domingo, outubro 05, 2008

Tradismáticos


Uma das características das seitas religiosas, comum aos aparelhos políticos altamente ideologizados, é uma espécie de lavagem cerebral que faz com que , a médio prazo, os membros integrantes da seita passem a debitar o mesmo discurso, repetindo obsessivamente chavões idiomáticos (por vezes sem sentido, como mantras tribais), ou certas estereotipias verbais. Escutar um tradicionalista trémulo de paixão a vomitar imprecações contra o concilio, uma testemunha de Jeová recém-convertida, um carismático depois do exorcismo bíblico ou um quico a tentar catequizar-nos, é das coisas mais divertidas que podemos vivenciar. Já os da Opus são ligeiramente mais subtis e um pouco mais inteligentes exigindo da nossa parte mais firmeza, mas, subjacente, a mesma lengalenga pegajosa de ideias feitas que vão martelando na cabeça até subverter qualquer capacidade de raciocínio livre. Um pouco como o que faziam nos regimes ditatoriais marxistas, com as suas confissões públicas e privadas, controle de consciências, devassas da vida privada e da liberdade interior.
De notar que a alienação mental resultante destes processos se revela em primeira mão na linguagem e nos discursos. As estereotipias verbais ( repetição abusiva e quase mecânica de chavões fabricados com significados estranhos ao interlocutor) revelam uma rigidez mental e uma inadequação à realidade que se exprime na completa incapacidade de diálogo.
Curiosamente as estereotipias verbais são um dos sintomas de doenças mentais graves, como a esquizofrenia ou o autismo.

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