"A adoração de imagens, não pelo que elas representam e simbolizam mas pelos objectos em si, a devoção a relíquias, o apego supersticioso a gestos e rituais, a atribuição de propriedades extra-naturais e pedaços de matéria, constituem, para mim, a forma mais grosseira de religiosidade, admitindo eu que possa existir uma dimensão religiosa, um apelo espiritual latente em todos os homens. O mundo católico está especialmente impregnado destas práticas, como é sabido, pela necessidade de integrar os cultos pagãos preexistentes e, mais tarde, de contemporizar com outras religiões extra-europeias. E hoje como ontem, a prática católica resume-se, em muitos casos, à relação com um catálogo de santos e santas, cada um com a sua especialidade, a quem se recorre conforme a necessidade ou a aflição, um verdadeiro panteão de pequenos deuses que sussuram recados aos ouvidos do Altíssimo, consoante a fé, a promessa ou a contrapartida do crente e os humores do santo, num comércio desigual, interesseiro e injusto. Nisto, perdoar-me-ão os mais devotos, o Islão está a milhas de distância."
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