quarta-feira, setembro 08, 2010

Revisionismo histórico

Depois do negacionismo do holocausto, segue-se o branqueamento histórico das Cruzadas, divulgada por cá pela pena do inenarrável JCN, logo multiplicada online pelos flibusteiros do costume.
De facto a teoria de que nas Cruzadas não houve uma intervenção militar expansionista contra o Islão, nem que a religião católica foi mais um pretexto para motivações económicas e de poder político-militar, são risíveis. Que nos EUA estas teses revisionistas ganhem corpo já não surpreende, mas em Portugal, cujas fronteiras político geográficas foram construídas na luta expansionista contra o islão, com o apoio das "Cruzadas" não deixa de ter piada. Aliás os senhores da guerra, quando partiam para estas infiltrações militares tinham desígnios bem precisos - e nenhum deles era lá muito católico.... Basta pensar num Duque de Borgonha, que por aqui andou...
Da mesma forma,  é insutentável a tese de que as actividades de guerra dos cruzados não foram sangrentas e terríveis e, em alguns casos próximas de genocídio ou coisas que hoje classificarímaos como crimes de guerra.
Por isso mesmo, a Igreja Católica na pessoa do Papa João Paulo II pediu publicamente perdão pelos crimes cometidos durante as Cruzadas, nomeadamente um pedido de perdão pelo emprego de “métodos não evangélicos” no serviço da Fé um pedido de perdão pelo desrespeito dos direitos dos povos e das respectivas culturas e religiões e  um pedido de perdão pelas violações dos direitos humanos cometidos. 
Claro que o JCN se limita a reproduzir textualmente extractos de um livro -  God's battalions; the case for the crusades, da autoria de Rodney Dark, cuja cara pode ser vista aqui.
Os seus argumentos históricos sobre as Cruzadas estão ao mesmo nível dos seus argumentos "científicos" sobre o Criacionismo, de que é aliás, simpatizante. Ligado ao fundamentalismo cristão nortemericano, de raízes luteranas, este sociólogo da religião distingue-se também por argumentar que o cristianismo é a melhor religião de todas  porque permitiu o florescimento do capitalismo.
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Tese que faria corar Bento XVI sobretudo à luz da sua última encíclica.

5 comentários:

Anónimo disse...

E se calhar ainda bem que a Igreja Católica permitiu o nascimento de Portugal, não? Sim, porque senão a esta hora isso era quanto muito "Portugalistão" e vocês mulheres não fariam metade do que podem fazer.
Branqueamentos históricos à parte, porque não procurar saber o porquê de terem surgido as Cruzadas? Isso se calhar já não interessa para nada. Interessa, isso sim, é o que os outros dizem.

BLUESMILE disse...

Três notas simples.
a) Não foi a Igreja católica que permitiu o nascimento de Portugal.Convém não confundir o reconhecimento diplomático de uma realidade existente com a génese dessa realidade.

b)Os direitos das mulheres em Portugal não se devem à igreja Católica, longe disso.

c) O início do movimento das Cruzadas deveu-se a questões estritamente político-militares.

Anónimo disse...

Ah, claro. A Reconquita Cristã foi uma farsa. Portugal teria nascido na mesma sem a Igreja. Que pena isto não ser um país muçulmano.

BLUESMILE disse...

SE tem pena, pode sempre ir viver para um país muçulmano.

BLUESMILE disse...

Isso em nada altera a veracidade histórica do que escrevi.