"Nos anos 50, havia na tropa uma cultura orientada para a iniciação sexual dos rapazes (...) nas prostitutas. Era propedêutico, pedagógico... para se chegar à noite de núpcias e se começar logo a fazer como deve ser [risos]. Onde houvesse quartéis, havia enxames de casas de prostitutas nas redondezas."
Professor Moisés Espírito Santo (sociólogo/etnólogo), em entrevista a Isabel Freire (Janeiro de 2010)Esta mentalidade de lupanar não se desvaneceu completamente nos alvores do século XXI
"Luís cresceu e mora nos arredores do Cacém. Mas bem podia ser um daqueles jovens bairristas de que fala Lurdes. Hoje com 29 anos, cumpriu uma antiga tradição, que se julga mais ligada aos antigos costumes das pequenas aldeias do interior: perdeu a virgindade com uma prostituta. O motivo não foi o ter atingido a maioridade ou sequer ter sido chamado à tropa. “Aos 18 anos, nunca tinha tido namorada e já me andava a passar”, esclarece. Pouco eficiente nos jogos de sedução, a solução passou por Lola, uma velha prostituta bem conhecida daqueles que todos os dias a viam parada na berma do IC 19. “Estava farto de ver os meus amigos com namoradas e depois virem falar comigo de sexo e ter de fazer de conta que sabia do que estavam a falar”, conta Luís. Já o relato do ambiente que encontrou é tudo menos caloroso. “Lembro- -me que na altura paguei três contos (15 euros) e fui levado para um recanto na mata de Rio de Mouro (concelho de Sintra), onde havia um colchão velho rodeado de arbustos e papéis velhos. Aquilo fez-me imensa impressão e a Lola deve ter dado por bem empregue aquele dinheiro, porque acabei por não lhe dar muito trabalho”, recorda."
Com a crise a prostituição está aí em força.
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