terça-feira, março 16, 2010

Reclusão


Coagulamos mais lentamente
enquanto a beleza da tarde se liquefaz.
Ontem passei o dia a inaugurar silêncios
(a casa é um deserto de sons durante as manhãs,
só a rouxidão dos narcisos respira)

O silêncio toma conta de mim como um anjo.

1 comentário:

MaRio Rafael disse...

Não consigo enxergar esperança no meu poema, não nele, no do Eugénio de Andrade sim. Mais há em mim essa espera pelas palavras que podem surgem na espera em silêncio, calar e ficar ouvindo o vento, o poeta quer sentir o que ainda não se disse, o que ficou por se dizer.
Gostei do seu poema poema, há nele um pouco de tudo isso: a natureza gritando baixinho; o peso que há em nos sussurrando em silêncio, gostei mesmo.
São coisas como essas, o seu comentário, o seu post, que fazem valer a pena ainda se ter um blog.

Abraços.