quinta-feira, outubro 28, 2010

Crespismos

Mário Crespo - escolho-o porque ilustra perfeitamente o fenómeno - tem dois ódios de estimação, a saber, o PR e o 1º ministro. Também não sou dado a gostar especialmente de Sócrates a não ser dos fatos. Mas, sobretudo em televisão, o que releva (ou devia relevar) é ajudar os que a estão a ver a pensar e não transformá-los em putativos estagiários de um remake misto de O Crime com a revistinha Maria. Ora o Crespo (e por Crespo quero referir-me a um plural majestático), com as suas obsessões "temáticas", arrasta notícias e convidados para o propósito do dia que tem na cabeça. É lamentável que muitos dos convidados se deixem arrastar para as "conclusões" que o "crespismo" já traz preparadas de casa e que dão para horas e dias de "formação". Defensor indisputável da liberdade de expressão, julgo que o "crespismo" - nas suas variantes mais ou menos populares que incluem comentários anónimos na web - deve florescer até como exemplo do que o ressabiamento pode fazer a pessoas inteligentes. Nunca leram Richard Rorty, pois não? Ou mesmo Proust ou Oscar Wilde? Então leiam porque dito assim parece tirada "ao lado". Não é. Quem não aprende a redescrever-se ironisticamente ou a intuir em cada momento da nossa vida a pura contingência dela, não anda cá a fazer nada."
 

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