quarta-feira, outubro 15, 2008

memórias

Hoje ando a percorrer os cafézinhos da Alta, numa silenciosa peregrinação, num recolhimento absoluto, assombrado, meio á deriva , mas a seguir os passos da luz sobre o rio. De vez em quando um alegria inusitada vem do ar e do rio, da fome de estar viva, como de um animal de sangue quente que se prepara para hibernar, por momentos pouco me importa, porque embora não esteja, há momentos em que estou para além disso, para além disso tudo e compreendo, com uma lucidez acutilante como os afectos são armadilhas que nos enredam a vida, apenas isso, que explicam todo e não explicam quase nada, como num filme em câmara lenta.

Desembrulho o  olhar, sonolento como um caracol ao sol de fim de tarde de outono, uma tarde fina e fria, em talhadas, num barzinho no meio das ruelas da universidade, um barzinho envidraçado para o rio, cheio de miúdos jovens envoltos em neblinas azuladas de nicotina. De repente fiquei com saudades minhas, de estar aqui sentada, algures,  a discutircom os colegas  direito civil, ou penal, na ilusão de inventar um lugar diferente ou mudar o mundo.

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