Por certo o inefável padre serras pereira abençoaria, de lágrimas nos olhos, uma mulher que aos 34 anos já tem catorze filhos.
Convém dizer que oito deles resultaram de uma gravidez gemelar extraordinária, de alto risco e que a mãe se recusou a fazer aborto selectivo de alguns embriões para que os outros pudessem sobreviver. Uma mulher assim, que não usa contraceptivos, que começou a parir muito cedo, que recusa fazer aborto em qualquer circunstãncia, só pode ser um modelo de virtudes católicas, quiçá uma santa, igualzinha à outra que preferiu suicidar-se a fazer um aborto terapêutico.
Claro que o único óbice para esta benção do serras pereira é que esta mulher e os seus catorze filhos, a bem dizer, não são uma família. Família? Nunca, pois ela é solteira, ou seja, os filhinhos não resultaram da única forma admissível de família do coito sagrado após o matrimónio entre um homem e uma mulher.
Além disso, a heróica mãe, capaz de ombrear no altar com qualquer mártir da maternidade ou com qualquer modelo de parideira da raça ariana , recorreu a um processo procriação assistida para engravidar. Ou seja, recorreu a "reprodução abortiva extracorpórea", segundo o alucinado frade franciscano.
O que a transforma automaticamente numa homicida. Porquê? Porque teve oito filhos com este processo.
Eu adoro os discursos do nuno serras pereira e da dona Tété. A sério que adoro.
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