A velha morreu na quinta-feira. Estava queixosa e frágil como um bebé recém-nascido, mas aguentou-se a tempo de festejar os cem anos com uma festarola à moda antiga. Ou isso ou o nascimento do trisneto, não sabemos bem. Ficou à espera de cumprir estas duas últimas tarefas existenciais antes de soçobrar lentamente, semana após semana. Durante o funeral, o neto falou da morte das velhas árvores, da inevitabilidade do outono e da morte como uma sucessão de folhas que se desprendem de um plátano até à síncope da última. A lentidão da morte, uma doçura outonal, mais nada.
Sorriamos uns para os outros no cemitério da aldeia, sobre um outeiro em meia lua com vista para o vale vazio de sons mas carregado de tons vermelhos e doirados.
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