Num ambiente mediático dominado pela mediocridade do pessimismo - como se a derrota comunitária fosse uma espécie de inevitabilidade, a história dos mineiros chilenos é uma espécie de parábola de esperança.
Está lá tudo - os limites da sobrevivência, a resiliência face ao drama, os esforços da comunidade para salvar os seus ( em que os seus são todos os que nos pertencem por comungarem da mesma humanidade). Está lá tudo - um país pobre que se une, as ajudas internacionais que chegaram , as solidariedades insuspeitas, o resgate lento dos enterrados vivos, a abnegação das equipas de socorro, a feira alegre e angustiada das famílias que não desistiram ( com as amantes e as mulheres a acamparam ao lado da mina em zaragatas amorosas), a criança que nasceu e se chama esperança, as lágrimas e o riso, a persistência e a tecnologia, essa estranha força de alcateia que nos faz ir buscar os nossos nem que seja aos confins dos infernos, ao reino da escuridão de Hades.
È isto que todos somos, esta grandeza de ser bicho.
O chefe de turno, Luis Urzúa, de 54 anos, será o último a sair da mina. Não deixará nenhum dos seus homens para trás. Li esta notícia e corei de vergonha.
Isto, poucos somos. Esta grandeza de ser homem.
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