segunda-feira, setembro 03, 2012

Cardeal Martini

 O Cardeal Martini morreu . Um homem excepcional, amigo íntimo do actual papa, que lhe teceu aliás rasgados elogios. As suas posições públicas , teologicamente fundamentadas, sobre a aceitação da contracepção, a questão do aborto, a comunhão de recasados e o acolhimento de pessoas homossexuais são conhecidas por todos. Por exemplo, no caso da luta contra a sida a afirmou sempre que utilização do preservativo pode ser um mal menor se, por exemplo, um conjuge for seropositivo.  Posição secundada igualmente por Bento XVI. Também a propósito do aborto, o cardeal Martini considerou positivo que a legalização da interrupção voluntária da gravidez tenha contribuído para reduzir o número de abortos clandestinos. Nunca a estrutura católica o incomodou por isso e, na hora da sua morte, Bento XVI manifestou o seu profundo pesar.
Martini morreu após após doença degenerativa prolongada,  a mesma que afctou João Paulo II. E, tal como aconteceu com este papa, não foram usada medidas inúteis de prolongamento da vida ou de encarniçamento terapêutico. Nem Martini nem JPII foram sujeitos a situações de prolongamento inútil da vida por técnicas mèdicas agressivas. Poucas horas depois da sua morte, nas redes sociais, circularam críticas sobre o assunto.
De resto, já aquando a morte de João Paulo II os mesmos grupos radicais acusaram o Vaticano de eutananásia passiva , por o anterior papa não ter sido ligado a um ventilador e não ter sido sujeito a alimentação artificial, prolongando-lhe artificialmente a longa e penosa agonia. Poderia ter vivido mais tempo, caso tal tivesse sido feito. Precisamente o mesmo caso de Eluana, em que os radicais católicos  e alguns sectores da igreja  que querem que o encarniçamento terapêutico seja obrigatório,  tudo tentaram para manter a sua situação de agonia.
Em causa estão a  dúbia posição do Vaticano sobre o assunto e as contradições insanáveis quando se esquece a compaixão evangélica e se segue o normativismo vazio.

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