Ao som de Shubert, os deserdados da vida saem das tocas e descem à praça.
Exibem sem grande rigor as barrigas inchadas de hepatites crónicas, as faces escalavradas de consumos vários, as roupas mais ou menos nojentas, os calafrios da ressaca, as lembranças túrgidas das valetas, mãos nos bolsos, barbas por fazer.
O doido da esquina ri de felicidade pura a imitar os gestos do maestro, os proxenetas abrandam por momentos a voracidade de controlo do harém e cofiam os queixos meditabundos, um ligeiro bamboleio das ancas sincopado com o velejar da orquestra, e há um súbito sopro de mística esperança que enche a outonal carne da noite.
E de repente sinto-me feliz.
E de repente sinto-me feliz.
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