terça-feira, setembro 28, 2010

A inevitabilidade

O homem entra na sala de café como num spot televisivo. È um belo homem - desses de rosto suave e olhos azulados , as madeixas castanho alouradas a sombrearem  a camisa de marca. Quando ele entra a sala enche-se de luz - não pelo brilho ou magnetismo da sua personalidade mas pela tonalidade óbvia da beleza animal, sem mais. A mulher velha, olha-o docemente,  sentada no sofá de pele, e  estremece. O cumprimento è formal, em francês arrastado, mas inclina a cabeça e repuxa o cabelos numa garridice adolescente a ensaiar  sedução. Aliás, duas ou três mulheres seguem-lhe os sinais. Ele acena, e tira moedas dos bolsos para a màquina de café. Todas as serôdias admiradoras são estrangeiras . Nunca lhe provaram a vacuidade do discurso debaixo da roupa cara. Nem isso lhes interessa.

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