quinta-feira, outubro 30, 2008

Combate ao cancro da mama



Sei os teus seios. Sei-os de cor.

Para a frente, para cima,

Despontam, alegres, os teus seios.
Vitoriosos já,
Mas não ainda triunfais.

Quem comparou os seios que são teus(Banal imagem) a colinas!
Com donaire avançam os teus seios,

Ó minha embarcação!

Porque não há
Padarias que em vez de pão nos dêem seios
Logo p’la manhã? Quantas vezes

Quantas vezes, interrogastes, ao espelho, os seios? Tão tolos os teus seios!

Toda a noite

Com inveja um do outro, toda a santa

Noite!

Quantos seios ficaram por amar?

Seios pasmados, seios lorpas, seios
Como barrigas de glutões!S

seios decrépitos e no entanto belos

Como o que já viveu e fez viver!

Seios inacessíveis e tão altos
Como um orgulho que há-de rebentar

Em desesperadas, quarentonas lágrimas…

Seios fortes como os da Liberdade-Delacroix-guiando o Povo.
Seios que vão à escola p’ra de lá saírem

Direitinhos p’ra casa…

Seios que deram o bom leite da vida

A vorazes filhos alheios!
(...)Arrulho de pequenos seios
No peitoril de uma janela
Aberta sobre a vida.

(...)Pouso a cabeça no teu seio

E nenhum desejo me estremece a carne.

Vejo os teus seios, absortos

Sobre um pequeno ser .

Alexandre O’Neill

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