domingo, setembro 16, 2012

15 de Setembro

"Em todas as épocas, surgiram cristãos que não pactuaram com o esquecimento do Evangelho, a decadência e a corrupção na Igreja. Foram essas pessoas e grupos que levaram à prática a ideia de uma Igreja sempre a reformar. Os que souberam assumir os novos desafios culturais e sociais constituem a verdadeira herança da Igreja e a possibilidade de tornar o futuro diferente. O século XX, marcado por duas guerras mundiais, não foi apenas, nem sobretudo, o das traições das Igrejas. Poderíamos nomear pessoas, grupos e movimentos proféticos que fizeram do século XX uma grande viragem do catolicismo. O acontecimento que o aprofundou, alargou e relançou foi o Vaticano II. Costuma-se dizer que é o fruto de uma decisão do Papa João XXIII. É verdade, mas o que há de novo nessa decisão é a vontade de envolver todas as pessoas de boa vontade, cristãos e não cristãos, num processo de reconciliação mundial, num momento de confronto nuclear. É evidente que o papa, directamente, só podia envolver os católicos. Criou um clima espiritual que os membros de outras igrejas cristãs, de outras religiões e dos sem qualquer religião sentiram que aquele momento era de todos e para todos. Hoje, muitos se perguntam como foi possível e, também, por que razão se deixou cair o maior momento de lucidez humana e cristão. O que João XXIII tentou fazer redescobrir é que o autoritarismo não serve para nada, nem na sociedade, nem na Igreja. Sem liberdade não há humanidade nem religiosidade autênticas."
Frei Bento Domingues

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