"S.
Francisco está diante de nós também como exemplo de inalterável
mansidão e de sincero amor para com os animais irracionais que fazem
parte da criação. Nele repercute aquela harmonia que é explicada com
sugestivas palavras das primeiras páginas da Bíblia: "Deus colocou o
homem no jardim do Éden, para o cultivar e o guardar" (Gén 2, 15) e
"conduziu" os animais "para o homem, para ver como ele os haviu de
chamar" (Gén 2, 19). Em S. Francisco entrevê-se quase uma
antecipação daquela paz, indicada pela Sagrada Escritura, quando "o lobo
será hóspede do cordeiro, a pantera se deitará ao pé do cabrito; o
touro e o leão comerão juntos, e um menino pequeno os conduzirá" (Is 11,
6). Ele contemplava a criação com os olhos de quem sabe
reconhecer nela a maravilhosa obra da mão de Deus. A sua voz, o seu
olhar, os seus dedicados cuidados, não só para com os homens mas também
para com os animais e a natureza em geral, são um eco fiel do amor com
que Deus pronunciou no início o "fiat" que os fez existir. Como não
sentir vibrar no "Canto das Criaturas" algo da alegria transcendente de
Deus criador, do qual está escrito que "contemplou toda a sua obra, e
viu que tudo era muito bom" (Gén 1, 31)? Não está talvez aqui a
explicação do afectuoso apelativo de "irmão" e "irmã", com que o
"Poverello" se dirige a todo o ser criado?A uma semelhante
atitude somos chamados também nós. Criados à imagem de Deus, devemos
torná-1'O presente no meio das criaturas "como senhores e guardas
inteligentes e nobres" da natureza e "não como desfrutadores e
destruidores sem respeito algum" (cf. Carta Encíclica Redemptor hominis,
15).
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