domingo, junho 08, 2008

Visita domiciliária

Tropecei no linóleo da entrada, um linóleo em tons grená, sobre a cadeira abandonada num canto amontoam-se dois casacos e um gorro lilás de criança, à esquerda desemboquei na cozinha onde o cheiro a fritos do jantar da vérpera me atingiu antes mesmo de abrir a porta.

Numa mesa branca desenha-se a luz escorrida das janelas, maçãs verdes esperam num prato a gula d ealguém, quatro pratos empilhados na pressa de saír de casa, alguém que come e sai, como se casa onde vive fosse uma espécie de pensão de duas estrelas, no quarto amontoam-se livros, desenhos a aguarela, um perfume sem marca, alguém se esqueceu de apagar a luz do candeeiro, metalizado, promoção do LIDL, há uma urgência na forma como os cobertores foram puxados, como se , apesar de tudo, quem habita o quarto quisesse deixar uma pouco de ordem no labirinto, sobre a cómoda uma fotografia de família, uma criança de gorro lilás sorri para a objectiva, um riso inteiro de covinhas felizes.

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