"O escândalo é o que Charles Scicluna, promotor de Justiça da Congregação para a Doutrina da Fé, chamou eufemisticamente «cultura de silêncio» quando confrontado com as «proporções dramáticas» que a pedofilia e o seu encobrimento pode atingir no país cuja polícia detém as vítimas de abusos sexuais clericais que se tentam manifestar no Vaticano. Mas os números e a «cultura de silêncio», isto é, a impunidade, não podem ser dissociados. Assim como não podem ser dissociadas a crise e a secularização da sociedade, como tão bem escreveu Bento XVI: sem secularização, com a subserviência às igrejas das sociedades que as teocracias implicam, a crise nunca teria acontecido simplesmente porque aí sim seria reduzida a murmúrios inconsequentes. Continuariam (impunes) os crimes e continuariam a ser chantageadas e coagidas a votos de silêncio as vítimas a que a crise deu voz."
Palmira Silva no Jugular
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