A mulher em dez filhos. Num país que anda por aí a chorar baba e ranho pela quebra da de natalidade, esta mulher é uma heroína. Dez filhos é um feito extraordinário, nos tempos que correm. Esta mulher devia ter apoios especiais, menções honrosas, subsídios de todo o tipo para as crianças, elogios públicos. Uma mulher que está disposta a parir assim crianças é alguém excepcional. Ainda por cima, é boa mãe. Cuida das crianças, não é negligente, não há qualquer situação de maus tratos ou negligência ou abuso, apesar das dificuldades económicas.
A mulher é jovem, ainda pode parir mais, ainda quer parir mais, para felicidade de nós todos. Não é só a barriguinha da Assunção Cristas que merece regozijo e protecção. A maternidade é um bem e um bem social inestimável. Que não tem preço, embora tenha um exorbitante valor económico ( pra os teóricos fundamentalistas da coisa)
Então qual é o problema? Vários. A mulher é pobre. É imigrante. É preta. É muçulmana. Por isso foi condenada a ser esterilizada compulsivamente por um Tribunal português. Como não cumpriu ( e bem), retiraram-lhe do colo sete dos seus filhos. Sete.
A mulher tem um nome. Liliana Melo. Um rosto. Não tem voz, nem direitos.
Nem sequer tem direito ao seu corpo ou á sua fertilidade.
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