Ao contrário do que lamuriam algumas alminhas ingénuas, a principal dificuldade que as famílias enfrentam ( e nisto incluo todo o tipo de famílias ) e o consequente aumento do Divórcio não tem a ver com enquadramentos legais sobre o instituto jurídico do casamento mas com a organização social dominante resultante do processo de trabalho.
Dito de outra forma - a revolução tecnológica, o capitalismo selvagem e o neoliberalismo trouxeram uma completa reconfiguração das relações de trabalho e da clássica distinção entre vida pública versus vida privada: neste modelo económico, dominante nas sociedades industrializadas, o indivíduo deve apenas produzir – é esse o seu objectivo existencial.
A esfera da vida íntima e pessoal, onde se incluem as relações familiares, as experiências de afecto e solidariedade, o enamoramento, a parental dade ou a pura experimentação do hedonismo e da alegria de viver são colocadas para segundo e terceiro plano face às exigências profissionais. Trabalha-se a tempo inteiro, 24 horas por dia, numa exaustão de recursos pessoais e existenciais, até ao limite. São as leis do mercado. E o mercado é Deus, como todos sabemos. Infalível, como diria o JCN e com leis imutáveis. è tudo uma questão de Fé.
As estatísticas de divórcio ai estão a confirmá-lo.
E a solidão humana explica que o transcendente mercado forneça bens de consumo de carne - o tráfico humano é dos negócios mais lucrativos da economia global.
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