sexta-feira, março 15, 2013

Francisco, o papado e as touradas

"S. Francisco está diante de nós também como exemplo de inalterável mansidão e de sincero amor para com os animais irracionais que fazem parte da criação. Nele repercute aquela harmonia que é explicada com sugestivas palavras das primeiras páginas da Bíblia: "Deus colocou o homem no jardim do Éden, para o cultivar e o guardar" (Gén 2, 15) e "conduziu" os animais "para o homem, para ver como ele os haviu de chamar" (Gén 2, 19). Em S. Francisco entrevê-se quase uma antecipação daquela paz, indicada pela Sagrada Escritura, quando "o lobo será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito; o touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá" (Is 11, 6). Ele contemplava a criação com os olhos de quem sabe reconhecer nela a maravilhosa obra da mão de Deus. A sua voz, o seu olhar, os seus dedicados cuidados, não só para com os homens mas também para com os animais e a natureza em geral, são um eco fiel do amor com que Deus pronunciou no início o "fiat" que os fez existir. Como não sentir vibrar no "Canto das Criaturas" algo da alegria transcendente de Deus criador, do qual está escrito que "contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom" (Gén 1, 31)? Não está talvez aqui a explicação do afectuoso apelativo de "irmão" e "irmã", com que o "Poverello" se dirige a todo o ser criado?A uma semelhante atitude somos chamados também nós. Criados à imagem de Deus, devemos torná-1'O presente no meio das criaturas "como senhores e guardas inteligentes e nobres" da natureza e "não como desfrutadores e destruidores sem respeito algum" (cf. Carta Encíclica Redemptor hominis, 15).A educação ao respeito pelos animais e, em geral, pela harmonia da criação tem, além disso, benéfico efeito sobre o ser humano como tal, contribuindo para desenvolver nele sentimentos de equilíbrio, de moderação, de nobreza e habituando-o a elevar-se "da grandiosidade e beleza das criaturas" à transcendente beleza e grandeza do seu Autor (cf. Sab 13, 5)." 

( Papa João Paulo II).

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