Reconheço a minha pobreza interior - nem sempre sei ser pobre.
A maior parte das vezes sou rica, no mau sentido do termo: chateia-me não poder consumir/possuir certas coisas, irritam-me as minhas limitações existenciais, angustia-me ter recursos limitados, aborreço-me com a impossibilidade de fruir certos bens . Como todos os ricos, tenho alguns sonhos de omnipotência e poder ( mesmo que seja um poder pequenino e circunscrito a minha geografia existencial). Mas afinal de contas todos os poderes são assim - limitados às circunstâncias de cada pessoa.
Como rica, acho-me por vezes superior intelectual e moralmente aos outros. E penso algumas vezes que sou uma tola por ser tão pobre: o que poderia ter conquistado se seguisse sem perturbações de consciência o percurso dos ricos - o carreirismo fácil e florescente , o relvismo académico, a hipocrisia utilitarista.
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