca a tivesse
visto, reviu na cara dela o nariz da irmã mais nova maria do céu, a sua
preferida. E apesar de se saber morto, praticamente cadáver, no limite da decência
que um homem pode suportar, condoeu-se até aos ossos. Não tardaria muito que Imperatriz
fosse pasto de homens como ele. Animais abrutalhados de trabalho escravo, cachaça
farta, fome de carne nova. Havia de ser vendida, leiloada, emprenhada como um
bicho. Imperatriz, arredondada nos alvores da puberdade, menina ainda, auréola
doirada, intocada beleza. A dor de José tinha o tamanho da sua vergonha. E foi tão
funda que nesse dia vendeu o que tinha no baú e o próprio malão de couro da
viagem, fez uma trouxa de panos com a roupa que lhe sobrava e comprou outra passagem
de barco.
Não vou abandonar este anjo por aqui, a menina vai comigo.
E foi assim Dona Imperatriz chegou a Portugal , 12 anos feitos , a bordo de um barco a vapor, desses que no início do século XX atravessavam o Atlântico para desaguar em Lisboa.
E foi assim Dona Imperatriz chegou a Portugal , 12 anos feitos , a bordo de um barco a vapor, desses que no início do século XX atravessavam o Atlântico para desaguar em Lisboa.
Sem comentários:
Enviar um comentário