domingo, junho 08, 2008

halisha


Halisha ainda sentia o frémito dos tambores nas pernas, o formigueiro dos bailarinos a contorcionar-lhe os músculos do ventre. Os saltos altos escorregavam na calçada lodosa, no entanto, para halisha, a ruela junto ao cais era ainda a pista de dança onde passara as últimas duas horas, num cocktail de luzes e drogas psicadélicas. Estava tão inebriada da musicalidade dos próprios passos que rodopiou duas vezes antes de partir o salto, mesmo ao pé de uma caixa de electricidade. Em desiquilíbrio, Halisha apoiou o braço esquerdo no quadrado metálico como se fosse o ombro de um par desajeitado e aí poisou o livro que trazia na mão como um adereço de dança inútil.

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