sexta-feira, março 18, 2011

O Suicídio altruísta

Foi muito bem explicado por Durkheim. O sentido gregário e a forte integração no grupo explica porque certos indivíduos se sacrifiquem pela comunidade. O espírito dos Kamikaze continua vivo no Japão, o que explica a imolação voluntária dos técnicos que ainda tentam arrefecer o núcleo das centrais nucleares. Um esforço inglório. Sabemos todos que eles vão morrer  e eles também sabem - em boa verdade já estão mortos - a expressão dead man walking é compatível com os elevados níveis de radioactividade a que estiveram ( e estão ) sujeitos. A nossa admiração por eles é de um pasmo sem nome. São heróis anónimos e quase todos com mais de 60 anos. Condenados à partida, vão simplesmente continuar a trabalhar até que a radioactividade os mate.
Mas atenção , antes que comecem por aí em loas às sociedades superiores em que o indivíduo nada conta  em relação ao todo grupal, com um forte sentido de vinculação comunitária, por oposição aos nossos valores ocidentais centrados mais na Pessoa e no valor do indivíduo, não esqueçam que o Japão é o país do mundo com a  mais elevada taxa de suicídio por habitantes.
A motivação mais funda dos suicidas que tentam salvar as centrais nucleares afogadas em radioactividade é a mesma dos suicidas bombistas  islãmicos, é também  a de todos os mártires religiosos ( católicos incluídos) e dos kamikazes da segunda guerra mundial.
Se a pessoa não tem valor algum quando estão em causa os interesses grupais ( ou divinos) ,  o suicidio é algo de quase banal.

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