quinta-feira, outubro 28, 2010

"Foi a 24 de Outubro de 1910. Fez 100 anos.
Regina Quintanilha (1893−1967), então com 17 anos, atravessou a Porta Férrea, que dá acesso ao Pátio das Escolas, onde se situa a Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Era o seu primeiro dia de aulas. Era também a primeira vez que uma mulher frequentava o curso de Direito, em Portugal. A sua matrícula, um mês antes, motivara uma reunião do Conselho Universitário, na qual fora discutida e aprovada a sua admissão. Foi acolhida em ambiente festivo pelos colegas, que atapetaram a entrada com as suas capas e formaram alas para lhe dar passagem.
Valendo-se do recentemente instituído regime de cursos livres*, Regina concluiu o seu em três anos, tendo sido, de imediato, convidada para reitora do recém-criado Liceu Feminino de Coimbra. Recusou, pois tinha outros planos — queria ser advogada. Apesar de a lei então vigente lhe vedar, por ser mulher, o exercício de tal profissão**. O obstáculo, à primeira vista intransponível, foi removido pelo Supremo Tribunal de Justiça que, em sessão plenária, decidiu conceder-lhe uma autorização especial para advogar. E foi no uso desta que, a 14 de Novembro de 1913, Regina Quintanilha, com apenas 20 anos, se estreou no tribunal da Boa Hora, em Lisboa, como defensora oficiosa de duas mulheres acusadas de agressão, tornando-se na primeira mulher a exercer a advocacia em Portugal."

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